Capítulo 03

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 Aquela noite foi estranha, confusa e perturbadora. Foi difícil conseguir dormir. Todas as vezes que eu conseguia fechar meus olhos o Heitor invadia meus pensamentos, como um ladrão que não pede permissão para entrar em uma residência. Eu não fazia ideia de como lidar com algo novo. Como lidar com aquele sentimento novo e repentino. Não sei ao certo a hora que dormi, mas sei que era tarde, muito tarde. Eu só queria atravessar esse mar de incertezas e não me afogar no caminho.

 Acordei tarde. Tinha esquecido completamente de pôr o celular para despertar-me. A aula já era, e eu não estava afim de chegar na conclusão do conteúdo. Pensei bastante antes de fazer o que eu estava prestes a realizar.

 " Olá. Não sei como proceder. Mas eu sei que errei contigo e gostaria de dizer que estou assustado como as coisas aconteceram. Estou assustado comigo mesmo. Não sei como agir. Não faz meu tipo fugir, e para falar a verdade, eu não quero fugir. Eu só estou com medo e confuso. Talvez, depois que eu aperte o botão de enviar, eu fique com o sentimento de arrependimento, mas tenho que fazer isso enquanto á coragem em mim. Eu quero te conhecer mais. Eu gosto da sensação de conforto e tranquilidade que tu me traz quando estou em tua presença. Eu quero sentir novamente a sensação de prazer quando os teus lábios se encontra com os meus. Eu quero sentir o calor do teu corpo junto ao meu. Sentir o teu cheiro. Sentir você. Me desculpa. Só me ajuda a mim entender melhor. "

                       (- Bernardo)


 Em instantes e instantes eu visualizava a tela do celular para verificar se havia retorno do Heitor. Mas decidir ocupar minha mente com outras coisas. conclui alguns trabalhos da faculdade que estava pendente. respondi alguns amigos que questionaram a minha falta na aula, e fui malhar. Sai da academia e fui em direção a casa dos meus pais. Fazia bastante tempo que eu não costumava ir vê-los durante a semana, mas eu queria desparecer a minha mente. Não levei comigo o meu celular. Sintonizei em uma estação de rádio ao qual não prestei atenção em qual era. Queria apenas saber o horário, ao qual não demorou muito para o locutor falar. Era 15:37 min. Não me estendi muito na conversa com meus pais, até porque eles estavam prestes a sair. Retornei para casa, na expectativa de ter resposta. Nada havia. O Heitor não tinha entrado em contato comigo, e isso meio que me chateou. Como é tão fácil assim esquecer alguém? Pensei eu. Tomei meu banho e tentei ao máximo relaxar. 


 (Portaria) - Sr. Bernardo?

- Sim, é ele.

(Portaria) - O Sr. Heitor quer saber se  você permiti a sua entrada. Posso liberar?

 Meu corpo inteiro gritou. Parei no tempo. Até ser despertado pela voz do porteiro, repetindo a pergunta.

- Ah, claro. Pode conceder o acesso. Obrigado!

 Não sabia se pulava de alegria, ou corria de desespero. Minhas pernas tremiam. Eu estava realmente nervoso. Era como se fosse meu primeiro encontro, aliás, não deixava de ser um primeiro encontro com alguém do mesmo sexo. Escutei algumas batidas de leves na porta, e sabia que era ele. Fui até a porta e abri assim que pus a mão na maçaneta. Ele tava de terno preto, com uma gravata azul, que por sinal, é minha cor favorita, e caia super bem nele. Fiz uma careta ao vê-lo vestido assim, e certamente ele reparou na minha expressão. 


(Heitor) - Calma, não quero pedir a sua mão em casamento, não agora. É que eu acabei de sair de uma reunião importante, e não queria perder tempo indo em casa trocar de roupa. até porque, eu ainda continuo  cheiroso (risos). 

 Fiquei todo corado, mas não posso negar que estava gostando da situação.

- Que belo senso de humor Sr. Heitor. Entre por favor! 

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⏰ Última atualização: Aug 06, 2018 ⏰

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