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E se eu te pedisse desculpas por tudo o que aconteceu? Tudo bem, você não precisa de nenhuma delas. Mas eu preciso. Às vezes é difícil repousar a cabeça no travesseiro enquanto você se crucifica abertamente. Me pergunto se ele está cheio de lágrimas, cacos de vidro ou algodão. A tortura maior é que você está em absolutamente toda a parte, apenas se materializa em formas diferentes.

{jungkook.}

Os minutos estendiam-se como as infinitas ondas do mar. Penso. Repenso. Parece estar cada vez mais viva a imagem de Rosé, bem ali, a minha frente. O dia mal se iniciara e minha fadiga já era tamanha. O ponteiro maior termina de completar a sua última volta. Quatro horas. Olhos vazios, não suportam mais a ideia de permanecerem abertos. Porém, de súbito, entro em alerta ao ouvir meu nome vagar numa desconhecida voz masculina. Meu olhar percorre toda a sala de espera, sendo interrompido pela imagem de um homem, de estatura mediana, vestido em tons brancos.

- Me desculpe, não sou muito bom com apresentações - ele sorri, dando ênfase em algumas de suas linhas de expressão. - Eu sou o doutor Lee. Estou encarregado do garoto Park Jimin, e você está inserido na ficha dele.

Park Jimin. A real preocupação disso tudo. Park Jimin.

O grisalho parece demasiadamente inquieto, ansioso. Não acho lícito perguntar o por quê.

- Sim nós somos... Jimin é um grande amigo. Eu preciso de notícias, doutor.- O encaro com pesar. Seus olhos se desviam rapidamente para o seu lado.

- O paciente está se recuperando bem rápido. - ele diz enquanto folheia algumas páginas soltas em suas mãos. - Repousa no primeiro quarto daquele corredor, era o que eu precisava te avisar.

Encaro o lugar indicado com atenção. Sinto meu rosto se iluminar.

- Muito obrigado, muito... - não termino.

Uma perfeita mistura de emoções. Entrego um último olhar agradecido para o doutor Lee e sigo em direção ao quarto. A primeira boa notícia daquela madrugada. Meus pés deslizam sobre o chão encerado. Empurro cuidadosamente a maçaneta da porta.

É um quarto de certa forma pequeno, claro e aconchegante. Posso ver um sofá de dois lugares no canto próximo a janela entreaberta. Finalmente, o leito. Jimin permanece com seus olhos fechados sobre sua maca enquanto uma enfermeira termina de aplicar a medicação. O rosto dele ainda está inchado, com muitas partes irritadas numa vermelhidão extrema; Também, ali, algumas feridas abertas. Aquela primeira visão que tive do mesmo depois do acidente fora atordoante. Todos os meus neurônios se prontificaram a trabalhar ao mesmo tempo, porém eu não sinto que eles estão ao meu favor em momento algum. Era gratificante saber que Jimin estava vivo; Entretanto seria insuportável vê-lo num estado pior que este, sofrendo qualquer tipo de dor. Eu não aceitaria.

- Não acordou desde a última cirurgia de emergência, e creio que não irá tão cedo. Se houver alguma mudança em seu quadro, por favor avise. - A funcionária assente e deixa o quarto. Agradeço.

Meus pés contornam a sala até chegar na única cama improvisada situada ali. Sorrio para a face adormecida de Jimin.

- Não importa, sabe? Para mim, você sempre irá ser um anjo.
Continuo a caminhar pelo quarto. Meus ouvidos parecem se acostumar aos barulhos fracos que as máquinas ligadas a ele emitiam constantemente.

smile for the camera [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora