Arrumando para o shopping

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Meu coração disparou novamente, eu detestava fazer apresentações, principalmente essas de início de ano, porém, sabia que se ficasse nervosa ia causar uma impressão não muito boa, então fiquei calma, respirei fundo e apesar de querer responder não, meu orgulho não deixava.

- ... Sim, professora.

Ela fez um sinal indicando que eu deveria ficar em pé de frente a sala.

Eu tentei não me desesperar, juro que tentei, mas minhas mãos não paravam de tremer... A única coisa que consegui controlar é não mudar meu jeito de falar e me conter para não pular da janela da sala como uma opção de fuga.

Fui em direção ao centro da sala, eu estava com muito medo de causar uma má impressão, de sem querer as pessoas pensarem que sou alguém que não sou... mas sabendo disso, decidi que seria eu mesma, que iria falar exatamente como falava. Respirei fundo e olhei para a multidão de alunos com os olhares voltados para mim... Eu... Queria acabar logo com aquilo... Por isso comecei a falar.

-Bem, eu sou a Hanna, tenho 16 anos, e eu...

Eu fui interrompida por mim mesma. É Claro, que até neste momento não pude deixar de pensar na minha amada música, então raciocinei:

"se eu quero que as pessoas me vejam exatamente como sou, devo mostrar principalmente o estilo de música que gosto"

Então foi exatamente o que fiz, pensei em uma música da qual seria viável a uma brincadeira naquele momento. Claro que não demorei muito, já tinha a música perfeita na minha cabeça, por isso continuei.

- ... E eu, bem, na cidade onde eu nasci, viveu um homem que partiu para o mar, e ele nos contou a sua vida na terra dos submarinos, então, navegamos até o sol, lá, descobrimos um mar verde e desde então, vivemos sob ondas em nosso submarino amarelo...

Todos olhavam para mim como se eu tivesse matado uma pessoa. Eu sabia que ficava um pouco exagerado, e que geralmente as pessoas não faziam muitas brincadeiras nestas apresentações, mas eu amava aquela música, e além do mais, era um clássico, como ninguém havia entendido? neste momento, eu escutei uma única, pequena, baixa e abafada risada, uma da qual não parecia ser irônica, e sim de quem entendeu minha brincadeira. Eu realmente queria muito saber de quem era, mas ao em vez de me preocupar com isso, devolvia olhares vindos de todas as partes, que me obrigaram a escapar daquela bendita situação.

- ... Brincadeiras a parte... Bem, eu moro aqui desde que nasci, sou filha única, vim pra cá por que minha antiga escola ia até o 9° ano, O meu robin é música e... Bem... Acho que isso é tudo.

Alguns alunos ainda olhavam para mim com aquela cara, mas a maior parte já tinha se recuperado.

- Você não gostaria de falar mais um pouco Hanna? Por exemplo, dos seus pais, sua família?

A professora perguntou.

É sério? Eu já tinha falado até demais! Claro que aquilo era menos de 1% da minha vida, mas para essas pessoas, saber sobre mim não seria importante, Claro que para um amigo eu contaria cada detalhe, mas aqueles eram só colegas, não ia mudar nada na vida deles saber só isso da minha vida... E respondendo a pergunta, prefiro ficar calada para não deixar o pranto rolar ao lembrar destes.

- Não senhora, estou bem.

- Pode me chamar de senhora Darcy, Sim? sente-se por favor.

Obedeci sua ordem e me sentei no meu lugar. Novamente não consegui prestar atenção na aula, mas desta vez, a culpa não foi de Casey, e sim da pessoa que rui. Em meio a todas aquelas outras, somente UMA entendeu minha piada, uma única pessoa provavelmente gostava dos clássicos, uma ali se parecia comigo... Eu queria muito saber quem era, mas a sala era tão grande e haviam tantos alunos nela que não enxerguei quem seu a risada...

A Música Nunca ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora