Capítulo 3: Noivado Real

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Mas quando o dia amanheceu Avery não teve tempo para fazer o que queria. O rei seu pai exigira a sua presença logo cedo e não lhe dera prazo para fazer coisa alguma. Suas criadas a banharam e vestiram-na com rapidez, praticamente empurrando-a para fora de seus aposentos quando ficou apresentável.

Avery não sabia o que o pai desejava dela com tamanha impaciência, mas não era de forma alguma rebelde, por isso foi ao encontro dele na sala do trono. Logo depois que Avery o reverenciou, o majestoso soberano foi direto ao ponto:

- Haverá um baile real, amanhã. Reis e príncipes importantes virão e não aceitarei menos que sua perfeição. É de sua responsabilidade cuidar também que os preparativos para receber nossos convidados não se atrasem de maneira alguma, minha querida filha.

A moça não se contrapôs. Concordou com o rei e consumiu todo o seu dia em cuidados para um baile magnânimo. Ao chegar a seu quarto, caiu em sono profundo sendo despertada somente na manhã seguinte para as provas de vestidos e todas as demais eventualidades as quais uma princesa deve suportar para um baile. A noite chegou rápido e logo Avery se viu no salão real, repleto de fidalgos e outras pessoas distintas que tem a sorte de participar de um baile da realeza.

A princesa procurou fazer jus à imagem perfeita que o rei seu pai esperava dela. E por isso, grande parte da noite fora entediante. Era perto das dez quando um jovem cavalheiro, com ares de estrangeiro, mas sem dúvida com um porte que lhe conferia um nascimento nobre, entrou pelas portas. Não houve ninguém que não o olhasse e as moças abandonaram seus pares de dança quando o viram chegar, mas o jovem galante, embora conversasse com todas as donzelas, já estava certo de com qual delas queria dançar.

- Concede-me a honra de uma dança, jovem princesa. - Ele perguntou logo após se apresentar como príncipe Richyn, herdeiro do reino de Castleburwell.

Avery, que estava tão encantada pelo jovem louro e de olhos azuis, não teria outra resposta além do sim. Os dois valsaram e então fugiram sorrateiramente para os jardins reais do palácio. A noite estava brilhante, o tipo de noite feito para se apaixonar. Os dois jovens sentaram-se próximos a uma fonte e conversaram nas horas que se seguiram. E algo que até então parecera adormecido em Avery, despertou como um passe de mágica.

E em meio as luzes das estrelas, os lábios dele tocaram os dela. Entretanto, quando o relógio soou a primeira badalada da meia noite, o jovem príncipe disse que teria de partir. Prometeu solenemente que voltaria para vê-la no dia seguinte, logo que o dia amanhecesse. Avery o esperaria nos jardins, no mesmo lugar e enquanto ele se afastava em direção a saída do palácio, seu ingênuo coração acreditou ter encontrado o grande amor que sempre esperava.

Tão encantada ficou, que sequer notou o restante do baile e conversou poucas palavras com um rei suntuoso de uma terra distante chamada Handíria. Seus pensamentos estavam longe. Estavam no jovem príncipe que ela acabara de conhecer e o qual acreditava que poderia ser a quem ela tanto esperara.

Quando o baile terminou, Avery começou a se despedir para ir se recolher em seus aposentos. No entanto, seu pai lhe solicitou uma última conversa. Embora estivesse cansada, Avery esperou que o rei se despedisse dos últimos convidados.

- Você se casará. - O rei anunciou rapidamente. - Com Edward, o rei de Handíria. As núpcias serão em duas semanas.

Avery pensou ter ouvido mal.

- Como disse, meu pai?

- Você se casará com o rei de Handíria. As núpcias começarão a ser preparadas logo.

- Papai, eu não posso... Não posso me casar. - Avery se lembrou do príncipe que acabara de conhecer e o desespero lhe encheu as veias. - Não irei me casar com ele!

- Irá se casar, pois eu sou o rei e minha palavra é a lei suprema. - O pai lhe dirigiu um olhar severo e Avery sentiu os olhos marejarem. - Se não se casar, será lançada no calabouço.

O bom coração de Avery dividiu-se entre terror e ira. Até então, ela nunca se ressentira com o pai por tentar usá-la, mas ao vê-lo ameaça-la com uma prisão injusta, perdeu uma parte da bondade que possuía. Conhecendo o pai, ela sabia que não adiantariam as discussões e que ele poderia muito bem cumprir a ameaça.

Sem saída, e com o coração despedaçado, Avery correu de volta para os seus aposentos acreditando ser o fim de toda a sua felicidade.

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