Na trilha dos Ventos do Medo

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Por qual razão Tony foi escolhido pela montanha? 

A resposta estava nos três elementos que Tony carregava a caminho da montanha. A cada passo que dava o sol já não era mais visto pois as arvores secas e cumpridas impediam sua luz clarear o caminho. Flash Backs o confrontava todas as vezes que Tony olhava para o medalhão antigo e enferrujado com a foto de uma família estranha. 

- Esta ficando frio, e já deve passar das cinco da tarde, a madrinha com certeza voltou e deve estar muito zangada com a minha falta para o café da tarde.- olhando para o alto fica perdido entre as arvores e o vento que corta a floresta tocando nas rochas e fendas em seu caminho.

- Não sei onde estava com a cabeça em acreditar nisso tudo e vir até aqui. Devo ser um idiota mesmo, muito bizarro tudo isso, bizarro claro. Minha Madrinha vai enlouquecer de saber que vim aqui, ultrapassei o limite, ahh quer saber não vou ficar pensando nisso não já estou aqui mesmo. - Tony percebe que o dia se despede tímido e o frio chega aparecido querendo seu espaço trazendo ventos que amedrontam Tony a cada passo que se aproxima da montanha.

Em certo momento Tony avista uma arvore gorda e pelo que parece a maior de todas, seu casco velho mostra marcas de garras em três partes, Tony arregala os olhos tentando imaginar que possível fera poderia ter deixado tal rastro? Suas pernas estão tremulas e suas mãos estão suando demasiada. 

- Um urso passou por aqui, mas espere, não estamos em época de ursos na região, pode ser que seja um tigre ou uma raposa com raiva. - Tony pensa - Raposa seria impossível seu idiota. - Curioso ele rodeia a arvore lentamente, o vento começa a incomodar pois o barulho do ruido é como de almas gemendo a procura de ajuda. Suas mãos tocam a arvore quando no mesmo momento o medalhão parte a tremer e a bussola acende apontando para a arvore. Tony respira lento e profundo até que para com as mãos sobre as marcas de garras na arvore e fechando os olhos um grande grito invade a floresta vindo de longe e chegando perto de Tony o deixando surdo - Socorroooooooooo....- E como num eco cortado o grito desaparece com um bafo no pé do ouvido de Tony que sem forças cai no pé da grande arvore. 

- Isso só pode ser alguma brincadeira de mau gosto daqueles moloques filho do senhor Pedro, - sussurra baixinho olhando para todos os lados - Quando eu voltar para casa eles iram pagar por tudo isso, não vou deixar barato, idiotas, trouxas, ridículos e loucos, isso que são, loucos. - levantando do chão se apoia na arvore e percebe que as marcas das garras já não estão mais la.

- Impossível isso, inacreditável! - alisa a arvore procurando as marcas - Devo estar ficando louco, insano isso sim. E vai se afastando da arvore lentamente. - quer saber cansei dessa palhaçada, vou voltar agora. - e quando se vira para querer correr um vento forte o envolve com vozes replicando em sua mente e ouvido.

- Não se pode voltar... Não tem como regressar... Para que não haja outras mortes é preciso continuar.. -  e as vozes repetem continuamente a mesma frase. 

Tony paralisado e com os olhos lacrimejando respira o ar gelado por um milésimo de segundo acha que tudo não passa de um sonho, mas caindo na real começa a prestar atenção naquelas vozes que pairavam a sua volta junto aos ventos que sopravam em sua face. 

A ventania bravia e contínua e incessante o toma por completo, ja dominado pelo medo e pelas incertezas que o caminho lhe proporcionaria, puxa como folego de quem luta por sobreviver quando se esta se afogando e grita levantando a bussola, a carta e o medalhão.

- Okay - grita olhando para o alto! - Eu não vou voltar, vou continuar seja onde lá isso ira me levar.- se acalmando respira fundo, os ventos ficam calmos e as vozes vão se dissipando lentamente até sumirem de vez.  Limpando sua calça que sujou de terra , Tony vai se afastando da arvore quando inocentemente ao passar os olhos pela lateral direita avista um lenço rosa cheio de sangue caído. Se abaixando pega o lenço o guardando em seu bolso e segue caminhando rumo a montanha.

O dia se despede e a noite da as boas vindas, o frio parte a alma em duas e sua boca tremula não consegue controlar os dentes batendo como um som de tambores desafinados. Com muita fome e sede ele avista uma pequena caverna a sua esquerda e como um instinto de sobrevivência vai até ela. O espaço não era muito grande, mas era o bastante para abrigar Tony por aquela noite. Ele pega algumas folhas e galhos quebrados para se aquecer e se deita olhando para a escuridão infinita da floresta. No silencio barulhento dos ventos cheio de medo, é possível ouvir passos se aproximando.  Tony esta paralisado, e tenta procurar quem poderia estar chegando perto da pequena caverna.

- Droga, quem sera? Esta ficando mais perto e o barulho dos passos estão mais alto, mas não consigo ver quem é. - Tony estica a cabeça para fora da caverna tentando buscar uma visão mais limpa, mas é impossível a noite não remete alguma luz.

- Aparece, aparece logo - e a bussola acende novamente apontando para frente, o medalhão tremulo no pescoço o faz ficar com mais medo, e por impulso Tony fala disparado!

- Ei, pode aparecer, eu to armado,com a policia, o exercito ta chegando porque eu chamei e digo mais, tenho poderes mágicos posso fazer você desaparecer em dois estralos de dedos. - então não se ouve mais barulhos de passos apenas o silêncio. 

- Cansei dessa merda quer saber, vou sair agora. -  e quando sai da caverna ele é tomado por uma força invisível que o leva para o alto o jogando numa arvore. Ele cai e tenta correr, porem a força o pega novamente e o lança para outro lado o arrastando entre as folhas secas no chão. Tony grita desesperado pedindo por socorro,  porem não consegue enxergar quem o esta levando, apenas tenta lutar sem exito algum. O desespero toma conta e ele já não sabe mais o que fazer até que então visualiza um galho próximo e na oportunidade ele o agarra se prendendo nele.  Sua bussola esta perdida girando sem parar e a luz cada vez mais forte, ele tenta se recompor e então avista novamente a caverna de longe. Sem pensar sai correndo e quando esta prestes a chegar alguém ou alguma coisa, pula passando por cima dele caindo a sua frente na entrada da caverna. 

- Meu Deus, que isso? -  fala Tony muito apavorado e sem ar. - O que você quer de mim? - a coisa fica olhando para Tony sem responder, fazendo movimentos estranhos no corpo. Tony percebe que sua forma é humana mas seus pés não tocam diretamente no chão e seu chapéu cobre seu rosto fazendo uma sombra escura. 

- Olha, eu estou aqui porque encontrei uma caixa com uma carta, uma bussola e um medalhão e na carta dizia que eu tinha que ir até a montanha e que não poderia mais retornar. Eu sei isso tudo parece loucura, eu também achei que fosse até a pouco antes de te ver -  a coisa o interrompe gritando alto um som apavorante e medonho. 

- ahhhhhhhhhhhhhhh -  grita lançando ventos gelados na direção de Tony.

- Ok, ok, me desculpa, eu entendi já, eu acho que invadi sua caverna, não pedi licença e nem se quer perguntei se tinha alguém. Eu sei, me desculpe, não entro mais ai, vou seguir caminho, tudo bem? Façamos assim, não aconteceu nada aqui ok, não nos vimos e tudo certo - Tony vai caminhando para traz lentamente. 

- Nãooo - fala a coisa! - Você não vai a lugar algum rapaz. Eu te conheço, eu sei quem você é sobrinho de Ilda -  E começa a dar risadas baixas. Seus olhos ficam vermelhos e seus dentes são grandes e bagunçados. Tony começa a respirar rápido e treme muito. 

- Quem é você pelos deuses eu pergunto? - enquanto olha para a bussola ela aponta para o homem que ao mesmo tempo aponta para a montanha. - Não pode ser, você existe, você é real, não era apenas historias bizarras você é.... - e o homem termina a frase!

- O Fantasma da Montanha - a avança para Tony o pegando com sua mãos, que grita alto soltando a bussola apontada para o fantasma.








O Menino e o Fantasma da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora