"Você está irritada ou apaixonada, por isso quebrou o grafite"
Camila balançou a cabeça saindo de seus devaneios. Olhou ao redor e todos estavam do mesmo jeito. A Srta. Jauregui estava grampeando algumas folhas e ela respirou fundo ao voltar o olhar para a folha em sua mesa. Seu coração estava acelerado um pouco além da conta normal de corações acelerados. Fechou os olhos e respirou fundo três vezes antes de começar a escrever. Estava indo bem. Palavra por palavra. Então o grafite quebrou novamente. Tornou colocar outro. Conseguia ouvir no fundo de sua mente as músicas das bandas que seus pais tanto amavam. Por que diabos estaria pensando em Free Fallin' de John Mayer? Ou Always do Bon Jovi? Novamente o grafite quebrou.
_Mas que droga. -Falou baixo. Estava suando.
Ainda faltavam vinte folhas e sua inspiração toda havia ido embora. Largou a lapiseira e sentia seu coração forte no peito. Camila começou a se auto analizar e a pensar a respeito das sensações que estava sentindo nas últimas horas. Deitou sua cabeça na mesa e massageou as têmporas com as musicas em sua cabeça.
_Classe, cinco minutos para o fim do horário. Organizem a sala por favor. -Srta. Jauregui falou ajeitando os óculos na blusa.
A mulher se sentou e guardou seu notebook dentro da pasta. Soltou os cabelos e os colocou de um lado só. Camila estava com o rosto no caderno e de olhos fechados, ignorando tudo a sua volta.
O sinal logo bateu e ela ergueu o rosto, ajeitou os cabelos e focou o olhar no quadro branco sendo preenchido pela letra da Srta.Jauregui.
_Hoje como vocês podem ver, falaremos sobre o inglês. -Colocou seu pé no suporte da mesa de Camila, que se encostou na cadeira imediamente em uma postura extremamente ereta. _Não quero que façam texto sobre mas sim que reflitam sobre o idioma falado. Começando agora, alguém poderia me dizer por que sky é sky? (Nota: Sky = céu).
Camila engoliu seco. Sabia que ela iria escolher alguém para falar caso ninguém levantasse a mão e estava rezando para não ser ela a escolhida.
_Por que foi assim que foi identificado pelos primeiros falantes da língua inglesa. -Camila decidiu se pronunciar, deixando a voz sair trêmula. _Assim como todas as outras coisas, sky (céu) é uma identificação para a imensidão azul que vemos quando saímos de nossas casas ou até mesmo daqui, através da janela, podemos ver. -Camila respirou fundo e continuou. _Assim como nossos nomes nos identificam, eu por exemplo, sou Camila e não Srta. Cabello. -Concluiu e então suspirou. Seu nervosismo era extremo.
_Exato... Camila. -A professora sorriu levemente para Camila entendendo o recado, deixando a mais nova com um novo formigamento no estômago. _As coisas tem o nome que tem para identificarmos, obviamente. É uma questão de lógica. Estamos acostumados a chamar cada coisa por um nome e então está decretado que o nome de determinado objeto é aquele. -Ela afastou-se da mesa de Camila. _Contudo, a língua inglesa não é só isso. Não é só para comunicar de forma comum e banal. É forma de expressão, de arte, assim como o espanhol, o japonês e o português. O inglês é para ser sentido, assim como as emoções, pois ele é usado como instrumento para transmiti-lá. Tudo que quero com vocês é ensinar vocês a verem as coisas pelo lado mais humano e racional do que no automático. Quero ensinar que há um ir além para cada coisa. Que o inglês é forma de expressão, pois quando você canta em inglês uma música que você considera sua, você está expondo seus sentimentos e você os sente. É isso que quero. Que sintam. -Ela então começou a apagar o quadro. _Por agora é só. Vejo vocês depois do intervalo.
O sinal tocou no mesmo instante em que ela pegou seu material. Camila estava pensativa sobre tudo e pensava o que esse ano escolar reservava para ela, com toda essa novidade em ensino. Sentir a matéria? Isso sim era intrigante.
_Eu odeio essa mulher. -Normani bufou. _Ela se acha demais pro meu gosto. -Se sentou perto das amigas.
Ally e Dinah riam lado a lado.
_Preciso ir até a biblioteca. -Camila disse pegando seu material. _Quero acabar pelo menos essa folha e mais outra até o próximo horário.
As garotas concordaram com a cabeça e Camila se retirou da sala em passos rápidos, indo em direção biblioteca, do outro lado da escola. Sua cabeça doía e ela estava torcendo para não haver ninguém lá ou pelo menos, não muitas pessoas.
Assim que adentrou a vasta biblioteca, sorriu ao ver que não haviam tantas pessoas e se sentou na mesa mais escondida que encontrou. A bibliotecária a entregou um crachá para que ela usasse sempre que quisesse ir até lá. Imediatamente retirou seu caderno e sua lapiseira e voltou a escrever. Palavras e palavras foram escritas até que o verde voltou em sua cabeça e a fez quebrar o grafite novamente. A raiva subiu a cabeça da garota e a mesma sentiu o mesmo calor de mais cedo em sua mão.
_Assim você não vai conseguir me entregar no prazo. -A voz rouca inundou seus ouvidos. _Olhe. -A mulher estava novamente com os cabelos em um coque e de óculos. Ela ajeitou o grafite na lapiseira e a colocou delicadamente na mão de Camila, com a sua por cima. _Suave. -Falou próximo ao ouvido da menina que se arrepiou ao sentir o hálito de menta da mais velha. _Se você não tiver calma, você não irá conseguir. -Camila sentiu seu corpo relaxar quando a mulher se aproximou mais dela. _Viu? -A garota olhou o papel novamente. Ela havia escrito a palavra "paciência" de forma impecável.
A professora sorriu para Camila e se retirou dali, deixando-a com o corpo relaxado. Agora ela tinha certeza que iria conseguir acabar no prazo. Durante o intervalo conseguiu fazer quatro folhas sem esforço algum, as palavras fluíam naturalmente. Agora restavam apenas dezesseis folhas e o sinal para a segunda parte do dia tocou. Pegou suas coisas e sorridente, voltou para a sala, com o perfume da mulher na gola de sua blusa.
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Srta. Jauregui - Camren
PertualanganLauren Jauregui se vê em maus lençóis ao conhecer Camila, sua nova aluna. Juntas verão o desafio para se viver um amor proibido.