Capítulo 4: Um acordo para salvar um coração

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Avery amanheceu com um pesar terrível sobre seu coração e esqueceu-se até mesmo do espelho coberto em um canto do quarto. Tentou conversar com o pai procurando convencê-lo a desistir de casá-la forçosamente. Contou inclusive do jovem príncipe, mas o rei estava irredutível. Sua sede de poder o impedia de enxergar a infelicidade á qual condenava a filha.

Sem conseguir esconder sua tristeza, ela se refugiou no jardim, longe até mesmo de suas amadas amigas. Enfiou-se perto de um canteiro de rosas vermelhas, as preferidas da mãe e chorou copiosamente a sua sorte. Sua tristeza era tão grande que ela não percebeu, um velho senhor se aproximar.

— Eu sei a causa da sua aflição. — Ele disse arrancando a jovem de sua tormenta e fazendo-a olhá-lo. — E posso ajudá-la para que não sofra em um casamento infeliz, majestade.

Avery o olhou surpresa, mas tudo que o velhinho fez foi sorrir. Ele não parecia nobre, pelas roupas que trajava, mas também não parecia um simples jardineiro.

— Quem é você?

— Eu sou um duende, vossa alteza. — Ele respondeu simplesmente.

A princesa insistiu:

— Qual o seu nome?

O homem sorriu outra vez e fez uma pequena reverência.

— Era um nome secreto até algum tempo. Mas hoje todos o conhecem. Sou Rumpelstiltskin, ás suas ordens jovem princesa.

— Você pode mesmo me ajudar?

— Basta você querer e então, poderemos fazer um acordo que beneficiará aos dois lados.

— Você quer joias? — Avery se sentiu perdida com as palavras do homem.

— Não, não minha princesa. Eu quero os estilhaços.

— Os estilhaços?

— Do espelho que você majestade queria quebrar. Preciso que o quebre e me traga os estilhaços. Então seu coração não sofrerá mais por esse casamento.

Avery pensou que a situação era estranha e lembrou-se de que sua ninfa madrinha pedira os estilhaços do espelho, mas diante do desespero no qual se encontrava, assentiu com a cabeça, aceitando a proposta do duende peculiar.

— Ótimo! — O duende deu três pulinhos e bateu palmas. — Quebre o espelho e encontre-me com os estilhaços aqui neste mesmo local na véspera do casamento. Então tudo estará resolvido.

Um sorriso apareceu nos lábios de Avery e ela correu de volta para o palácio sentindo seu coração leve como uma pluma. Resolveu que não contaria nada a ninguém. Nem para a sua ninfa madrinha ou para suas duas amigas. Estava certa de que tudo funcionaria muito bem e de que podia confiar no duende de nome que ela mal conseguia pronunciar.

As semanas passavam-se com rapidez e Avery mal podia esperar para chegar a data em que poderia se livrar do compromisso. O rei de Handíria era bondoso e tinha uma filhinha muito amável, de lábios vermelhos como a rosa e com uma pele quase translúcida que lhe era compatível com o nome, Branca de neve. Avery gostara muito da bela criança, mas não conseguia ver-se casada com o pai dela.

Principalmente agora que tinha certeza que seu coração já pertencia a outro. Embora o príncipe não houvesse conseguido visitá-la no dia seguinte, por ter sido forçado a voltar ao seu reino, ele começara a lhe escrever cartas às quais Avery sempre respondia com rapidez. Na primeira carta, ela pretendia contar sobre o casamento, mas acabou decidindo-se por não fazê-lo, certa de as núpcias não se concretizariam.

Na última correspondência, a dois dias da data que marcara com o Duende, Avery recebeu uma longa declaração de amor do príncipe Richyn e ele lhe prometeu seu coração e sua adoração eterna. Avery ficou maravilhosamente feliz e ansiou ainda mais pelo dia do acordo para que seu sonho de felicidade se cumprisse.

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