Diferente?

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Engoli seco ao encontrar os olhos castanhos de Matt, a culpa fez minha garganta arder eu sei que é errado pensar em Sammy e até mesmo olhar para ele dessa maneira, mas eu não posso evitar. Até quando meu subconsciente vai trazer a tona a noite de ontem?

Respirei fundo tentando não surtar mentalmente, ignorei o comentário de Nate e a maldita expressão questionadora de Matthew, ele nem se quer está na posição de exigir algo de mim não depois daquela maldita briga.

-Obrigada -minha voz saiu como um verdadeiro sussurro, ainda não sei ao certo se devo agradece-lo eu nem se quer sei oque significa "limpar em volta"- todo mundo coopera aqui, eu não posso ficar sem fazer nada.
-Mas isso não significa que você precisa está lá fora, sei que está tudo muito recente pra você -ele diz e meu coração se aperta ao me lembrar das últimas palavras da minha mãe e os gritos dolorosos de meu pai ecooando pelos ares.
-Eu vou procurar a Carol.

Não consegui ouvir minha própria voz, eu apenas queria sair dali na verdade sinto como se estivesse correndo em circúlos ao redor dessas lembranças horríveis. Eu nunca me senti tão perdida, nunca me senti tão fora do próprio eixo, caminhei de volta para o prédio quando Matt me parou

-O que foi aquilo?
-Aquilo? -questionei vendo seus passos rápidos seguindo os meus-
-O que o Nate quis dizer com aquilo? -engoli seco, não aconteceu nada foi somente desejo sei que isso é horrível o bastante mas não aconteceu nada.
-E por que eu saberia?
-Não sei -ele passou os dedos pelos cabelos- Sammy parecia bastante irritado com a ideia de Michonne

-Deve ser porque ele entende que eu não estou pronta para está lá fora, ou talvez ele realmente entenda o quão arrasada eu estou agora. Caramba Matthew eu perdi meus pais, por que você não tenta entender  ao invés de começar uma nova discussão patética?

Minha voz saiu mais alta do que eu esperava completamente embreeagada por todo o choro entalado em minha garganta mas mais uma vez eu evitei me romper em lágrimas, os olhos de Sammy, Nate e estavam atentos a tudo e eu me pego questionando se eu realmente me importo a essa altura.

Caminhei para o celeiro talvez eu possa ajudar Melissa por lá, ela conversava com uma senhora de cabelos pretos a mesma arrastava uma cadeira de rodas com um idoso sorridente sobre ela

-Ah, você já deve conhecer a Alisson -Melissa diz atraindo a atenção pra mim-
-A salvadora do meu filho -ela me envolveu em um abraço caloroso, não esperava por isso-
-Aaron é seu filho?
-Sim, eu queria muito ter acompanhado tudo mas eu tenho tido trabalho pesado com meu pai -ela sussurrou e apontou discretamente para o senhor na cadeira que parecia apaixonado pelos cavalos-
-Eu entendo. Bem, eu só quero saber se precisam da minha ajuda
-Te salvaram da Michonne? -Melissa riu e eu assenti fazendo uma expressão de alívio-
-Talvez você possa me ajudar com todos os idosos lá dentro
-Claro.

Caminhamos de volta para o prédio, adentrando o quarto que eu já havia reparado, com jogos de xadrez, dama. Havia uma prateleira enorme com diversos medicamentos e três camas pequenas

-Então, esse é o senhor Arnald -ela apontou para o senhor na cadeira- Esse é o senhor Greg, e a nossa querida Margaret.
-Ela lembra aquela nossa vizinha de Milwaukee -Greg disse, seu rosto enrrugado e olhos negros destacavam os bigodes-
-Ah não, você tá maluco aquela menina era gorda -Margaret rebateu e observei meu próprio corpo-
-Ela não era gorda.
-Então estava sempre grávida
-Eles são sempre assim? -questionei baixinho para Becky e ela riu-
-As vezes são piores.

Observei a lista de remédios improvisada de cada um deles, não é nada boa hipertensão, osteoporose e alzheimer, sem dúvida é a doença mais triste que existe você chega no fim da linha e não consegue nem se quer se lembrar de quem você realmente é.
Para algumas pessoas isso pode ser considerado uma dadivá,  não se lembrar de todas as magoas nunca mais reviver as velhas feridas. Mas no fim de tudo são as lembranças que nos tornam quem somos.

Survive|| Sammy WilkOnde histórias criam vida. Descubra agora