sétimo clique

3.3K 499 256
                                    

Preferiria acreditar que você se esqueceu, que fora apenas uma falha de memória. Sou atordoada com isso pois, quando o vê-lo novamente, o seu "que saudade!" não será tão franco. Você não se esqueceu de nosso amor, só simplismente finge que ele já não existe mais. Ao menos, em algo você está certo.
Desejo que esteja errado.

{rosé.}

- Com licença. - digo enquanto abro a porta do quarto de hóspedes; Sim. É exatamente o q que e aquele maldito é: um hóspede indesejável.

Ele permanece calado e imóvel.

- Preparei algo para que você coma, Jimin.

- Não quero.

- Não quer? Você quase não come nada, escute, não quero que fique mais doente do que já está.

Ele suspira e se vira para mim, ainda com o olhar em diversas direções. Patético.

- Já se fazem quatro dias. Sinto a falta dele.

Abafo um riso alto. Num espetáculo circense eu definitivamente me divertiria menos. Encho uma colher com o conteúdo da sopa que acaba de ser feita, e levo até a sua boca. Jimin se assusta e cospe de volta, tocando levemente a região; Não sabe nem ao menos se alimentar direito, merece se queimar mais vezes.

- Tudo bem, mas você já pensou se Jeon sente a sua? Sim, exatamente o que acaba se pensar. Ele não sente.

- Ele sente.

- Por favor, Park Jimin, você parece uma criança! Caia na real de que ele nunca vai reparar em você da forma que deseja. Não passa de um peso nas costas dele, de uma obrigação tediosa.

O garoto se cala. Arqueio a sombrancelha num ar vitorioso, prosseguindo.

- Maldita a hora em que meu noivo investiu nessa amizade. Entendeu bem? Amizade, nada mais. O quê pensa sobre isso, pequeno Jimin. A sensação de não ser correspondido deve ser horrível... O quê é isso?

Me aproximo do mais dele, notando algumas marcas diferentes em seus pulsos e braços; ele os esconde.

É a piada do século.

- Me responda! o quê é isso? Está cogitando a ideia de se suicidar, ceguinho? - digo enquanto puxo um de seus braços para avaliar- Não faço ideia de onde arranjou objetos afiados para isso aqui mas trago outros sem o menor problema. Gay ridículo, seus pais teriam nojo de você. Eu tenho.

Consigo ouvir seus soluços. Ele chora, feito uma criança indefesa. Meu coração se aperta e quase chego ao ponto de retirar tudo o que disse, em sinal de arrependimento. Mas não. A única coisa que ele merece é sair do meu caminho.

Farei o que for possível para que ele não entre no de Jungkook.

- Roseanne. Não me importo com o que você diz. - sua voz é falha - Você é doente; uma psicopata.

Rio e posiciono a tigela, agora fria, em cima do criado-mudo.

- Tenha um bom desjejum.

- Maldita. - ele murmura.

- Cuidado para não se machucar.

Deixo o quarto, descendo em alguns pequenos pulos. Ao chegar na sala, bato o pé no rodapé da parede, num momento de distração. Sussurro um palavrão em resposta a dor e me jogo no sofá. Ouço, enfim, um ruído emitido pelo celular. É ele.

"Oi."

"Estou a caminho, me dê vinte minutos."

O telefone é desligado. Tudo bem, tudo bem. Vinte minutos.

Encaro o relógio. Oito e quinze. Disco o número de Lisa prontamente.

Após alguns segundos, ela atende:

"Sim?"

"Sou eu, Rosé."

"Ah, olá. Aconteceu alguma coisa? O cego..."

"Não, Lalisa, não aconteceu nada. Não por enquanto."

"Mas... você não está pensando em fazer..."

"Nem você, nem ninguém me diz o quê posso ou não fazer!... droga, tenho que falar baixo para que aquele imundo não ouça. Enfim, só pensei em ligar para dizer o quanto ele está me dando nos nervos."

"Rosé, me ouça bem. Você é a minha melhor amiga, mas se ainda estiver pensando em..."

"Eu não estou."

"Eu irei chamar a polícia. Você já está passando dos limites."

"Não precisa se preocupar. Eu não sou esse monstro que imagina, Lisa."

"Gosto de ouvir isso, eu só me importo com a sua saúde. Principalmente com a sua saúde mental."

"Tá bom, tá bom. Tchau."

"Tchau e espero que..."

Desligo.

- Garota chata do caralho.

Lanço o telefone ao longe, irada. Ele se abre ao meio na queda, exibindo alguns pequenos fios e peças pelo tapete. Me dirijo até lá, prestando demasiada atenção nelas.

Numa das tiras metálicas encontradas ali, aperto com a ajuda do polegar junto ao indicador, o que os fazem sangrar. Sorrio.

- Ei, Park Jimin! Você já se cortou alguma vez?

xxxxxxxxxx
juro que tenho dó gente.... EU JURO

smile for the camera [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora