Na véspera das núpcias, Avery esperou estivesse sozinha em seus aposentos, pouco depois da segunda refeição e quebrou o espelho. Reuniu todos os estilhaços em um pedaço de tecido, tomando cuidado para não se cortar.
Ela evitou encarar o suntuoso vestido de noiva que a esperava para o dia seguinte, e se esquivou na direção dos jardins para esperar pelo duende, como combinaram. Ela estava adiantada e por isso, sentou-se novamente perto das rosas, com o coração batendo de esperança.
Não tardou para que o duende chegasse. Avery levantou-se rapidamente e ofereceu a ele o embrulho com os estilhaços do espelho da rainha de Olden.
- Aqui está.
- Muito bem, jovem princesa. Muito bem. - Ele sorriu e espiou dentro do embrulho. - Será uma grande rainha, uma vez que cumpre com sua palavra.
- Agora livre-me deste casamento infeliz, como você também prometeu que faria.
O duende sorriu e se aproximou dela.
- Toda essa pressa não seria em razão de um jovem príncipe que sempre lhe manda cartas, seria?
Avery ficou surpresa com os conhecimentos de Rumpelstiltskin, mas não teve tempo de tomar a palavra.
- Minha querida, isso será em vão. - Rumpelstiltskin sorriu. - E agora nem mesmo vivo está.
- O que? - Avery sentiu o corpo estremecer.
- Seu pai o descobriu quando ele vinha ver você na noite de ontem e o executou na guilhotina sem que você soubesse.
- Mentira! - Avery sentiu o rosto molhado por lágrimas. - Meu pai não pode ser tão cruel.
- Ele era apenas um cavalariço que se apaixonou pela princesa e conseguiu entrar no baile. Não se encaixava na grandiosidade dos planos de seu amado pai.
Avery tremia da cabeça aos pés e precisou se recostar á uma árvore para manter-se de pé. Os soluços sacudiam seu peito e ela sentia uma dor aguda no coração, como jamais sentira antes. Tudo estava arruinado para sempre. Ela havia perdido tudo e a culpa era de seu pai.
- Ah não chore, princesa. Não é o fim de tudo. - Ela ouviu a voz do duende atrás dela. - Eu posso tirar essa dor de você e você pode fazê-lo pagar por tudo isso. Eu posso ajudá-la e você só precisa dizer que sim.
O rancor dentro de Avery pelo pai aumentava a cada segundo.
- Vamos, diga o que deseja e eu prometo a você que ele terá o que merece.
Dominada por um sentimento de ódio que ela ainda não experimentara e tomada pelo desejo de vingança, ela assentiu.
- Sim. - Ela encarou o duende. - Eu desejo que ele pague.
Rumpelstiltskin soltou uma risada aguda e depois fez uma reverência.
- Que sua vontade seja feita, vossa alteza.
Então, em um movimento rápido, ele retirou um dos estilhaços do espelho do embrulho e cravou-o no coração de Avery. A princesa resfolegou e sentiu uma dor cortante nos primeiros instantes, mas então, de um momento para o outro, o espelho havia se perdido. Logo depois, tudo o que poderia haver de bom dentro dela, também se perdera.
- Agora você está pronta. - O duende estalou os dedos e então o espelho triangular que ele usava em seu chalé surgiu no chão. - Fique com ele. É um presente para a mais bela de todas. Agora o arremesse e você terá a sua vingança.
Rumpelstiltskin abriu um sorriso para Avery e ela lhe sorriu em reposta. Em seguida atirou o espelho e sentiu quando o suporte prateado atingiu o rei no coração. Então sorriu satisfeita. Estava cumprido.
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Palavras: 594
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ESPELHO NEGRO
Short StoryO pai deu à ela um espelho e ela descobrirá os perigos da vaidade. Em seu décimo sexto aniversário, Avery fica encantada com o presente recebido do rei seu pai. O que é aquele objeto reluzente e sedutor, capaz de refletir tudo o que se expõe diante...