Capítulo 9

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Christian estava sentado no banco do carro com o olhar sem brilho e sem vida mirando ao longe, o rosto molhado de lágrimas estava pálido e sem esperanças. Aquele não era o Grande e também não era o Christian, Manuel pensou, aquele era o que sobrou dos dois. Aquele era somente a dor, a perda, o pranto e a solidão. Aquele era um homem que sacrificou seu grande amor, o seu único amor.

— Grande... — Manuel chamou baixinho.

— Eu fiz a coisa certa. Eu sei que fiz a coisa certa — Christian sussurrou com a voz baixa e rouca. — Eu estou protegendo ela, um anjo cuida dela e me fez agir da maneira certa.

— Sim, Grande. Você fez a coisa certa, você está apenas cuidando da mulher que ama — Manuel concordou, não porque Christian precisava daquele apoio, mas porque acreditava que aquilo era a coisa certa a se fazer.

— Ele não vai machuca-la assim como machucou a minha mãe... Não vai — Christian sussurrava mais para si do que para Manuel que apenas concordava.

— Vamos embora, Grande. Não podemos ficar parados aqui — Manuel disse balançando-o pelo ombro.

— Você continua dirigindo? — Christian perguntou ainda sem olhar para Manuel.

— Continuo. Vai, vamos trocar de lugar — Manuel abriu a porta do carro, saiu e deu a volta, ajudou Christian a descer e o levou para o banco do passageiro, depois voltou e entrou no lado do motorista e os dois seguiram para o local onde o resto do grupo esperava para planejar o sequestro.

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— MÃE! MÃE! MAMÃE! — Maite entrou em casa gritando, lágrimas grossas ainda escorrendo pelo rosto vermelho.

— Estou aq... Oh, meu Deus! O que aconteceu? — Maria Teresa apareceu no alto da escada e ao ver o estado da filha, desceu as escadas correndo. O relacionamento delas havia progredido cerca de 80% nas ultimas semanas. Maite correu em direção à mãe, agarrando-se a ela como se lhe faltasse ar e forças para ficar de pé.

— Ele foi embora, mãe! Foi embora! — Maite disse sofregamente, sentia-se sufocando.

— Vem comigo e se acalma — Maria Teresa disse levando a filha consigo até a cozinha. — Graça, me traz suco de maracujá, por favor — pediu para a empregada que começava a arrumar o almoço enquanto fazia a filha se sentar em uma das cadeiras.

— Aqui, senhora — Graça entregou o copo para Maria Teresa que esperou Maite limpar o rosto com as mãos trêmulas. Graça se retirou e Maite tomou metade do conteúdo do copo, respirando fundo em seguida conseguindo controlar-se.

— Isso, se acalma e me conta direito o que aconteceu — a mãe pediu e Maite respirou fundo novamente.

— Ontem à noite o Chris... — Maite fechou os olhos e balançou a cabeça com raiva. — O Christian veio me ver, mas ele estava frio, distante, com o rosto pálido e olheiras fundas. Ele estava muito estranho e antes que eu pudesse falar qualquer coisa e sem me cumprimentar ele me chamou para ir com ele porque nós precisávamos conversar... — e Maite relatou os acontecidos da noite anterior, conseguindo controlar-se e não se desmanchar em lágrimas novamente. — Então hoje eu acordei sozinha... Ele foi embora, mãe. Ele me abandonou — duas lágrimas solitárias escaparam, mas Maite as secou rapidamente e de maneira bruta.

— Eu não sei o que te dizer... Eu...

— A senhora me avisou. Eu sei — Maite resmungou amarga.

— Eu não ia dizer isso, não te ajudaria em nada — Maria Teresa retrucou.

— Mas é a verdade. A senhora avisou, mãe. Disse que ele faria isso — Maite respondeu perdendo a cor do rosto gradativamente enquanto já não sentia mais vontade de chorar e tampouco tinha forças e lágrimas para isso.

Afaste-se de Mim... (Chaverroni)Onde histórias criam vida. Descubra agora