Capítulo 4

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O silêncio tomou conta do ar à exceção do barulho das armas sendo engatilhadas. O jovem se mantinha sorrindo segurando as algemas mesmo sob a mira de mais de 20 armas de fogo.

- Não atirem. - Comandou o Líder Rebelde. - Parabéns Houdini. Um truque interessante mas nem um pouco impressionante, já vi diversas pessoas fazerem isso. Admito que fiquei curioso em saber como pretende me matar.

- Bem, na verdade sou um pouco novo nisso de assassino de aluguel. Só pensei em entrar aqui arrancar sua cabeça e colocar naquela mochila.

- Colocar minha cabeça na mochila?

- É lembro de já ter visto isso em um jogo de video-game. É tipo um troféu ou prova de que te matei.

O homem com um X no rosto não conseguiu segurar um sorriso.

- Você é engraçado. Seu plano então era entrar pela porta da frente e me matar sem que ninguém percebesse? Não teria sido mais fácil ter se disfarçado ou tentado de qualquer outra forma entrar sem ser notado?

- Verdade...não tinha pensado nisso. Foi meu segundo erro.

- Sim. O primeiro foi ter aceito esse contrato.

- Não. O primeiro foi não ter trazido uma mochila maior. Não esperava que você fosse tão cabeçudo.

- Chega dessa brincadeira. Vejam todos. Esse é o nível de desespero de nosso Tirano, contratando crianças como assassinas. Não só uma criança mas uma burra a esse ponto. As gargalhadas ecoaram. - Matem-no.

- Antes burro que covarde. - Os olhos do comandante se cerraram ao ouvir aquilo. - Você precisa de vinte pessoas armadas para matar uma criança? - Colocou as mãos trançadas atrás da cabeça e começou a assobiar. - Que grande líder.

- Não vou cair nas suas provocações moleque. Acho que você é só um maluco suicida ou talvez um plano para denegrir minha imagem, dizendo que mato crianças. De qualquer forma você é muito insolente para sair impune daqui. Chamem o Nanico. - Os presentes explodiram de regozijo com a ordem.

- Sabia que você ia chamar alguém do meu tamanho. - Disse o jovem ao deparar-se com a montanha de músculos de mais de 2 metros de pé em frente a ele.

- Pode fazer suas piadas à vontade, mas não vai sair daqui sem levar algumas palmadas moleque. Não o mate, se possível. - Começou a rir junto com os demais.

- Não posso prometer nada. - Respondeu o que não lhe havia sido perguntado o jovem.

- Acabo de perceber que não perguntei seu nome.

- Não se preocupe. Quando estiver sem cabeça não vai lembrar dele mesmo.

O gigante deu dois socos na palma da outra mão, estalou o pescoço e em um salto partiu para o combate.

O jovem esquivou com extrema facilidade dos primeiros socos apenas movimentando a cabeça, se mantendo com os pés plantados no chão. O gigante ao perceber aquilo abriu os braços e tentou agarrá-lo. Com um único salto usando a perna esquerda como apoio escapou por entre os braços do oponente e chutou com a sola do pé a face de Nanico que caiu de bunda no chão.

O gigante balançou a cabeça e começou a se levantar. A multidão estava em silencio ao ver o sangue escorrer em sua face, provindos do nariz agora quebrado.

Alguém lhe jogou uma faca que agarrou no ar e no mesmo impulso partiu em disparada para perfurar o oponente que ao invés de recuar avançou se desviando no último instante e chutando os pés do gigante que caiu de cara no chão.

- Olé. - Bradou o jovem. - Cuidado essa lama pode acabar infeccionando seu nariz. Como sou um cara bacana vou resolver isso para você.

O gigante voltou a se levantar mas dessa vez se aproximou de forma mais cuidadosa. Deu um golpe com a faca mirando o corpo do estrangeiro. Para sua surpresa ao invés de esquivar o jovem parou a lâmina à menos de um centímetro de seu peito segurando o pulso do agressor. Apertou então com o polegar no ponto correto fazendo a dor percorrer o braço do adversário e os dedos soltarem a faca, que pegou com a mão oposta ao girar o corpo. Emendou em extrema velocidade com um pequeno salto e um golpe seco com a arma no rosto no inimigo que se dobrou cobrindo com a mão que ainda conseguia usar o rosto que esguichava sangue.

- Ali! - Gritou um dos soldados apontando para o nariz decepado que jazia no chão.

- Pronto, agora é só manter limpo que não vai mais infeccionar. Quem é o próximo?

As armas foram novamente engatilhadas e apontadas para ele.

- Isso não é uma brincadeira moleque. Você é habilidoso mas já não vejo graça. Vamos ver se é mais rápido que uma bala. - Dizendo isso o Líder rebelde disparou com seu revólver. O jovem caiu de joelhos levando a mão à barriga.

- Espero que isso sirva de lição, bem para outras vidas ao menos. Um tiro na barriga é praticamente morte certa. Sinto muito. Você vai agonizar até o fim. Vou lhe dar uma oportunidade, se você implorar posso lhe dar um tiro de misericórdia.

O jovem começou a gemer e a babar. Começou a vomitar fazendo grande barulho. Para o espanto dos presentes viram algo surgir de sua boca. Uma bola de metal negro com uma caveira desenhada em cristal, preso a ela uma haste de metal. Mais de meio metro já haviam saído da boca do estrangeiro quando ele soltou a barriga e colocou as mãos na haste. Levantou primeiro um joelho enquanto puxava a haste para o lado direito. Sua boca agora estava escancarada cobrindo mais da metade da face e com um movimento maior retirou a lâmina do que todos os assustados presentes percebiam ser uma foice. Seu capuz cobriu sozinho sua cabeça. O fecho-ecler de seu casaco havia se aberto igualmente sozinho e balançava com a ventania que havia tomado o recinto. Sua boca ainda não havia voltado ao estado normal, indo de uma orelha à outra em um sorriso doentio. Seus olhos brilhavam em um vermelho vivo.

Um calafrio percorreu a espinha de todos os presentes ao perceberem estar ali um enviado ou a própria morte em pessoa.

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2017 ⏰

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