A lenda de Isabelle

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Fim de 2017, uma lenda começa a se espalhar como um vírus se espalha na Internet, ah Internet... Foi o início dessa história que estão prestes a ler, o lado sombrio que a web nos trás, fazer o que, dependemos dela.

Vamos voltar para mais de um ano atrás, meados de 2016, o local era uma cidade pequena de sete mil habitantes no interior de São Paulo.
Isabelle, 17 anos, pensem em uma garota linda, assim era ela, popular na escola, fazia amizade facilmente, conseguia chamar atenção de todos mesmo não querendo, inteligente, linda, simpática, para muitos a garota perfeita.

Quando não estava na escola ficava em sua casa, não era grande, tinha cinco cômodos normais e confortáveis.
Não tinha muitos lugares na cidade para passear, se divertir, o passatempo da garota era ficar nas redes sociais, afinal, esse era o passatempo de muitas pessoas da geração Y. Isabelle atraia muitos seguidores, muitas pessoas a chamavam para conversar no privado, ela até conversava com alguns, que mal poderia acontecer?

Por dias conversou com um cara, ele a conquistou dizendo ser o que ela precisava, gostava das mesmas coisas que ela, como escutar k-pop, Rock, assistir séries, filmes de terror, o garoto perfeito pra garota perfeita. Chegaram até a conversar sacanagem, apimentar o papo pra sentir um pouco do que estaria por vir, não que Isabelle fosse fácil, amor não era pra ela mas aquele cara poderia oferecer o que ela queria e por isso eles marcaram um encontro.

Se encontraram no cinema da cidade vizinha, ele era realmente o garoto na foto de perfil que Isabelle havia passado minutos olhando. Seria uma linda história de amor mas romance não fazia o estilo dela (e nem o meu).

O filme terminou, acho que eles mais se beijaram do que assistiram o longa, mas ok. Após o cinema, o garoto queria levar Isabelle pra comer um lanche ou alguma outra coisa, ela aceitou e eles foram no carro dele, sim, ele já tinha seus 18 anos, sua carta e tudo mais. No caminho, Isabelle pediu pra ele parar o carro, o cara ficou confuso mas fez o que ela pediu, estacionou o carro no acostamento da rua que ficava quase no centro da cidade.

Isabelle tirou os cintos de segurança, em seguida tirou a camisa ficando de sutiã, o garoto pediu pra ela parar, talvez apesar de tudo ele não fosse um daqueles caras que queriam uma tranza no primeiro encontro, ou pelo menos não ali, no carro no meio da cidade. Isabelle não entendeu isso, mesmo ouvindo do garoto que ela era linda, perfeita, ela ficou furiosa, subiu no colo dele e começou a estrangula-lo. Ele tentou segurar Isabelle mas não queria machucá-la, com um certo esforço ele conseguiu abrir a porta do seu lado e empurrou a menina para fora do veículo, infelizmente no exato momento em que um caminhão passava na rua, rápido demais para frear antes de atropelar Isabelle. O caminhão bateu em um poste após passar por cima da garota, provavelmente o motorista estava dormindo. Assustado o garoto acelerou o carro e foi embora.

Chegando em sua casa, ainda dentro de seu veículo, ele pegou o celular para apagar todas as conversas com Isabelle, excluir ela de suas redes sociais, apagar as fotos do álbum, queria apagar qualquer vestígio de que a conhecia, mas não era fácil assim, o celular tocou em sua mão, estava recebendo uma ligação dela, de Isabelle, ele ficou apavorado pois o celular dela estava ali, no banco do passageiro...

PEGUEI O CELULAR DELA, SAI DO CARRO E PISEI NELE, DESTRUI O APARELHO MAS NÃO ADIANTOU. A ligação continuou a aparecer em meu celular. Neguei várias vezes, aquilo não poderia estar acontecendo. Desliguei meu telefone o que também não funcionou, a mensagem aparecia na tela dele, um rosto, o rosto de Isabelle, joguei meu celular para dentro do carro que imediatamente teve os faróis ligados, entrei para dentro de casa, a televisão de tubo, 29 polegadas ligou, na tela o rosto dela e os ícones de aceitar ou negar a ligação apareceu como se fosse um smartphone. Fui ao banheiro, lavei o rosto, eu estava suando frio, chorando, meus pais não podiam acordar e me ver daquele jeito, segui pro meu quarto e deitei na cama, me cobri completamente com o cobertor, talvez nada invadisse ali, coloquei o travesseiro sobre a cabeça para não ouvir o som da TV que havia ali, do mesmo modo que a da sala ela estava recebendo a ligação.
Forcei travesseiro ainda mais sobre minha cabeça tentando abafar o som do meu choro, do meu grito e também para não ouvir a voz de Isabelle que vinha da televisão, ela dizendo como se lesse as mensagens que trocamos todos esses dias.
O volume da TV aumentou, não suportei, se continuasse daquele jeito meus pais logo iriam ver o que estava acontecendo. Voltei pra garagem, peguei meu celular no carro, atendi a ligação e fiquei ouvindo ele clamar até as 3:00 da madrugada, foi quando a polícia chegou na minha casa, meus pais foram acordados e surpreendidos com a notícia de que eu havia assassinado uma garota.
Me encontraram na garagem, a polícia me segurou, olhei para meus pais que choravam tanto quanto eu. Fui levado até a delegacia onde um vídeo do suposto assassinato foi mostrado para mim e minha família, tudo havia sido filmado por uma câmera de segurança de alguma loja na rua. É claro, a parte em que Isabelle me estrangulou não apareceu graças ao teto do carro que cobriu o ângulo da câmera. Para todos já bastava eu abrindo a porta do carro e jogando Isabelle pra fora. Eu tentei explicar o que aconteceu, mas nem meus pais pareciam acreditar, olhavam com desgosto pra mim. Mas seria no outro dia que as coisas mudariam. Uma câmera de segurança de outra loja, essa ficava do outro lado da rua, mostrou Isabelle com a não em meu pescoço tentando me sufocar. Após várias discussões entre advogados da minha família e da família de Isabelle, pude aguardar o julgamento em liberdade. Não que tenha sido um alívio, pelo contrário, Isabelle continuava a me perseguir, em qualquer celular, televisão, tablet que eu olhava lá estava ela me ligando, não sei se eu estava ficando louco, não perguntei pra ninguém se também via as ligações, se escutava a voz de Isabelle me chamando, foi assim por onde eu passava, não tinha como escapar, Isabelle me assombrava.

Pra maioria eu tinha matado ela, para outros foi um terrível acidente onde agi em legítima defesa e que graças ao maldito destino o caminhão estava passando. Não sei, talvez seja melhor eu confessar o crime e ser preso, dizer que ela não estava tentando me sufocar e sim que aquilo fazia parte das preliminares, não posso ver Isabelle me chamando, não suporto isso...

Invoque Isabelle (não tente isso)

A meia noite, em alguma rede social, se junte com mais dois amigos e faça um grupo caso não tenha um.
Cada um em sua casa deve ficar sozinho em um cômodo escuro e ascender uma vela.
Os três digitem Isabelle e enviem de forma alternada a mensagem para o grupo treze vezes (uma vez de cada sem trocar a ordem e sem outra mensagem diferente entre elas, até dar as treze mensagens de cada um), fale Isabelle em voz alta junto com cada um das treze mensagens que você manda.

Se tudo for feito corretamente, seu celular, televisão, tablet, computador receberá a ligação de Isabelle, sua foto e seu rosto devem aparecer. Isso tudo vai acontecer com você e seus amigos. Caso faça a invocação num grupo que tenha mais integrantes além de vocês três, saiba que todos eles serão afetados.

Como se livrar de Isabelle

Para que o espírito vá embora, você deve atender a ligação e ouvir Isabelle até as 3:00, seu horror, seu sofrimento, agonia e sede de vingança será relatado na ligação
Se a chamada não for aceita e ouvida até as 3:00, fique ciente de que dificilmente Isabelle irá deixar você livre da presença dela.

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