Fluorescent Adolescent

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- Há algo de errado? - a garota perguntou cinicamente, mantendo as sobrancelhas arqueadas. - Do que você está rindo?

- Uma adolescente está ameaçando me chantagear. - o detetive riu mais uma vez. - Você só pode estar de brincadeira.

- Não estou. - ela guardou o celular no bolso e cruzou os braços, encarando Sherlock. - A propósito, meu nome é Ana.

- Quantos anos você tem, garota?

- A minha idade não importa. Vamos direto ao assunto.

- Direto ao assunto? - o detetive riu. - Garota, vá para casa. Eu não tenho tempo para joguinhos de adolescentes. Tenho casos para resolver e pessoas para salvar.

Sherlock deu as costas à Ana, e no momento em que ia dar o primeiro passo para percorrer seu caminho de volta para casa, a adolescente disse:

- Conte-me outra, Sherlock Holmes. Eu sei muito bem que você tem procurado desesperadamente por um caso, mas está parado há dias. A sua arrogância é tão grande que você não consegue nem admitir isso.

O detetive se virou e, mais uma vez, encarou a moça. Seu olhar confiante lhe dizia que ela havia se tornado independente apesar da pouca idade. Seus cabelos haviam sido arrumados rapidamente em um rabo de cavalo, contendo fios soltos por todo lugar. Ana não ligava para a sua aparência, e estava mais do que claro que ela não era uma adolescente comum. Mas o que ela queria?

- Eu sei o que você está fazendo. Pare com isso, pare de me encarar. Eu não sou um quadro em uma galeria de arte que você analisa por minutos e tenta entendê-lo. Eu não sou um objeto, portanto, pare de tentar me decifrar. Apenas pare!

- O que você quer? Apenas diga-me logo, não tenho todo o tempo do mundo.

Ana sorriu, finalmente conseguindo a atenção do detetive. Uma de suas mãos deslizou para dentro do bolso de seu casaco, e de lá saiu um pendrive. A adolescente sorriu ainda mais, se orgulhando de si mesma.

- Você sabe o que eu tenho aqui dentro?
- Claro que não. Apenas me diga logo.

A impaciência de Sherlock fez Ana gargalhar. Ela sentia que o tinha em suas mãos.

- Eu tenho, caro detetive, a prova de que você tem se esgueirado durante a madrugada para encontrar com a "desaparecida" Irene Adler.

Sherlock estava incrivelmente surpreso. O mesmo havia sido extremamente cauteloso para que não percebam e descubram sobre os seus encontros noturnos com a senhorita Adler. Porém, afim de manter a compostura, o detetive riu ironicamente como se aquilo fosse o maior absurdo já dito.

"Como ela descobriu?" - ele se perguntava, lembrando de seus contatos que lhe garantiram que as câmeras de segurança da rua tinham sido hackeadas para reproduzir o mesmo período de gravação até o amanhecer, encaminhando a gravação real para uma pasta escondida e codificada no computador de Sherlock, no qual ninguém jamais acessava, a não ser John.

John poderia ser um suspeito? O detetive duvidara disso. O médico que foi exilado do exército por conta de problemas físicos - mas que sofreu danos psicológicos - parecia inocente e idiota demais para esse trabalho sujo. Além do mais, Sherlock não conseguia pensar em um motivo para que Watson o faça. Parecia absurdo demais.

- Está pensando em um jeito de se safar dessa, Holmes? - Ana debochou, fazendo o detetive ficar claramente irritado. Se tem uma coisa que ele odiava, essa coisa era ser controlado. Seu sangue fervia.

- Você não me engana, garota. O que você quer? Está fazendo isso por dinheiro? Posso facilmente lhe entregar ao conselho tutelar e acabar com tudo isso.

Ana sorriu ao ver o detetive com raiva. Saber que ela havia o deixado assim lhe dava um orgulho inexplicável. 

- Sei que não fará isso. - Ana balançou o pendrive entre os seus dedos magros. - Manterei contato, Sherlock. Adíos.

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