Crônicas De W a Y

18 Anos (poema)

Eu não tinha nem um ano quando você me salvou pela primeira vez
Uma escalada que tentei sem pensar sem ter noção do risco que corri
Você apenas me puxou me pegou em seus braços e ali te vi
Ensinando o jeito certo
Dizendo que aquilo era incorreto que poderia me ferir
Escutava suas palavras na inocência até sorri

Eu não tinha nem 5 anos quando você me salvou pela segunda vez
Outra escalada bem mais alta que eu iria pular, queria descobrir se era possível voar
Você me impediu, novamente me agarrou uma lágrima de seus olhos até escorregou

Me ensinando a pensar em como seguir sem falhar
Eu te ouvia com alegria com amor com confiança
sabendo que guardaria comigo essa lembrança

Eu não tinha nem 15 anos quando vi você morrendo pela primeira vez
Uma decida de sua vida que esvaia
com o mal que o destino o trazia foi o que ele fez
Deitado naquela cama você me disse pra estudar
Ser alguém na vida um cara digno e trabalhar

Escutei atentamente as suas palavras guardei na mente
Decidi que te honraria daquele dia em diante
Por toda a família não deixaria ninguém distante

Eu não tinha nem 18 anos quando te vi morrendo pela segunda vez
Uma queda bem mais forte que te deixou debilitado
Te ajudei a tomar banho no hospital naquele quarto.

Você pediu pra mim cuidar da nossa família do nosso lar.
Eu disse que não estava pronto mas a promessa era te honrar

Estávamos jantando assistindo um futebol
Quando eu te olhei vi a queda o seu fim
Sai pedindo ajuda gritando pelo corredor
Liguei pra mãe que num instante chegou
Daquela cena em minha mente não iria me livrar
minha mãe perguntando e eu sem palavras pra explicar.

Naquela noite ainda te vi
Pedi pra você viver por mim
Mas sua linha havia sido cortada infelizmente é assim

Quando fiz 18 anos não queria berber, vadiar ou dirigir
Eu queria sabedoria e responsabilidade
Pra promessa cumprir

O que sobra são as memórias
Sua alegria, seu sorriso, sua voz, seu rosto
Não permito que essas coisas vão embora
Desenhando na parede do quarto eu vi o seu orgulho
Quando eu cantava não se importava com o barulho
Nas piadas e brincadeiras seu jeito seu estilo
Eu te dizia: Esse é meu pai
Você respondia: Esse é meu filho.