Matt acordou no sábado com o barulho de mensagem no celular, por um momento seu coração congelou e, confuso, chegou a pensar que estava em Chicago e que era Louise pedindo para que ele abrisse a porta da frente. Mas era Ali. Era Ali perguntando se ele estava bem.
O garoto sentou na cama e pegou o aparelho preto nas mãos, respirou fundo e encarou a pergunta de Ali. Encarou o "você tá bem?" na esperança de ter uma resposta, digitou "sim", mas apagou. Digitou "não". Respirou fundo e apagou de novo. Não sabia se estava pronto para compartilhar sua tristeza com qualquer pessoa que não fosse o próprio travesseiro, que constantemente experimentava doses cruéis e descontroladas de socos, ou então sua cadela Miley que insistia em lamber o rosto do garoto quando ele se jogava no chão, fitando o teto, gritando sozinho.
Aquilo doía, da forma mais dura e profunda que podia existir, e Matt não conseguia mais lidar com tudo aquilo. Se sentia preso no clipe da Tove Lo, onde ele tinha que continuar chapado para esquecer que Louise havia partido, esquecer que tinha um coração do caralho, ao qual ele queria arrancar com as próprias mãos para fora do peito, porque aquilo doía. Assim que recebeu a notícia sabia que seria um pesadelo, sabia que ficaria dias mal, mas ficar mais de um mês sofrendo, sufocando e com as mãos machucadas de tanto socar a porta do banheiro, não estava nos seus planos. Ele não sabia controlar o sentimento, e não sabia o que sentia, se era raiva, tristeza, frustração, mas nem de longe controlava aquilo da maneira como controlava o coração.
Era sério, cético e preferia ver o amor de longe, nunca tinha sentido muito por ninguém, mas da única vez que o amor atingiu seu coração de pedra, soube esconder e controlar, uma vez que a garota por quem era apaixonado não dava indícios de que sentia o mesmo. Talvez ele se arrependesse de nunca ter dito à ela o que sentia de verdade, por trás de toda a pose de melhor amigo preocupado, mas agora pouco importava porque ela não podia mais ouvi-lo.
Encarou a mensagem mais uma vez antes de apertar o botão e bloquear o celular sem responder Ali. Ele queria socar alguma coisa de repente, queria gritar, queria chorar até os seus pulmões pedirem piedade. Então se levantou, colocou a primeira roupa do armário e saiu sem rumo por Orlando. Talvez estivesse cedo demais, mas era a Flórida, devia ter alguém fumando um baseado por aí, era tudo o que ele precisava. Ou isso ou socar alguma coisa até sentir todos os seus dedos quebrarem.
--
Quando Ali saiu de casa, seu avô já tinha saído para uma consulta, e a garota tentava não demonstrar preocupação, mas as visitas constantes ao médico a assustavam, embora ela tentasse não pensar nisso, ela sabia que cedo ou tarde teria que encarar os fatos.
O dia tinha amanhecido um pouco mais frio do que o costume, então a garota colocou um casaco fino por cima da blusa do Darth Vader e caminhou até a escola sem os fones, apenas admirando a paisagem. Viu uma mulher fumando, ela usava um terninho rosa claro, e parecia estressada batendo o salto alto contra o asfalto enquanto olhava de um lado para o outro na rua. Lembrou de Matt, e pensou se fumava para liberar o stress, como aquela mulher aparentava fazer, lembrou que ele não respondeu sua mensagem no sábado. Peter tinha dito a ela que ele pareceu irritado depois que ela saiu do refeitório, e decidiu saber se o amigo estava bem, o soco parecia ter sido forte, não que ela discordasse de que tinha razão em socar sua cara, ela sabia que ele tinha sido um idiota, mas talvez não precisasse ter dado tão forte.
Entrou na escola e, depois de ter parado no seu armário, decidiu ver se Matt já tinha chego. E naquele dia em especial, Matt tinha chegado mais cedo, talvez porque não tinha dormido a noite inteira, e estava só esperando dar um horário cabível para se chegar na escola. O garoto estava com a cabeça apoiada no armário gelado de ferro, a mão a cima da cabeça, os olhos fechados por de baixo dos óculos escuros.
![](https://img.wattpad.com/cover/84080796-288-k410116.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Matt & Ali
RomanceSe o destino existe, talvez ele aconteça uma vez só para cada ser humano vivo na terra. Matt não gostava de pensar nos motivos pelos quais tinha ido parar em Orlando, e Ali não gostava de lembrar de como ficou tão próxima e íntima de um menino todo...