Capítulo 4

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Se eu dissesse que aquele fim de semana foi o melhor da minha vida, seria totalmente verdade. Mas a semana seguinte foi a pior de todas. Mas é o que dizem: Se os seus pais não estão certos, eles estão certos.

Eu poderia negar para qualquer um que perguntasse, mas eu havia apostado todas as minhas fichas em Benjamin. Nós dois havíamos ficado inseparáveis e eu queria passar cada momento livre junto com ele para não lembrar da vida sem graça que eu tinha antes de ele aparecer. Até assistir as minhas séries era mais legal com ele junto.

O problema foi que além de ganhar beleza, Benjamin ganhou novos amigos. Era verdade que antes daquela viagem eu percebi as pessoas se aproximando dele, mas achei que era uma coisa de momento, já que ele era novidade por estar diferente. Só que não foi.

Tudo começou na segunda-feira, nós tínhamos voltado no domingo e por algum motivo, estávamos ainda mais íntimos, nos abraçando com frequência e encarando um ao outro por minutos a mais que o recomendado para simples amigos, mas eu gostava daquilo. Então eu liguei para ele e o convidei para ir ao cinema assistir Convergente, já que tínhamos visto Insurgente no sábado, mas ele disse que tinha planos e que depois falava comigo, desligando em seguida. Eu estranhei, é claro, mas esperava que fosse apenas aquele dia.

O problema foi que ele deu a mesma desculpa na terça, na quarta e na quinta. Quando chegou a sexta, eu já não estava com vontade de convida-lo para mais nada e nem de viver. Meu pai tinha razão quando disse para eu não depositar minhas expectativas em Benjamin e eu me joguei naquilo com tanta força que não percebi quando ele soltou a minha mão no meio do caminho. Infelizmente ele não a estava segurando até o fim, como fez no dia em que pulamos no mar.

Naquele mesmo dia, fui ao grupo de apoio e ainda tinha esperanças de que ele iria e nós poderíamos rir juntos do Adam Sexto Sentido – apelido que criamos para ele - ou nos perguntar o motivo de estarmos ali, já que nossa vida estava normal de novo. Bom, na verdade, apenas a dele estava.

Era a primeira semana ruim que eu tinha depois de quase um mês, mas parecia que eu conhecia Benjamin há muito mais tempo, então foi mil vezes pior. Eu me obriguei a não chorar, voltando para a minha vida de escola, séries e cama. Meu pai percebeu a falta da presença de Benjamin, mas não disse nada, como se soubesse que tinha algo errado.

A noite já estava chegando e meu sábado tinha sido incrivelmente péssimo, minha mãe queria que eu fosse para a casa dela e disse que me levaria em uma festa da igreja, mas recusei, dizendo que iria sair. Quando meu pai me deixou sozinha para encontrar com amigos de infância, eu peguei minha bolsa e fui até o café da cidade, doida para tomar um frappuccino e esquecer a existência de Benjamin.

Mas como nada dava certo na minha vida...

Assim que eu cheguei no café, ouvi uma risada conhecida e senti um frio se alastrar na minha barriga, mas logo que meus olhos localizaram de onde a risada vinha, eu senti a pior das dores no coração. Benjamin estava ao lado de Spencer e mais um grupo de meninas e meninos, rindo alto de algo que eu não tinha vontade de saber e o braço dela estava entrelaçado no dele. Eu podia ver que ela estava totalmente atraída pela forma que o olhava e aquilo me deu ânsia.

Corri para fora do café, segurando as lágrimas que até então não tinham ousado aparecer, mas que planejavam cair com força total e dei passos largos para me afastar. Porém, quando cheguei na esquina, duas mãos me seguraram com precisão.

-Marlene? O que houve? - Benjamin me puxou para um abraço e eu o empurrei.

-Para que você quer saber? Vai contar para os seus novos amigos para vocês ficarem rindo de mim? - passei as duas mãos no rosto, secando com força as lágrimas que caíam livremente e ignorando o fato de que eu provavelmente tinha espalhado rímel pelo rosto todo.

Se Enlouquecer Não Se ApaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora