Sempre pensei que as coisa poderiam ser simplificadas se as pessoas parecem e se escutassem quando falam algo para os outros. Contudo, a cada ano que crescia eu percebia que isso jamais funcionaria, pois as pessoas falavam coisas que mais machucavam outras por pura maldade, divertimento insano, e mascaravam suas reais intenções com a desculpa de que falaram com raiva, que era coisa de momento ou colocavam a culpa na bebida.
Meus pais se separaram cedo, antes mesmo de eu nascer, nunca entendi o porque de minha mãe não ter contado logo a verdade para ele, contado sobre nossa religião, ou seita, como meus colegas de classe assim denominam ao me fazerem de chacota. Claro que ele não demorou a descobrir, e se sentiu tão ultrajado que nem a filha quis conhecer, apenas me manda uma pequena quantia em dinheiro por obrigação judicial, e a única lembrança que carrego dele comigo é o seu sobrenome.
-Aura. -chamou a professora e eu despertei de meu monologo interior.
-Presente. -disse afobada e os risinhos ao meu redor começaram.
-Ela estava no mundo da lua como sempre. -disse Raíssa ao meu lado. -Ou será que estava conversando com algum espirito morto, meu primo quem sabe? -ela disse debochada e as risadas correram soltas na sala, até a professora de química ria, mas logo pediu que parecem com esse tipo de gracinhas que era errado, porém ainda mantinha as maças do rosto avermelhadas pela risada.
A aula foi interessante, diferente de meus colegas eu realmente gostava de estudar, era algo que sempre fiz, e provavelmente estava intrínseco no sangue de minha família.
Trimmmmmmmm
O sinal tocou avisando-nos que era hora do lanche, e eu me vi suspirando afetada por isso, se a escola era algo difícil para mim, isso se dava por causa daqueles longos 15 minutos. Eu não saia da sala para lanchar desde os meus 7 anos quando frequentava o fundamental e acabei esbarrando com uma colega e a dizendo que ela logo receberia noticias ruins, mas que ficaria tudo bem. Ledo engano o meu, quando ela descobriu que a mãe tinha morrido acusou-me de bruxaria e depois de muita confusão, minha mãe teve de me mudar de escola.
Minha avó foi quem acalentou minhas lágrimas e me abraçou forte, explicando-me o porque de eu ter que passar por aquilo.
-Aura minha linda não chore, você não fez nada errado para chorar assim. -ela dizia enquanto alisava minha cabeça com carinho.
-Mas eles... eles me chamaram de bruxa vovó... de aberração... eu não fiz por mal vovó... só senti algo e quando vi já tinha falado... -eu agarrei sua blusa, precisava que ela acreditasse em mim.
Minha mãe tinha me batido, me dito que eu deveria ficar calada sobre essas coisas, que por minha causa ela tinha saído do emprego mais cedo e que não poderia trabalhar até que encontrasse uma nova escola para mim, eu via em seu olhar o quanto ela me odiava.
-Eu sei filha, sei que essas coisas são incontroláveis na sua idade, mas logo você vai crescer e aprender a lidar com isso. -ela me sorriu afável. -E não escute sua mãe, esse é um dom lindo, ao qual você não deve de forma alguma esconder, se sentir que deve dizer algo, apenas diga, os deuses falam através de você Aura.
Na época eu não entendia o que ela queria dizer com aquilo, eu só queria um colo, mas com os anos eu fui aprendendo o que realmente significava aquele dom, e o quanto minha mãe me odiava por tê-lo. Éramos wiccanas, e como tal, tínhamos um coven de família onde minha avó era a atual sacerdotisa, e na linha de sucessão eu era a próxima por ter nascido com dons. Claro minha mãe também tinha seus dons (todos em minha família os possuíam de alguma forma), ela podia sentir e as vezes ver através do véu, principalmente nos sabás, mas eu via, ouvia e sentia, não só o que estava através do véu, mas podia sentir nitidamente quando algo de ruim acontecia a alguém próximo.
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Nunca brinque com magia!
FanfictionEla fez uma escolha, deixando para trás nada mais que seu passado, seu mundo... Mas será que encontrará na Terra Média o que nunca encontrou em seu mundo, e quanto tempo durará essa fantasia, esse sonho!!!