Prólogo

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(Estranho) - Primeira vez na Pepper's Hall?

- Sim, primeira vez.

(Estranho) - Tá curtindo?

- Ah cara, é bem legal aqui, eu não conhecia.

(Estranho) - Veio só?

- Sim, tava no maior tédio, resolvi sair de última hora.

(Estranho) - Ah, deixe-me apresentar, Sou o Heitor, prazer!

- Sou o Bernardo, prazer!

Foi exatamente assim que fui abordado na casa noturna pelo Heitor, deixe me descrever-lo. Heitor, 38 anos, mais ou menos 1,85, corpo atlético, um sorriso atraente, olhar sedutor, pele branca, olhos castanhos claros. Um cara que sabia conduzir uma conversa agradável.

Até aquele momento no diálogo com o Heitor eu era convicto da minha sexualidade, nunca tinha me envolvido com pessoas do mesmo sexo e era algo que estava fora de cogitação.

Sou de uma família muito tradicional, com uma ligação forte entre a religiosidade e saúde. Meus pais são médicos. Pai é especializado em cárdio, já minha mãe em pediatria. Cresci nesse meio, e foi algo que me fascinou.

Sempre fui bastante receptivo com qualquer tipo de pessoa, e devo transmitir isso, por que vários desconhecidos puxam papo comigo. Tenho 20 anos, pele branca, 1,79 de altura, físico de academia, olhos de uma mistura de verde e castanho, cabelo preto, e estou no meu 5° período da faculdade de Medicina.

Na noite em que conheci o Heitor na casa noturna, a maior parte do tempo passamos conversando. O Heitor me falou sobre sua carreira como empresário, que vem de uma família empreendedora, e isso acarretou no envolvimento mais cedo no ramo. Casou-se e foi pai muito novo, relatou que seu filho tinha a mesma idade que a minha, e que também estudava na mesma faculdade, porém não escutei nitidamente quando ele falou o curso do filho, pois foi em um momento que o som havia sido aumentado, lembro-me de ouvir algo relacionado a saúde.

Mesmo meus pais sendo da capital, optei por morar sozinho em um apartamento que fui presenteado pelos meus avós. Sempre tive dentro de casa a liberdade de escolher o que era lícito para mim, e quando tomei essa decisão, meus pais aceitaram de boas, pois era algo que fazia parte do meu amadurecimento pessoal.

Como eu tinha aula no sábado a tarde, decidi voltar da Pepper's Hall, um pouco mais cedo pra dar tempo descansar antes de ir a aula. O papo com o Heitor estava muito produtivo, porém eu teria que ir, falei pra ele a situação e agradeci por ter me tirado do tédio.

Heitor - Tá de carro?

- Não, meu carro estar na oficina, vou chamar um táxi.

Heitor - Posso te dar uma carona, já estou indo também.

- Não precisa se incomodar cara, eu pego um táxi, fica melhor para os dois.

Heitor - Eu insisto (risos).

No decorrer do percurso o Heitor não parava de relatar sobre sua empresa de equipamentos médicos e eu ouvia atentamente suas palavras. A relação com a saúde não era algo só minha, e em certo momento ele disse que sonhou em ser médico, porém o receio de não suportar o fez desistir da carreira, e que encontrou o que realmente gosta de exercer.  Ao chegar no edifício o Heitor me convidou a visitar a sua empresa, já que meu curso e sua empresa tinha tudo haver. Acabamos trocando os nossos contatos. O agradeci pela carona e ele seguiu seu caminho.

Ao pensar sobre as conversas com Heitor, nada à mais que uma nova amizade seria. Mas é claro que eu estava enganado, porém não sabia. O Heitor entraria na minha vida para mudar meus conceitos, bagunçar alguns princípios, e me ensinar que entre duas pessoas do mesmo sexo também pode existir algo além de uma amizade.

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