Capítulo 4 - Olhar

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Após o sinal tocar e Camila entrar novamente em sua sala, a garota se sentou novamente em seu lugar e pegou o caderno. Escreveu minuciosamente palavra por palavra que fluía a cada novo pensando. A professora Jauregui entrou em sala e pegou as folhas que havia grampeado mais cedo e chamou Dinah Jane novamente para fazer a distribuição para a turma.


_Quero que estudem essas duas folhas para a semana que vem. Faremos um pequeno teste a respeito desse assunto. -Toda a sala começou reclamar. _Não se preocupem. Não será um monstro de sete cabeças. Estudem! -A mulher se sentou novamente enquanto Dinah entregava as folhas.

Camila ja estava na vigésima folha após uma hora fazendo o mesmo processo. Agora faltavam dez folhas e ela estaria livre.

_Srta. Cabello, venha até aqui por favor. -A professora a chamou e os olhares se viraram para Camila que trêmula foi até a mulher.

_Sim? -A garota a olhava.

_Quero as folhas estejam em minha mesa amanhã assim que eu entrar aqui. -Os olhos verdes se chocaram com os castanhos confusos.

_Mas não eram quatro dias? -Camila reclamou.

_Eu sou a professora e você a aluna. -A mulher mantinha seu olhar no de Camila.

Toda a classe as observava. Camila sentia raiva e ódio crescerem juntos dentro de si. Tentava entender o que se passava na cabeça da professora mas era inútil tentar discutir com ela, afinal ela era apenas uma aluna como havia acabado de ser dito e como havia sido dito antes. Camila abaixou o olhar e o ergueu novamente, firme, olhou nos olhos da professora e sorriu.

_Amanhã estarão aqui antes de você chegar. -Camila se virou em direção a sua mesa e se sentou.

Tornou a pegar a folha e a continuar escrevendo. Novamente, sua inspiração foi embora. Quebrou três grafites seguidos em apenas duas linhas. Bufou de raiva e seus olhos se encheram de lágrimas. Sabia que perderia pontos e a matrícula caso surtasse com a professora. Seria mandada imediatamente a direção e seria expulsa. Perdida em pensamentos, foi acordada pelo sinal batendo indicando a saída.

_Até amanhã. -A professora disse todos responderam, de menos Camila que pegou seu material, despediu das amigas e saiu andando até o carro de sua mãe.

_Hoje seu rosto está pior que ontem. -Sinu riu.

Camila apenas revirou os olhos e procurava algum tipo de inspiração interior. Tentou durante todo o trajeto até em casa e tudo o que a fazia pensar melhor era pensar no olhar verde no seu ou a mão quente na sua. Parecia errado? Poderia até ser, Camila não fez nenhum esforço para afastar esse pensamento dessa vez. Se entregou a ele e enfim chegou em casa. Desceu do carro e correu pro quarto, antes, claro, beijou a testa da irmã. Ao entrar em seu quarto pegou seu caderno e começou a escrever novamente. Novamente perdeu almoço, lanche e jantar, pois ficou sem idéia na vigésima terceira folha. Pensou em tudo com todas as forças e as onze e meia da noite conseguiu terminar tudo. Encontrou a cabeça no travesseiro e dormiu do jeito que estava.

Oh raios! Fui convidado pra uma tal de..

_Inferno! -Camila bateu no despertador e pulou da cama indo direto pro banho.

Tomou banho o mais rápido que pode. Pegou uma blusa cinza e calça jeans rasgada e tênis skatista e soltou os cabelos. Pegou a mochila e todas as folhas e saiu em disparada.

_Bom dia família! -Falou e abraçou um por um. _Preciso ir agora. -Camila apressou sua mãe.

_Então vamos. -Sinu disse pegando um biscoito na mesa.

Sinu dirigiu rápido suficiente para Camila ser uma das primeiras a entrar na sala. Ao chegar, pegou todas as folhas e se sentou na mesa da professora, esperando que a mesma chegasse.

_Bom dia Mila. -Ally cumprimentou Camila.

_Chanchuda. -Dinah abraçou Camila.

_Mila. -Normani a abraçou.

O sinal bateu e Camila sorriu de canto ao ver que a professora estava se aproximando da sala. Camila a olhou de cima a baixo e sentiu um formigamento em sua barriga pela milésima vez em três dias. A professora estava linda. Vestia um vestido social colado ao corpo, definindo todas as suas curvas. O cabelo preso em um rabo de cavalo e Camila sentia um formigamento forte na barriga. Estava começando a ficar fora de controle e a garota já não entendia nada mais. Queria apenas..

_Bom dia a todos. -A mulher adentrou a sala. _Vejo que cumpriu com o prometido Srta. Cabello. Pode voltar para seu lugar.

Camila se levantou e foi até sua carteira se ajeitando. A professora pegou todas as folhas da garota e as guardou em um saco plástico novo que foi colocado dentro de sua bolsa. Camila observou toda a cena e respirou aliviada.

_Você conseguiu vadia! -Dinah Jane falou rindo.

Camila suspirou com um riso no rosto. A professora ajeitou os óculos na blusa.

_Na aula de hoje, falaremos sobre a pré-história. -A professora escreveu na lousa. _Por que o termo pré-história? -Ela olhou para a turma. _Srta.Cabello?

_Por que os historiadores datam como um período antes da "história real", algo inicial ou preparativo para o acontecimento principal. -Camila falou mais confiante com o olhar preso no da professora.

_Excelente! -A mulher sorriu. _O termo em si é inválido pois não existe de fato uma pré-história. A história começa a partir do surgimento do homem e sua evolução. O termo pré-história serve mais como uma rotulação para a divisão da linha do tempo que seria Pré-história, idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea, a atual em que vivemos. Vamos ver uma por uma delas mais a fundo este ano. -Colocou os óculos. _Para começar, quero que me digam o que pensam a respeito da pré-história. No mínimo cinqüenta linhas. Ao trabalho.

Camila bufou ao lembrar do tanto que escrevera nos últimos dois dias. A professora Jauregui se aproximou da aluna e colocou um clipe em cima da mesa de Camila.

_Você deixou em uma das folhas. -Sorriu.

Camila sentiu como se fosse explodir com aquele sorriso e não evitou em sorrir de volta. Era uma triste realidade. Camila estava caindo rapidamente e era queda livre.




Srta. Jauregui - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora