CAPÍTULO 1

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                Piii Piiii Piii....
Cadê? Onde tá a bosta desse celular? Porque senhor?
Achei.

Você tem uma nova mensagem

Henry: Oi meu amor!!
Henry: preparada pro nosso passeio?
Henry: Como você está? Tudo  bem?

Apenas leio a mensagem sem visualizar. Jogo o celular de volta na cama e soco o travesseiro. Sinto uma raiva repentina me sufocar, talvez o fato de Henry me sufocar. Eu gosto dele, mas as vezes sinto que não quero essa vida pra mim.
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Depois de um longo banho desço para tomar um café, logo me deparo com meus pais na cozinha. Meu pai fritando ovos enquanto minha mãe arrumava a mesa. Vejo que  Jonhy, o caçula não está ali.

— Bom dia família,— abro um esboço de sorriso- onde está o Jon?

— Bom dia amor.— minha mãe abre seu sorriso matinal cativante, de dar inveja.

— Bom dia filhota, ele está na sala vendo uns porcos rosas e falantes. A que devemos o ar da sua graça tão cedo em pleno sábado?— meu pai se vira para ouvir uma resposta, quando noto seu avental, aqueles com um corpo de um homem musculoso sem camisa, obviamente mamãe tinha dado.

— Avental novo? Uma graça pai.— Arqueei uma sobrancelha vendo seu constrangimento.— Acordei cedo porque Henry não parava de mandar mensagem.— revirei os olhos.

— Henry é um ótimo garoto.— Minha mãe disse dando um tapinha no meu ombro e meu pai se limitou a concordar com a cabeça.

Vou me retirando da cozinha, se não já começam a falar de "como Henry é bondoso" e de "como ele faz tudo pela Olivia". Como se ele fosse mais do que eu merecesse...  Okay. Foda-se. Ele está comigo porque quer.

— Oi meu amor,— Jonhy me vê e pula no sofá com os bracinhos erguidos pra me abraçar.— Como você está?— abraço-o com força.

Jonhy foi adotado com 2 anos de idade, há três anos atrás, mas o amor que temos por ele é indescritível, ele é o serzinho que eu mais amo nesse mundo. Ele tem um problema no coração e na fala, mas os médicos disseram que como ele é novo as chances dele se curar é muito grande. Ele frequênta a fonoaudiologa assiduamente e todo mês nós viajamos pra capital para suas consultas no cardiologista. Meus pais sempre tiveram o sonho de ter um segundo filho e adotar foi a melhor opção, e com o Jon foi amor a primeira vista.

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Acho que cochilei assistindo a peppa, só acordei porque ouvi a campainha.

—Oliviaaa,— cantarolou minha mãe lá da cozinha. Quando ela faz isso quer dizer que...— Henry chegoouuu.


Que droga!

Lá está ele, tão alto, bonito com o sorriso de orelha a orelha perfeito e olhando pra mim, que cara que eu devo estar agora? deve ter remela nos meus olhos. Vou dar uma disfarçada e limpar.
Meus pais ficam tão animados quando ele esta aqui, que quando antes eram só ovos para o café, agora tem bolo, bacon, suco, torta, um banquete.

— Oi.— Digo com rouquidão.

— Bom dia meu amor. — ele se conteve para não me dar um beijo. Pedi para ele nunca me  beijar na frente dos meus pais, é estranho.

— Fique para o café Henry.— meu pai pediu, mas soou como uma ordem.

— Seria um prazer Seu Jorge.

— Sem o "Seu", porque eu sou apenas da Lila.— meu pai deu uma piscadela na direção da minha mãe. Lila.

Meu pai e suas piadinhas.

— Eu vim pra saber se nosso passeio mais tarde ainda tá de pé. Eu mandei mensagem mas você não respondeu.— Henry sussurrou discretamente na mesa enquanto tomávamos café. Mas com certeza meus pais ouviram, são tão curiosos.


Engoli a seco.

— Claro que ela vai, está tão animada.— Minha mãe falou batendo palminhas e olhando  para mim com os olhos arregalados numa maneira repreendedora. Aquele olhar significa muitas coisa: "comporte-se", "sorria", "garota você vai levar umas chineladas".
Então abri um esboço de sorriso com as sobrancelhas arqueadas na direção de Henry.

— Claro, — dei uma risadinha— é que eu esqueci de responder, mas estou muuuito animada.— Falei numa falsa animação.

— Que ótimo, — deu-me um beijo na testa. —tenho um surpresa.

Eu sei que você tem uma surpresa, como se eu não fosse entender as suas indiretas e perguntas nada convencionais sobre o número de anel que eu uso, ou sua animação incomum quando vê fotos de casamento e olha pra mim e eu fingindo que não vejo. Eu sei Henry, eu sei.

O que eu fiz para te merecer?Onde histórias criam vida. Descubra agora