Stressed Out

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John havia acordado pouco depois da ida de Sherlock ao Palácio. Logo que levantou, viu que o detetive não se encontrava lá. Porém, depois de dois anos convivendo com o seu colega de quarto, ele estava tão acostumado que nem passava pela sua cabeça a possibilidade de que Holmes poderia estar em perigo.

Do outro lado da cidade, dentro de um carro, com uma venda nos olhos e o corpo imobilizado, lá estava ele. Depois de ter passado aproximadamente duas horas inconsciente, seu corpo, aos poucos, despertava. Uma dor de cabeça infernal fez com que o detetive apertasse os olhos com força, não que fizesse diferença caso ele estivesse com os olhos abertos. A pessoa que o capturou com certeza fez questão de se certificar de que Sherlock não saberia de maneira alguma para onde estavam indo. O detetive tossiu e tentou se mexer, e foi assim que percebeu que suas mãos estavam amarradas de forma que tornava impossível qualquer tipo de movimento.

Enquanto Sherlock acordava, John ligava o notebook para checar o seu blog e responder alguns novos comentários. Foi então que viu que o número de visitas havia triplicado desde o dia anterior, o que surpreendeu o doutor. Havia mais de uma semana em que ele não atualizava o site, portanto, o aumento repentino de visualizações era no mínimo suspeito. O computador emitiu um som e uma notificação apareceu no canto inferior direito indicando que havia sido postado um novo comentário. Em uma ação quase que automática, John clicou no comentário para descobrir o que diabos estava acontecendo. Nesse momento, então, ele percebeu que havia sido hackeado. Uma nova publicação o encarava: um vídeo que fez o doutor estremecer sem ao menos clicar. O receio, de alguma forma, o consumia, e a adrenalina corria pelas suas veias ao mesmo tempo em que corria nas veias de Sherlock Holmes.

O detetive teve o cuidado de concentrar-se aos sons que eram emitidos ao seu redor, aproveitando o fato de que este sentido foi automaticamente aguçado ao mesmo tempo em que a sua visão lhe tinha sido negada. Muitas das vezes ele treinou, vendando a si mesmo e tentando passar algumas horas sem o sentido - na maioria das vezes - mais desenvolvido do ser humano. Por sorte, seu treinamento lhe rendeu uma audição tão aguçada quanto a de um cego.

- Um cético que se une a um crente é tão simples quanto a lei das cores complementares. O que nos falta nos atrai. Ninguém ama tanto a luz como o cego.
- É uma excelente citação. Porém, pouco precisa nessa ocasião, não acha?
- É mais precisa do que você imagina, Sherlock Holmes. - o suposto sequestrador lhe disse, e o detetive moveu-se incomodado.
- O que você quer? Por que estou aqui?
- Isso é algo que você descobrirá em breve.
- Ao menos me desamarre. Você sabe, estamos em um carro. Não tenho para onde correr.
- Desculpe, detetive, mas terei que passar. Aproveite a viagem.
- Não há muito para se aproveitar com os olhos vendados.
- Oh, Sherlock, você acaba de me decepcionar. Pensei que fosse melhor que isso.

Holmes, então, calou-se. Ele havia entendido o que o homem sentado ao seu lado tinha dito. Silêncio era a deixa para que a sua mente enfim trabalhasse. E as vendas o impediam de se distrair com o mundo visual. Era a oportunidade perfeita para colocar a mente em equilíbrio com o corpo, e assim, relaxar. Não havia mais nada a se fazer. O detetive, então, passou a pensar em quanto tempo ele não conseguia fazer isso. Com John morando no mesmo teto que ele, não havia tempo para se concentrar, pois o doutor era extremamente inquieto.

Não só era, como estava agora. Suas mãos tremiam, pois Watson entrava em desespero em situações não usuais se Sherlock não estivesse por perto para, como de costume, resolve-las. Ele, então, tomou um choque de coragem e clicou no vídeo que o encarava. Estática era tudo o que ele ouvia e via, até que uma pessoa mascarada surgiu na tela. John, a princípio, achou que era uma pegadinha, até que o desconhecido começou a falar, com uma voz distorcida.

"Olá, Sherlock. Esta é uma pequena demonstração do que eu posso fazer. Lembre-se: comporte-se e me obedeça, pois as provas que possuo em meu pen drive chocarão os seus fãs e o seu fiel companheiro. Caso não o faça, estarei à espreita, e em cada esquina em que você e as pessoas com que você se importa passarem, eu estarei observando. Seu irmão não poderá lhe ajudar."

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⏰ Última atualização: Jan 20, 2017 ⏰

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