oitavo clique

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Minha alma grita por ti, porém ela não obtém resposta. Chame meu nome, ao menos num sussurro. Não preciso de um motivo para viver, pois você me basta. Consegue compreender isso?

{jimin.}

Cruzo os braços, e permaneço na mesma posição anterior, pensativo. Eu esperava que Roseanne não fosse alguém tão maligna, uma pessoa tão baixa. Apesar de tudo, eu me preocupo com a sua saúde mental, e desejo imensamente a volta de Jungkook para que possa tratar daquilo. Deve receber ajuda psiquiátrica o quanto antes. Suspiro, girando meu pescoço num circulo imaginário ao teto. Talvez não só ela precise de um médico.

Às vezes sinto que quero morrer.

Eu sinceramente tento ao máximo evitar pensamentos do tipo, pois eles me deixam mais deprimidos ainda - Sou um fracasso até mesmo para acabar com minha vida - Me concentro em tatear o criado-mudo e derrubo a tigela de sopa sem querer; Ótimo, Jimin. Um pouco mais abaixo encontro as gavetas, e na última, o que procuro.

Sinto a lâmina reluzir apenas pelo breve toque.

Em questão de segundos, ela desliza suavemente por meu pulso esquerdo, causando-me certos delírios acompanhados por repulsa. Tais sensações tem o poder de maquear a dor. Coloco, então, um sorriso nos lábios.

- Ei, Park Jimin! Você já se cortou alguma vez?

A voz feminina ecoa pela casa, me causando um intenso frio ma barriga diante da sentença.

Quase que involuntariamente, atiro o objeto cortante para algum canto qualquer, cruzando os braços em volta de mim mesmo. Não faço questão de imaginar o por quê da repentina indagação de Roseanne, porém a cada passo seu na escada significava uma batida mais alta em meu coração. E eles estavam muito rápidos.

A porta se fecha atrás de mim, me assustando pelo fato de não ter sido premeditado. Risadas altas preenchem o quarto.

- Jimin, bobinho! O quê aconteceu? Parece estar com medo.

- Não tenho medo de você. - respondo ríspido.

Novamente, mais risos.

- Tudo bem, tudo bem... mas a partir de hoje é melhor que comece a desenvolver.

Meu corpo é jogado para fora da cadeira de madeira do quarto, alcançando o chão em poucos segundos. Me sinto confuso e atordoado. Antes que pudesse ter alguma noção de onde ela está, sou atingido por um chute na região do estômago. Isso dói; Após agonizar por determinado tempo - mais se parece que tudo está em câmera lenta - me encosto na parede mais próxima. Seus passos e respiração estão fortes e próximos, o que me faz cobrir meu abdômen dolorido com a ajuda dos braços.

Um grande objeto é jogado com violência em minha direção; Meu cérebro apaga.

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Sinto novamente minha respiração e audição tão bem como nunca. Estou numa parte fria do chão, e entendo como o quarto devido a sua madeira. Minha memória não é das melhores, porém recebo vagamente algumas informações. Roseanne havia me atingido com algo, não sei dizer o quê. Me concentro em buscar respostas, primeiramente, achando-a.

Antes de me levantar, ouço sua voz num tom audível. E não somente ela está ali.

- Não quero que seja em lugares perceptíveis, está me entendendo? Apenas um susto, Namjoon, somente para que ele saia do meu caminho.

- Você estava tão alterada quando me pediu, achei que...

- Não, eu não quero nenhum cadáver aqui. Jungkook não seria idiota o bastante para acreditar em suicídio.

- Tudo bem. - a voz masculina diz, finalmente - Onde o garoto está desmaiado?

- Bem ali, perto da cama.

Permaneço imóvel, cortando a própria respiração. Não há mais saída.

- Ei, Namjoon, espere. - a voz de Roseanne está baixa e num tom diferente. - Você parece tão tenso. Acho que poderíamos...

Acabam-se as palavras, trazendo um silêncio passageiro. Numa fração de segundo, consigo ouvir claramente respirações e gemidos fracos, ao mesmo tempo em que objetos caem ao chão. Eu não quero sequer imaginar a cena.

Me arrasto pelo chão, visto que nem ao menos passos conseguiriam ser ouvidos em meio ao caos que está o quarto de hóspedes. Começo a me familiarizar com o ambiente, assim que sinto os pés da cama, da pequena mesa e por fim, o guarda-roupa. Abro vagamente uma de suas portas, tentando fazer o menor barulho possível; Empurro alguns lençóis para o fundo e coloco o superior de meu corpo dentro. Após isto, puxo minhas pernas para que possam se ajustar naquele espaço mínimo e não obtenho problemas.

Fecho a porta e espero. Espero. Espero por muito tempo, não sei dizer quanto.

Até que num determinado momento, o silêncio é quebrado pela mesma voz que me assombra a quase todos os momentos.

- Você não veio até aqui para isso seu rato, vá fazer logo o seu trabalho.

Passos fortes são exercidos sobre o quarto, o que me causa certo desconforto. Me encolho em meio aos cobertores, desejando que Jungkook apareça a qualquer momento; Tenho certeza de que ele vai. O caminhar não termina, e junto com ele, as indagações:

- Onde você se escondeu garotinha? Será que foi procurar as suas bonecas para brincar?

Engulo em seco ao notar a voz se aproximar.

- Jimin, não seja covarde, apareça. Ou nós dois iremos ter que te buscar?

Algumas risadas, acompanhados por sibilos de "onde acha que ele pode estar?".

- Ora, Jimin, sim? O quê acha de nos conhecermos? Guarde suas bonecas, por que hoje sou eu quem vai brincar.

Afundo o rosto em meio aos joelhos, começando a lembrar-me de algumas rezas a fim de repeti-las em meu pensamento. A porta do guarda-roupa é aberta. Fecho os olhos com pavor. Risos baixos tomam conta do lugar.

- Hum... Onde será que ele está? Não consigo ver nada aqui.

- Olhe só o que achei, Jimin você está bem aí! - Roseanne diz enquanto dá um tapinha em meu ombro.

- Não encoste em mim. Tenho nojo de você.

- Estou tão ofendida, Jimin! Eu achava que nós fôssemos como verdadeiros irmãos, e é uma pena que não reconheça isso. Acho que vou precisar sair para chorar. Mas antes quero que conheça um amigo.

Permaneço imóvel durante todo o seu discurso tosco. Porém, sou jogado para fora dali em questão de segundos; Meu braço direito bate contra a cama e grito em resposta. Isso não ajuda em nada. Um, de muitos outros socos, é depositado em meu rosto, e consigo sentir o gosto terrível do sangue em minha boca.

- Não...

Após isso, outro chute em meu estômago. Mais um, iniciando-se uma sequência. Sinto que meus sentidos começam a fraquejar, um por um.

Jungkook, preciso que me ajude.

- Espere, querido, espere. Achei isso no laboratório fotográfico mais cedo. Não acha que esse momento merece um belo clique?

Consigo de alguma forma imaginar a imagem da garota, segurando a câmera numa feição triunfante. O homem me estende, de forma que me sento à cama.

- Muito bem, Jimin. Hum, está maravilhoso. Um, dois e... Sorria para a câmera!

Quero chorar, contudo não sai nenhum tipo de lágrima por meus olhos, tanto quanto nenhum resquício de som em minhas cordas vocais. Eu estou cansado. Sou imobilizado, de forma que um travesseiro impede minha passagem de ar. Vinte segundos podem totalizar perfeitamente, e ao fim destes, caio novamente ao chão.

Pensando melhor, isto não é nada comparado ao que eu realmente mereço.

Você não veio.

smile for the camera [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora