Capítulo 2

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Capitulo 2

Pov – Annie

─Você me ouviu não é? Não quero que chegue perto dele, não quero que fale com ele, nem mesmo fique olhando.

─Calma Annie, a gente nem sabe se o cara vai aparecer por lá! Que drama, não vou fazer nada, o que acha que o cara pode fazer com a gente ali no meio do café?

─Mel, ele é bonito, se veste bem, deve ser rico, vai lá para trabalhar eu acho, não quer nada comigo ou com você, eu não quero criar um mal-estar e depois tem o Bill, se ele entra e nos vê, se achar que eu converso com os clientes vai me tirar do emprego, precisamos do dinheiro.

─Porque é um maldito muquirana que não gasta um centavo com a gente, se não trabalhasse já teríamos virado mendigas!

─Eu cuido de você não cuido?

─Ele podia me mandar para faculdade Annie, você podia fazer seu curso de pintura, merda isso é errado eu não entendo.

─Está acabando, em menos de dois anos isso acaba.

─O que acaba?

Felizmente chegamos ao café, sorrio feliz por me livrar de suas investidas, ela segue de bico para sua mesa, eu para meu avental, depois atendo o senhor Moore, ele pede o de sempre, café e torta, depois abre seu jornal, eu atendo um casal, os dois trocavam olhares apaixonados, o tempo todo mantinham os dedos entrelaçados, era tão bonito e romântico, tão longe de mim e de quem eu era.

─Vou sair mais cedo hoje então vem aqui que quero te contar! – Jane me pega pelo braço quando o movimento diminui, me arrasta para perto do balcão de pedidos – O bonitão perguntou se você estava indo embora quando fui levar a conta.

Ele devia ter um nome, todo mundo chamando ele de bonitão começava a me irritar, suspiro fingindo desinteresse, muito mal aliás, Jane ri de mim.

─Não quer saber?

─O que?

─Não fica ouvindo a Sally, ela é uma velha amarga, o cara tem voltado todos os dias, porque não pode ser por você?

─Basta olhar para mim e tem sua resposta! – Digo olhando para o chão.

─Só vejo uma moça absolutamente linda! Acho que você é que devia se olhar, e se cuidar mais, não sou idiota Annie, sei o que o canalha faz com você, sei que se enche de pó de vez em quando para esconder marcas e sei que sua irmã é uma otária ou está se enganando.

─Sally não posso falar sobre isso, não consigo entende? – Meus olhos ficam marejados, uma lágrima escorre e eu a seco, mas logo vem outra, tento me controlar, ela aperta minha mão.

─Ele se mudou faz pouco, pelo que me disse sozinho aqui perto, deve ser rico porque sabe como são as casas aqui, é militar, um foca marine, chic não acha? Disse que vem aqui porque é calmo e ele precisa comer e gostou do lugar.

─Viu, não tem nada que ver com o fato de eu estar aqui! – Seco mais uma lágrima escuto o sino da porta, ela aperta minha mão sorrindo – É ele? – Ela afirma – Atende para mim, por favor Jane.

─Desculpe Annie, se fizer isso ele vai pensar que não quer atende-lo, vai lá, seja forte e linda.

─Jane, olhe para mim e essa cara de choro?

─Annie, desculpe te contar, mas você vive com essa cara de choro, então é bom que ele saiba disso, vai vou atender minhas mesas.

Jane me deixa ali, seco as lágrimas, respiro, me controlo e me viro, sigo para sua mesa, o homem cada dia ficava mais bonito, eu cada dia mais assustada, queria que ele nunca mais voltasse aqui, assim seria mais fácil continuar com a droga da minha vida.

Only Hope (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora