Capítulo 2

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Não existe um dia mais depressivo que a segunda-feira, pior ainda é ir para a escola nesse dia. As férias haviam acabado e eu praticamente sentia vontade de chorar só de pensar em ir para aquele lugar. Spencer e eu não estávamos nos falando e eu iria ficar sozinha. Mas é como diz o famoso ditado: Vamos fazer o quê?

Quando meu pai me deixou em frente ao portão, fingi que estava muito feliz com o primeiro dia de aula e forcei um sorriso para que ele não fosse trabalhar com medo de eu me enforcar em uma sala vazia. Essa era uma das opções de suicídio que escrevi no meu blog de desabafo.

Enquanto eu andava pelo pátio, algumas pessoas me cumprimentavam e eu respondia tentando não revirar os olhos quando Spencer passou ao meu lado e lançou aquele olhar de pena na minha direção como se pensasse "Nossa, ela vai continuar bancando a dramática até quando? Tadinha, vai morrer sozinha". No mesmo momento eu olhei para o chão desejando que tivesse uma casca de banana para ela levar um tombo e parar de me olhar.

As aulas daquele dia passaram tão devagar que eu já estava quase dormindo na última, enquanto observava Asher Monroe fazendo imitações no auditório, ignorando as ordens da professora de Teatro que pediu para que organizássemos o cenário para o musical de primavera.

-Houston, temos um problema! - ele gritou, me fazendo dar um pulo e deixar cair o estilete que usava para cortar o galho de uma árvore falsa, quase decapitei a metade do meu pé. Maldito Asher, maldita imitação de Tom Hanks.

-Asher, ninguém está afim de ouvir suas imitações, vá fazer o que mandei.

Srta. Elisabeth entrou no auditório e ele correu para o canto do palco onde estava o seu grupo de desenho. Murmurei um "graças a Deus" e voltei a cortar os galhos maltratados.

-Professora, eu preciso muito disso, vai ser uma atividade extra-curricular, eu não vou estragar tudo, é sério! - a voz conhecida me fez virar mais uma vez na direção da entrada e lá estava ele, as roupas largas, os óculos e cabelo desgrenhado. Benjamin estava com uma expressão de dar pena.

-Tudo bem! - ela bufou, o enxotando com as mãos. - Vá ajudar Marlene com a árvore porque já estou vendo a hora em que ela ficará sem dedos. Depois volte aqui e te darei outras tarefas.

Eu ainda estava tentando assimilar o fato de Benjamin estudar na minha escola e eu nunca ter reparado, quando ele parou do meu lado e murmurou um "oi", pegando outro estilete para me ajudar. De repente, lembrei do que havia decidido e que estava planejando conversar com ele na próxima reunião do grupo de apoio.

-Oi! - respondi, animada. - Como está?

Benjamin franziu a testa, confuso com a minha empolgação e deu de ombros. Ele parecia ter uma certa mania de fazer aquilo.

-Ah, você sabe, fugindo dos caras idiotas daqui, não estou afim de cair hoje ou de quebrar mais uma armação do meu óculos. - ele forçou um sorriso e eu tentei continuar animada para ele não perceber o quanto eu sentia dó dele.

-Na verdade, era sobre isso que eu queria falar com você... - soltei uma risadinha nervosa e Benjamin arregalou os olhos.

-Você querendo falar comigo? - ele não escondeu a surpresa.

-É, eu não sou nenhuma Michele Obama, pode ficar tranquilo. - brinquei e ele assentiu, respirando fundo para depois fazer um gesto de incentivo para eu ir direto ao ponto. - Bom, eu acho que tenho uma solução para o seu problema.

-Como assim? - Benjamin largou o estilete e cruzou os braços, de repente me dando toda a atenção da qual eu precisava. A blusa que ele estava usando naquele dia era do Batman, melhor que tartarugas ninjas.

Se Enlouquecer Não Se ApaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora