Memórias fantasmagóricas

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Na semana passada Ilda havia marcado um chá com Tony pois tinha algo muito importante a contar. Então ela combinou as 05:00 PM em ponto, e exigiu que Tony levasse seu caderno de anotações até sua humilde casa.
Como de costume Tony passou na venda da senhora Evans e levou 4 Pães de salame com queijo.

Ilda sabia que não teria muito tempo, e precisa de alguém de confiança para contar seu segredo. A medida que pensava em como dizer tudo a Tony sentia que algo de ruim se aproximava dela, porém nada a faria mudar de ideia e estava disposta a passar por tudo mas iria em frente e contaria seu segredo ao sobrinho.

- Tia Ilda, cheguei para nosso chá da tarde e trouxe pães macios e quentinhos do jeito que a senhora gosta. - bate na porta quatro vezes olhando pela janela da sala procurando por Ilda.

- Ora, ora se não é meu sobrinho lindo que tanto amo. Tony, entre querido a porta esta aberta, apenas encostada, já estava a sua espera. - grita do corredor olhando para a porta.

Tony entra na casa e da porta sente o cheiro do famoso chá da tia Ilda, e vai caminhando até a cozinha mas antes para em frente aos retratos sobre a estante e fala!

- Tia, não tinha notado ainda seus porta retratos. Quanta gente que eu não conheço. - pega um porta retrato nas mãos. - Diga uma coisa, porquê guarda foto de tanta gente estranha? - segue andando até a cozinha com o quadro na mão.

- Querido, eu conheço muitas pessoas, algumas podem ser estranhas para você, mas para mim, são todas conhecidas. Você sabe né que sou bem sociável e adoro fazer amizades pelo mundo. - Olha para Tony que se aproxima da bancada, e preparando o as xícaras fixa os olhos no quadro nas mãos do sobrinho.

- Tia Ilda não conheço uma pessoa que não goste da senhora - da um sorriso discreto e coloca o quadro na bancada.

- Tony, me diga uma coisa, como esta minha irmã Suzan? Sua madrinha continua pegando no teu pé com as tarefas? - discretamente pega o quadro da bancada e o guardando na gaveta.

- Nossa ela é obcecada por tarefas, madrinha tem esse jeito mas eu a amo muito, ela tem feito o melhor por mim, ela é a mãe o o pai que não tenho sabe.

Por um momento o silêncio é protagonista na cozinha, Ilda enche as duas xícaras de chá e Tony compartilha os pães.
Passado o silêncio Ilda se senta junto ao sobrinho que fica a olhando aguardando que ela falar alguma coisa.

- Tia, porque me chamou aqui esta tarde? Não é apenas um chá com pão certo? - da o primeiro gole esperando a tia que também saboreia o chá da tarde.

- Tony, eu não tenho muito tempo meu querido. - Tony interrompe.
- Tempo para que Tia? Do que a senhora esta falando? - mastiga o pão lentamente com a expressão um tanto preocupado mas se deliciando com a mistura de pão e chá. 

- Veja meu amor, você precisa saber algumas verdades, verdades que nunca te contaram, que só eu e sua madrinha sabemos, e que preferimos guardar em segredo. Mas claro para sua segurança. - molhando o pão no chá respira lentamente e pausadamente.

- Que história maluca é essa Tia Ilda, - solta o pão na bancada e segura na mão dela. - Por favor me conte então, estou aflito agora com esse seu suspense. - toma mais um gole do chá como se tivesse bebendo pedaços de pedra ou cacos de vidro.

- Filho, um pouco antes de você nascer, precisamente 2 anos antes todos nos morávamos naquela casa que você mora hoje com sua Madrinha. Eu, sua Madrinha Suzan, sua mãe Ana, sua avó e nosso jardineiro Júlio.
- ela então inicia a história e Tony a observa fixamente sem desviar o olhar.

Ilda conta que sempre viveram bem naquele lugar, trabalhavam com a plantação, vivendo literalmente do que plantavam.
Ao passar dos dias a mãe de Tony se apaixonou pelo jardineiro que também retribuiu o amor pedindo a mão de Ana em casamento para a avó de Tony.
Só que o pedido foi negado, e com a rebeldia de Ana ela decide desobedecer sua mãe e se relaciona escondido com o jardineiro vindo a engravidar de Tony.
Aquele dia ficou tudo muito conturbado, brigas aconteceram na casa, e Júlio  decidiu fugir com Ana para as montanhas.
Ilda diz para Tony que fez de tudo para impedir tal loucura de sua mãe, mas eles estavam cegos de amor, e Ana contou com total apoio da Madrinha Suzan.
Tudo arranjado, uma noite antes, a avó de Tony vai até o quarto de Ana e chegando próximo a cama lança uma maldição contra eles. Nessa maldição ela dizia que nesta união não prevaleceria três vidas, porem apenas uma, a vida daquele que inocente não teve alguma escolha. - Tony interrompe.

O Menino e o Fantasma da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora