Capítulo 2: Batalha de Egos

5.9K 518 17
                                    

  Olá caros leitores, bom vê-los aqui. Meu nome é Alexander (Alecsandór) de Ferreira Gonsalves Junior, mas como gosto de contraria meu pai, me autodenomino Alex. Faz cinco anos que minha morreu de câncer, e desde então tenho vivido com meu pai, um dos homens mais influentes de nosso estado, o Senhor Gonsalves como todos o chamam é um homem de respeito, e admirado por muitos no mundo dos negócios, contudo não tem tempo para cuidar da criação de um pré-adolescente, e hoje eu tenho que me virá, afinal ele não cria um filho, cria seu futuro herdeiro. Ele sempre me diz que todo homem tem que vencer por conta própria, e que eu não posso ser o garotinho do papai, isso me irrita, pois na verdade eu estou pouco ligando para ele, só quero mesmo é minha parte de sua riqueza e cair fora de seu mundo e viver aminha vida. Hoje tenho 18 anos e já comprei o meu próprio carro, não com o dinheiro dele, com o meu é claro, eu trabalho desde os 16, nesse caso ele ajudou, me deu um de suas dezenas de escritórios de imobiliária, tenho meus lucros e outro para a empresa dele, e eu tenho meus subordinados, sim, ganho bem, mas ainda não tenho seguro, pois tudo pertence a ele em contratos passados em cartórios, sou apenas um simples empregado, assim minha única forma de atormentá-lo é fazendo o que qualquer filhinho de papai faria, farras e festas.
No final do ano tive que passar por uma grande humilhação, praticamente fui obrigado a prestar o tal do ENEM e entrar numa faculdade publica, e para piorar minha situação, ontem ele me avisou que tinha contratado um aluno de segunda chamada para ser meu reforço, como me sinto? Me sinto desafiado, hoje bem cedo fui a faculdade queria esperar o tal de Lucas Daniel, queria vê-lo de perto, pois eu não queria crer que poderia ser o novato que tinha chegado nesta mesma semana.
Meus amigos leitores, veja minha situação, minha raiva era tanta que eu queria quebrar aquele moleque todo. Então o vi entrando pelos portões, o chamei e notei que ele ficara surpresa, deveria ter achado muito bom em ser eu o seu aluno de reforço, ele vestia uma roupa nova, assim como todo aluno de medicina, se apresentam de roupa branca, ele parecia perdido em misturas de malhas diversas, que babaca nem se vestir direito sabe, com certeza ele imaginou que iria se aproveitar e lavar a égua comigo e o dinheiro do Velho.
Chegando perto e falando com ele para confirmar aquela história ele simplesmente me provoca da pior maneira, ele me chamou de Junior, só uma pessoa poderia me chamar de Junior e esta pessoa era a única que me amava, que falava docemente ao meu ouvido quando me colocava para dormir, e então vem um desaforado macular minhas lembranças, mas naquele momento eu me controlei ao máximo, depois que terminamos de conversar, sai querendo chorar de raiva, e fui ao banheiro, lá lavei o meu rosto e voltei para a sala, queria chegar antes dele e ficar no meu lugar assim não veria seu rosto.
Na hora do intervalo alguns Brothers e a Eliza, minha namorada fomos para uma lanchonete próxima ao refeitório, não dava para se misturar com os outros eles só querem se achegar e se fazer de amigos, sei muito bem como funcionam suas artimanhas para conseguirem tudo da gente. E quando eu ia passando o avistei e notei que ele tinha me visto, claro, desviei meu olhar para que ele não tivesse o gostinho de me ver dando atenção para ele.
Hoje teremos nosso primeiro encontro, e vou mostrar para ele como sei brincar desse jogo, não vou ceder para ele e nem tão pouco para meu pai, este tal de Lucas não passará nem 10 minutos estudando comigo, vai pedir demissão antes mesmo de dizer abra o livro.
Depois que deixei a Eliza em casa, passei no meu escritório verifiquei com minha secretaria se tinha alguns papeis para assinar e fui para casa, precisava de um tempo para almoçar e me preparar psicologicamente, afinal minhas tardes são sempre minhas com minha namorada, nosso espaço para diversão, sair com os Brothers, mas aquela tarde de quarta feira iria marcar o resto da minha vida, mas bem não vamos adiantar, vamos para o presente momento, em que entro na biblioteca e me deparo com ela, a criatura que consegue me deixar fora de tempo sem que eu grite com ela, minha prima Juliana, ou apenas Ju.
─ Que foi Alex, levou um fora de Eliza? – Ela me perguntou num tom irônico, mas notava curiosidade.
─ Hoje não Ju, e por favor me deixe só, estarei ocupado pelos próximos minutos.
─ Já estou saindo, mas depois quero saber direitinho que bicho te mordeu.
Sim, Juliana, minha prima mais velha, crescemos praticamente juntos, seu pai é irmão, mora na casa ao lado, e se não me engano, Ju vive mais na minha casa do que na dela, uma vez ela me falou que só era feliz quando estava perto de mim, nesse dia fiquei curioso e quis saber por que, ela só disse que irritar a mim divertia-a.
Não demorou meia hora ele chegou, fui informado que ele estava entrando, corri e me sentei na mesa de estudos e o esperei adentrar pela porta. Ele entrou sério e eu serio estava serio fiquei, não disse uma palavra, no entanto ele:
─ Boa tarde Senhor Gonsalves.
"Boa tarde senhor Gonsalves." Gente, eu ainda olhei em volta a procura da sombra do meu Velho, meu sangue já ferveu.
─ Pode parar ai, essa reunião de estudo não vai acontecer.
─ E posso saber por que. – Como assim ele quer saber por que, olhei nos olhos dele e cheguei mais perto, ele parecia de mármore, não pela brancura mas pela frieza e rigidez, afinal ele tinha uma pele morena clara, do tipo que não sai ao sol mas que parece bronzeada de leve, o que era um ponto positivo, era algo que eu desejava, espere, ele não, a cor da pele dele, afinal meu pai não gostava que eu ficasse na piscina ou praia para não escurecer a pele, dizia que era coisa de vagabundo. Desculpe amigos fugi do assunto.
─ Tudo bem, eu digo o por quê. Porque você não sabe mais do que eu; porque você quer só se aproveitar do meu pai e de mim; porque você já chega me irritando com essa história de Senhor isso, senhor aquilo, e claro, porque você é pobre.
Ele não disse nada, imaginem só, ficou lá parado em pé olhando para mim, então ele fala, assim como se minhas ultimas palavras fossem um convite para ele se sentar.
─ Neste caso, VOCÊ, fica nessa mesa ai, e eu fico nesta daqui, passamos nossas duas horas estudando, depois eu vou embora. Caso o VOCÊ pense de outra forma, não tenho problema em reportar ao seu PAI que o VOCÊ me despencou. O que acha?
Nessa hora eu não consegui me segurar, pulei em cima dele, peguei naquilo que ele chama de camiseta polo, pois de Polo só o modelo mesmo, e o olhei nos olhos, estava bufando, iria quebrar seu nariz certinho e empinado, e mostrar para ele que não sou de ser chantageado por um aproveitador.
─ Se vai bater, aviso que bata direito, pois o troco que darei será feito por um punho que já brigou muito nos bairros da minha cidade, onde aprendi da pior maneira possível o que é apanhar na cara. Bata, mas sabendo que vai ficar só em nós, isso não é assunto para seu pai, mas o meu o horário irei cumprir, você queira ou não.
Seus olhos tão próximos dos meus, sua respiração se confundia com a minha, seu cheiro de perfume barato ainda estava fresco, pude notar uma fúria vinda daqueles castanhos claros que pareciam ardem em brasa, então foi ai que notei sua força, seu corpo estava queimando em febre. O larguei, mas antes pude notar de perto que ele tinha uma beleza angelical, quase feminina em seus traços, que me deixou rubro, pois tão delicado mas com uma força de um demônio.
─ Então eu proponho que que façamos como você relatou, cada um fica no seu canto. Agora não me dirija uma palavra,
─ Só quero fazer meu trabalho, não tenho tempo para ficar de brincadeiras, se estou aqui é porque preciso, mas também não pense que vou me deixar levar só porque você é um filhinho de papai.
─ Olha Lucas, melhor a gente ficar calado pois você não sabe o que fala, e para sua informação não quero nem saber quem é você ou o que pensa sobre mim, fique ai na sua e a gente não precisa ficar se encarando. Como disse mais cedo na faculdade, lá fora finja que não me conhece e a gente fica numa boa, não se preocupe que não vou lhe atormentar nem os seus amiguinhos...
─ Ótimo, era isso que eu já ia falar mesmo, na faculdade ou em qualquer lugar fora daqui não fale comigo, nem perturbe os meus amigos menos abastados.
Assim criamos um pacto, e assim foi nosso primeiro encontro.
Quando ele saiu, Ju entrou na sala.
─ Que silencio foi esse depois daquela longa discussão?
─ Não entendi prima, quer saber do silencio mesmo?
─ Você me conhece priminho, me conta tudo, estou doida pelos detalhes.
Então comecei a contar tudo a ela... sim, somos confidentes, claro, não dos segredos.
Ainda sai a noite com Eliza, tentei relaxar, mas minha tarde não saia da cabeça. Lucas se mostrara um pouco diferente do que imaginava, ele não era como os outros que tentavam me confrontar, se mostrava confiante o que me deixou balançado a crer que ele poderia ser uma pessoa legal, claro que se ele não fosse pobre e estivesse apenas interessado no meu dinheiro.
A noite acordei, lembro que sonhava, se não fosse um pesadelo, Lucas estava dando uns socos na minha cara mas ele apenas chorava. Não consegui mais dormir. Aquele rosto angelical com braços de um lutador chorando enquanto me batia, o que isso significaria? Não sei, mas minha raiva tinha diminuído um pouco, ou meu desprezo. Depois daquela madrugada onírica, resolvi testar mais ainda e vê até onde ele iria me suportar e se render e mostrar seu verdadeiro íntimo, sendo um oportunista como todos os outros que tinha se aproximado de mim.

Continua...  

O Príncipe e o PlebeuOnde histórias criam vida. Descubra agora