La Grotte ♦ (Camren)

The Worst Day Since Yesterday

Eu não voltei à gruta depois do ocorrido. Após noites pensando no que havia ocorrido eu decidi que o melhor que eu poderia fazer, era fingir que nada daquilo aconteceu, e que eu sequer havia conhecido a jovem.

Os outros dias que sucederam meu encontro com Lauren, passaram mais rápido do que pude notar e num piscar de olhos o dia do grande jantar chegou e eu não poderia estar mais desanimada com isso. A correria para a preparação começou logo cedo com a minha mãe praticamente me expulsando do quarto junto às criadas que ajudariam na minha própria preparação.

Por mim, estaria vestida da mesma forma que sempre me vesti quando os amigos fazendeiros de meu pai vinham nos visitar, mas mamãe julgava o evento de hoje um dos mais importantes. E de fato seria, se todos estivessem felizes com isso, o que não é o caso. De qualquer forma, estar esplêndida para o meu noivo parecia ser a prioridade para minha mãe hoje e como sempre, eu faria sua vontade.

- Vista-se com vestido lilás! – Mamãe ordenou firme e animada enquanto junto à Alma, nossa criada mais antiga, separava o vestido trazendo-o em minha direção.

- Ainda é cedo, mamãe. – Resmunguei, e olhando pela janela e sol que adentrava o quarto concluí. – E pelo dia lá fora ainda deve faltar no mínimo umas 6 horas para o jantar.

- Uma dama de verdade, fica pronta um dia antes, Camila. – Rebateu de forma consistente ainda retirando tudo que ela julgava ser necessário para a minha "ornamentação". – Não é mesmo, Alma?

- Claro, senhora! – A voz da criada saiu fraca enquanto me encarava, ela também sabia como me sentia em relação a tudo. Na verdade, eu nunca escondi de ninguém e todos pareciam compadecer da minha situação, exceto minha própria família.

O dia realmente passou mais rápido do que eu julgava ser possível, já estava anoitecendo e ainda me aprontava, só que agora sem a presença da minha mãe, que decidiu que já era hora de também se arrumar.

- Pronto, senhorita! – Alma disse depois de longas horas de silêncio. – E se me permite dizer, está maravilhosa.

Sorri com o elogio. Alma estava conosco desde antes dos negócios de meu pai darem certo, mas nunca se meteu nos assuntos de família, raramente a via pela casa além da cozinha. Mesmo assim sempre tinha um sorriso reconfortante quando me via e um pedaço do meu bolo favorito que segundo ela era para me fazer feliz.

Hoje, eu sabia que ela também se manteria calada, e não exporia seus pensamentos como Martina o fizera dias atrás. Mas em seus olhos eu sabia que ela compartilhava dos mesmos pensamentos da costureira e em seu sorriso terno junto ao seu olhar triste, eu tinha certeza que ela sabia que hoje nem o maior pedaço do meu bolo favorito seria capaz de trazer a costumeira felicidade.

Caminhei até o espelho e encantei-me com minha própria imagem. O vestido lilás possuía o caimento suave, as anáguas davam a ele uma estrutura simples e magnífica ao mesmo tempo. Era a combinação perfeita de simplicidade e sofisticação. Olhei por mais alguns instantes meu reflexo e em alguns momentos quase não me reconheci, nada daquilo era eu. Nada. Mas agora fazia parte da minha realidade acostumar com isso.

Ouvi batidas na porta e antes que pudesse falar para entrar minha mãe já estava ultrapassando-a. Ela estava incrível também. Seu cabelo estava preso em um coque com presilhas vermelhas combinando com seu vestido de mesmo tom. Com certeza, suas vestes também eram novas.

- Ele já chegou, filha! – A animação dela estava começando a me deixar profundamente irritada. – Vamos, vamos. E .......sorria.