Pedaços do meu passado: A Noite.

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Eu era o que quisesse ser.
Eu ficava com quem queria.
Eu apontava, e eu sorria. Eu nunca precisei pedir pra sentar no colo de nenhum filho da puta que tinha acabado de xingar a namorada de vadia. Eu era convidada.
Não pagavam os drinks pra mim, me presenteavam.
E não, eu não tenho vergonha de dizer que fiquei com 19. Porquê eu não fiquei com 19 caras, eu tive 19 caras.

Eu não era uma puta. Eu não me vendia. Eu escolhia. Eu tinha acabado de me machucar com um babaca, que porém, nunca me chamou de puta.
Eu tinha acabado de me foder com esse cara. E engraçado porque logo depois me convidavam pra foder, mas eu não ia não. Nunca fui. Porque havia outros objetivos que eu precisava cumprir. Eu não estava agindo feito puta. Eu estava decepcionada e disposta a passar por isso.

Eu acreditava intensamente que a vida é minha e foda-se, você nunca vai ser suficiente pra falar da vida de alguém, quando vc nunca teve uma.

Eu não era puta não. Eu quis ficar. Eu quis beijar. Eu quis ter esses caras, essas garotas. Clementine sabe que, na época, nada preenchia. Mas eu me preenchia na noite. E olha, eu só precisava sorrir. Eu não precisava de um short curto. Não precisava de um cílio postiço, eu precisava de um desconhecido cutucando o amigo e apontando pra mim, e dizendo pra ele o quanto eu tava linda de salto alto ou allstar.

Eu gostava de ter esses caras. Eu ficava com quem eu quisesse, ainda fico. Eu não ia com o homem que me quis por uma noite porquê estava bêbado. Eu ia com o homem que me convenceu de que se eu quisesse, eu podia passar aquela noite com ele, nos beijos. E eu queria aquela noite, eu era a dona a minha noite e da minha vida, quem iria me impedir? Eu gostava. Eu curtia. Não era qualquer uma. Eu era a dona de mim mesmo e se eu quisesse ter 312 caras numa noite, eu teria esses 312 caras. E não é se sentir, é acreditar em si. Porém, eu experimentava três ou duas pessoas num rolê.

Eu não fui puta. Eu vivi.
Vivi o que eu quis viver. Não tinha filhos, não precisava transar no banheiro escondido, até porque não queria transar. Eu sou dona de mim mesma, porra.

Eu tive experiências e todas, todas, todas, me permitiram histórias mais dolorosas do que a minha. Eu aprendi que não importa o quando doa, sempre tem histórias piores. Dores piores. Você não é o eixo imaginário do mundo.

Eu não me importo com a sua opinião, e não justifico nada, nada do que eu fiz, porquê eu fiz pra me preencher. E não, não preencheu mais do que por uma noite. Mas eu gostava. Era a minha boca. Era a minha satisfação. Não precisava de fotos nuas. Nem de uma mão boba. Na verdade, se eu quisesse mesmo aquele beijo, eu já caminhava em direção a minha meta da noite com a certeza de que aquele beijo ia sair. Era quem eu queria. Não me torno puta por viver. Curtir a noite, nem ficar com uma certa quantia de caras.

Eu sou dona de mim mesma. Quem vai ser o otário(a) que vai me pedir pra parar? Parar com o que? Eu havia tido uma decepção fodida. Eu estava fodida de coração. Eu precisava tentar preencher o vazio, o ódio. E eu avisava as pessoas com quem ficava que aquilo tudo, era ódio. E ela se permitiam à mim. E ao meu ódio. E então todos estavam cientes e satisfeitos no fim. É a porra da minha vida.

Agora, que filho da puta vai querer falar dela? Diz aí.

Foi uma experiência depois da minha dor. Histórias novas pra mim, de pessoas novas. Me complementou com novos sentidos. Na noite eu fazia parte da história que escutava. Do cigarro preto que mal tragava.

Eu fiz parte de pessoas, e por um tempo, de mim mesma também. E quem diria? Eu, aquela garota determinada que tinha direito de experimentar a vida, agora perdida.

"-Me, Myself & I." G-easy, Bebe Rexha.
🍃🎶

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⏰ Última atualização: Jan 19, 2017 ⏰

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