Daniel Shaw entre mundos

Capitulo I

Nazareth é uma cidade pequena e logo o boato de que John teve um filho fora do casamento percorreu a cidade, muitos iam a casa dos Shaws só para saber se era verdade, se existia mesmo uma criança. Apesar de todo rumor o jovem casal criou a criança com todo amor que podiam dar a ele e a Jesse, trataram-lhes como se fossem irmãos de verdade.

Era impossível não gostar de Daniel, quem chegava perto da criança se sentia bem, alguns ate se diziam curados de doenças. Arnold tratou de proteger ele para que os boatos de cura não percorressem a cidade, jogando um feitiço para que todos esquecessem qualquer contato com Daniel, e jogou um feitiço sobre ele para que ninguém soubesse de seus poderes, sendo assim ninguém se importava com a criança, tratando-a como um bastardo.

A infância de Daniel foi bem tranquila na casa dos Shaws. Eles moravam na rua 77 do bairro dos Fairview, não tinham muitos vizinhos. O mais próximo da família era o tio Arnold que morava a poucas quadras dali ele sempre contava histórias de terror para as duas crianças e elas o amavam. Era ele que cuidava dos dois quando os pais viajavam, mas constantemente eles iam lá.

Jesse e Daniel criaram uma amizade especial, sempre muito amigos, brincavam juntos, estudavam juntos, gostavam de ler, ouvirem músicas brincar no velho carvalho e um sempre cuidava do outro.

Apesar de Daniel ser uma criança adorável, muito garotos na escola o provocavam por não ser filho legitimo, mas ele nunca revidava, pois não sentia raiva dos garotos, porém se sentia triste, e quando isso acontecia todos em sua volta se sentiam tristes também. Como se a felicidade tivesse sumido do mundo, as emoções do garoto controlavam sempre o ambiente. Contudo quando via a Jess tudo isso passava e ele se alegrava novamente.

Tudo ocorria bem até aquele dia. Em uma brincadeira Jesse subiu o mais alto que podia no carvalho e pulou ao cair quebrou uma das pernas e começou a urrar de dor. Longe de casa e sentindo a dor de sua irmã Daniel a abraçou e desejou com toda sua força que ela estivesse bem, que ela não sentisse mais dor, e de repente uma luz forte veio do garoto ela e a perna antes quebrada simplesmente se curou.

As duas crianças ficaram assustadas com o que tinha acontecido e foram direto para casa contar ao seus pais o que tinham acontecido, enquanto corriam Jesse percebeu algo estranho nas costas de seu irmão.

- Ei Dan, espere!

- O que foi?

- Você está sangrando! - Disse ela muito assustada - tire a camisa, deixe-me ver

- Mas não sinto nada – disse ele tirando a camisa sem entender o que estava acontecendo.

Ela observou as feridas, eram duas fendas profundas que dava para ver os ossos. Na verdade, parecia que o osso estava saindo perfurando as costas.

- Vamos para casa, meu Deus! Você está machucado! – Disse ela já correndo para a casa.

- Sério? Eu não sinto nada – disse ele enquanto tentava sentir a ferida que ela dissera

- Vamos! Temos que contar ao papai.

Os dois entraram pela porta correndo, assustando a mãe que estava na sala descansando.

- Que correria é essa vocês dois? Já disse para não brincarem dentro de casa! Vão acabar se machucando nos móveis – disse ela com uma expressão severa, mas em um tom bastante calmo para as duas crianças – o que é isso? De onde está vindo essa camisa cheia de sangue?

- É do Dan mãe, eu caí de uma árvore, me machuquei, ele veio me ajudar e de repente eu não estava mais machucada e ele estava sangrando –disse ela confusa e bastante assustada.

- Jess pegue alguns gases que estão no armário e minha maleta, e você meu filho vire-se, deixa eu ver suas feridas – Merie era uma médica muito respeitada na cidade, quando Daniel chegou ela estava de plantão. Ao chegar em casa o marido explicou o que tinha acontecido. Quando teve a Jesse, sua gravidez foi complicada e ela quase morreu no parto, tiveram que retirar parte de seu útero para que ela sobrevivesse, então sendo assim, ela não poderia ter mais filhos. A chegada de Dan alegrou seu coração, pois sentia que Deus a havia lhe dado mais uma chance, além disso, aquela criança tinha algo especial, ela soube assim que a tomou em seus braços. Ele sorriu, e seu sorriso a fez sentir como se tivesse nas nuvens. Assim ela o criou com todo amor e carinho que ela podia dar, ensinando tudo que podia a ela, como ela desconfiava, ele era especial e algumas vezes até presenciou alguns milagres que ele fazia, mas não podia trazer muitos holofotes para ele, afinal alguém o estava caçando e toda vez que ele fazia algum milagre o mago tinha que intervir para que ninguém lembrasse ou contasse a alguém o que tinha acontecido, contudo, ele estava crescendo e seu poder estava cada vez mais forte, dava para sentir sua presença de longe, todos que chegavam perto se sentiam felizes e as vezes não se podia apagar a memória de todos – Vai fica tudo bem meu filho.

- Aqui está mãe – disse ela entregando várias gazes e a maleta da mãe – vamos ter que ir no hospital mamãe? Ele vai ficar bem?

- Não sei minha filha, por favor, ligue para seu pai e diga a ele que seu irmão está machucado – ao limpar os ferimentos do filho, Merie percebeu que não eram feridas e sim ossos que estavam saindo das costas do filho como se fossem asas – rápido filha e ligue também para seu tio Arnold diga a ele que está acontecendo algo com seu irmão e que ele precisa vir urgentemente .

Enquanto a filha ligava ela observava a marca de nascença que o filho tinha nas costas. Era uma mancha parecida com estrela, uma estrela de seis pontas, quando ele era pequeno sempre ficava maravilhada com aquela marca, dizia ao filho que ele era a estrelinha dela, e toda vez que via ele sorrir o mundo inteiro se alegrava – ela sorriu lembrando esses momentos – não sei o que está acontecendo com você meu filho, mas vai ficar tudo bem.

- Eu estou com medo mãe.

- Nunca tenha medo meu filho, Mamãe está aqui para proteger você – disse ela o abraçando fortemente – se sentir medo faça o seguinte, rogue a Deus e ele lhe atenderá.

- Mas você não é minha mãe, as outras crianças me falaram que eu sou um bastardo, zombam de mim. O que é bastardo mãe?

- Você é meu filho, não importa o que significa, quando alguém te fizer algum mal não revide, você é melhor que isso – disse ela apertando fortemente as bochechas dele.

- Eles já estão vindo! Papai está no serviço e o tio Arnold já está chegando – disse Jess, ainda assustada com o que estava acontecendo.

- Calma Jess! Vai ficar tudo bem - Disse Daniel com um jeito terno e seguro. Repentinamente, todo medo desapareceu e Jesse estava calma e confiante que tudo iria dar certo.

Foi quando alguém bateu na porta.