A Música Nunca Parou

A Mulher Do Padre

Aquilo era enorme! Eu nunca tinha visto uma casa tão grande! Espera... Casa não... Mansão!

Eu não esperava menos da filha de um grande dono de uma editora, mas eu acho que me pegou de surpresa. Ha ha!

Uma das coisas mais chamativas que tinha logo na entrada, era um cartaz amarelo com luzes, no qual estava escrito com letras  roxas "Bem vinda, Hanna!" e faixas de todas as cores em suas bordas, o que me fez trocar minha boca entreaberta por um sorrisinho bobo... Aurora tinha feito aquilo pra mim! Fofa!

Eu caminhei calmamente até a gigantesca porta de vidro que estava sob o cartaz. No início, não queria ir à festa, mas acho que só pelo carinho de Aurora ao produzi-la com todo o cuidado já me deixava extremamente feliz, fazendo meu subconsciente me forçar a estar ali naquele momento.

A poucos passos da porta, mesmo se encontrando fechada, o som auto do funk era incrivelmente ensurdecedor. Não acredito! Qualquer música menos funk!

Eu teria que relevar, teria que aguentar isso, pela Aurora!

Abri a porta e me deparei com luzes vindas de todos os lados, nas principais cores: azul, roxa, rosa e amarela. Se não fossem essas iluminações, acho que o lugar estaria totalmente preto. Contudo, isso não era o que mais me chamava a atenção... Quase todos do salão já estavam bêbados, com copos de bebidas alcoólicas na mão e rindo uns da cara dos outros. Uma pequena porcentagem, quase mínima estava tranquila e normal, próximo a como eu ficaria.

Como era possível? Como todas aquelas pessoas gostavam de ficar alcoolizadas, passar vergonha na frente dos amigos, escutar músicas ridículas, dançar de forma vulgar e no outro dia ainda não se lembrar de nada? Eu não acredito... O que eu estava fazendo ali?

De repente, fui jogada no chão por uma massa não muito pesada.

- HANNAAAAA!!!!!!! - Aurora gritou, e conseguiu ser mais alto que a música.

- Ai, Aurora! - Falei com o mesmo sorriso bobo que dei ao ver o cartaz

- VOCÊ ESTÁ LINDA! - Ela estava eufórica.

Eu dei uma risadinha e comentei:

- Calma, fofa!

Ela pingarreou e se reconstitui

- desculpe, é que eu te conheço a pouco tempo, mas já gosto muito de você! Sinto como se já te conhecesse há anos! Estou muito feliz que você veio!

Aurora não estava falando bobagem, realmente tínhamos conversado bastante nestes poucos dias, acho que nunca tinha falado tanto com uma pessoa em em tão pouco tempo. Só nestes dias, ela já sabia mais da metade da minha vida, e eu da dela. Aurora já tinha um lugar especial pra mim.

- Como eu poderia não vir? É uma festa em minha homenagem, não é?

- Sim!

Ficamos rindo que nem bobas por um tempo.

- Venha, guardei um lugar especial pra você!

   Ela pegou meu braço e me guiou até uma mesa, em frente a um cara que servia bebidas alcoólicas... aquilo era permitido?

- Eu sei o que você está pensando... não se preocupe! grande parte das pessoas aqui são maiores de idade.

-  Mas todos aqui não são do primeiro ano?

- Sim, quer dizer... algumas pessoas bombaram e outras são amigos do terceiro e segundo... e outras são inresponsáveis mesmo!

Sei que não era engraçado, mas ela falou de uma forma que eu não tive escolha a não ser cair no chão de tanto rir, e ela fez o mesmo.

  Nós nos sentamos.

- O que você vai querer, Hanna?- Quando ia  abrir minha boca, ela se virou para o cara que cuidava do bar e falou: - Uma água e um café, por favor!

- Você me conhece bem, né?

Antes que ela pudesse responder uma loira, com roupas decotadas e curtas chegou gritando, dizendo que Aurora precisava dançar aquela música com ela. Antes que a garota terminasse de arrancar ela do lugar, pisquei para Aurora, que me retribuiu com um sorriso.

Tomei um gole do meu café e comecei a olhar as coisas ao meu redor, não acredito que me deixei chegar a este nível. Haha!

Um pouco a frente dos meus olhos, em uma das paredes havia uma saída, com um vidro transparente em volta, quase como uma porta. Por que não ir dar uma espiada?

Me levantei e fui em direção aquele lugar. Assim que saí, senti um alívio. Mesmo ainda estando alto, o barulho tinha sido amenizado. Olhei para o chão, vendo o meu all star rodeado de grama... Grama!

Tirei o sapato e o deixei ali mesmo, fui caminhando sem rumo pelo imenso jardim, até encontrar uma linda árvore. Me sentei junto ao tronco dela, a madeira encaixava como uma peça de quebra-cabeça nas minhas costas. Enfiei a mão no bolso e, como esperado, comecei a desenhar qualquer coisa.

De repente, fui pega de surpresa.

- Quem diria que uma "donzela" linda como você estaria aqui fora, perdendo a festa...