LÁBIOS VERMELHOS

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SELENA

NOVA YORK, SETE ANOS DEPOIS

O som das buzinas, das pessoas gritando e xingando feriam os meus ouvidos, fazendo-me estremecer enquanto o táxi seguia pelas ruas da cidade. Havia tanto tempo que eu estava longe daqui que o barulho estridente incomodava os meus ouvidos. Além disso, o progresso seguia em frente.

O primeiro lugar que eu estaria indo, depois de ter deixando as minhas malas no meu apartamento, seria o prédio da empresa da minha família que ficava na Brookfield Place. Era o meu primeiro dia como presidente da empresa e o primeiro dia de volta a Nova York.

Era como se fosse o meu primeiro dia no Pará, no meio da floresta combatendo os mosquitos, as mariposas, as formigas e outros insetos. Além disso, havia o barulho da coruja e outros animais noturnos, que me fizeram ficar acordada no primeiro mês. Era assustador e, ao mesmo tempo, gratificante.

Foi na primeira noite deitada na escuridão amazônica que prometi a mim mesma que iria me amar antes de deixar outro homem fazer isso. Que eu vinha em primeiro, assim como os meus desejos e não deixar que que ele se aproximasse demais.

Eu havia me tornado uma nova Selena. Uma que nem mesmo eu sabia que poderia existir. Uma que não seria consumida pelos lobos do mundo empresarial.

Depois de tudo o que eu passei, eu me tornei mais forte e mais focada em peneirar aquilo que me faz bem daquilo que vai me destruir, que me faz mal. Além disso, essa nova Selena não tem mais medo de decepcionar os outros, tenho uma nova vida onde a minha felicidade é tudo.

E, a prova real disso, era a tatuagem em meu braço esquerdo, entre o meu cotovelo e o meu punho. Era a minha marca de alforria, uma prova que havia cortado as correntes. Contudo, eu usava um grosso bracelete de ouro para escondê-la, preciso demonstrar profissionalismo para o mundo.

Olho para o meu relógio, completamente impaciente. Não estou sentindo nenhum prazer em ficar aqui sentada, fazendo nada. Fazia tanto tempo que eu não precisava me locomover de táxi onde tinha que parar a cada segundo por causa de um sinal ou um engarrafamento.

Tão estressante.

Cerca de meia hora depois, eu estava novamente na frente da sede mundial da Fortuns, a empresa da minha família.

Meu coração doeu ao imaginar o que a minha avó diria nesse momento.

Minha avó, que morreu a três anos e eu não pude nem mesmo me despedir dela.

Minha avó que tentou me mostrar o que é ser uma mulher forte e delicada.

Segurei o choro, coloquei meus óculos escuros, respirei fundo, endureci a coluna e caminhei em direção a recepção do edifício, dando um sorriso cordial aos seguranças depois que me verificaram e, logo em seguida, aos funcionários que passavam.

— Bom dia — falei para uma linda jovem de cabelos pretos e intensos olhos castanhos, que sorriu gentilmente para mim.

— Bom dia, senhora. Como posso ajudá-la? — Indagou, olhando-me.

Para que não haja qualquer problema, procuro em minha bolsa pela minha identidade, sorrindo educadamente para a garota. Não posso culpá-la por não me reconhecer, eu havia pintado os meus cabelos de castanho escuro e ainda usava óculos escuros, o que escondia os meus olhos verdes.

— Sou Selena Diaz, a nova presidente — murmuro, entregando-lhe o meu documento.

Ela engasga um pouco, olhando para mim. Ninguém estava me esperando com dois dias de antecedência, mas, antes de ser oficialmente a nova presidente, eu precisava conhecer e entender o funcionamento da empresa. Mesmo que quarenta e oito horas não fossem tempo suficiente.

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