Éter, o quinto elemento.

Boieiro

Mesmo que nos últimos instantes Zeus salvara sua amante Calisto e o filho Arcas, transformando os em constelações Ursa maior e Ursa menor, Hera, esposa de Zeus, empurrou os dois para perto do polo norte onde as estrelas são sempre visíveis - mãe e filho nunca teriam descanso. Arcturo, a brilhante estrela do Boieiro ficou de guarda das duas ursas para que não se afastassem do gélido polo.

A constelação de Boieiro representa o filho de Deméter, deusa da agricultura. Segundo a lenda, Boieiro era um jovem com um grande sentido de dedicação e consciência social, quando se deparou com a dificuldade em que os habitantes do planeta Terra se encontravam para obter comida, construiu o primeiro arado, enviando-o para a Terra. Desde então, os homens conseguem semear suas terras e cultivar o seu próprio alimento, tornando-se autossuficientes. Devido a este grande benefício, os deuses decidiram recompensá-lo dando-lhe a honra de ser colocado no céu.

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Normani ligou o abajur próximo a cama e esperou. A morena falava algumas palavras soltas e sem sentido, ainda estava um pouco agitada sobre a cama, alguns segundos, ela se sentou como se tivesse sido impulsionada para frente, os olhos abertos demais, a boca aberta procurando por ar, as mãos firmes segurando o lençol como se sua segurança dependesse daquilo, o coração acelerado em um ritmo descompassado, queria agradecer por não ter acordado no escuro, mas não estava dando conta de voltar a si e respirar, quanto mais pensava, menos inalava oxigênio.

Estava demorando demais, Normani reparou, Ally acordou assustada e se levantou em um pulo. Kordei saiu de sua coberta, colocou os joelhos, um de cada lado das pernas da morena que se encontravam juntas, segurou o rosto da amiga com as duas mãos.

- Olha pra mim, se concentra em mim, inspira, segura, expira! – Kordei começou a fazer o que tinha instruído para que Lauren a seguisse, Jauregui concentrou o olhar em Normani, e devagar foi acompanhando o ritmo de respiração que a negra estabeleceu, seu coração diminui os batimentos voltando ao normal, foi aí que Lauren entendeu o que tinha acabado de acontecer, um pesadelo com seu pai seguido por um ataque de pânico. Antes que pudesse agradecer, lágrimas brotaram na imensidão verde dos olhos da morena. – Não, vem cá, tá tudo bem agora! – Kordei se aproximou e abraçou a amiga o mais apertado que sua posição permitia.

Com a intenção de cessar todo aquele aperto que estava sentindo, Lauren se embalou naquele abraço e se permitiu chorar, ela queria que tudo que estava sentindo se fosse com as suas lágrimas, lágrimas que carregavam uma semana toda de vontade de ter o pai de volta, uma semana toda que ela se negou a falar sobre o assunto com alguém, que carregavam várias mentiras de "eu estou bem".

Brooke demorou um pouco para entender tudo, mas assim que viu Jauregui se desmanchar nos braços de Kordei, sentou-se na cama da mesma e fez carinho nas costas da morena, dizendo a ela que tudo ficaria bem. Já tinha um tempo que Lauren não tinha ataques de pânico, no primeiro mês da morte do pai era mais frequente, acordava gritando, achando que iria morrer, teve inúmeras insônias por medo de dormir e acordar com um ataque, nunca sentira sensação pior do que acordar sem saber onde está, sem dar conta de respirar e achar que seu coração vai parar a qualquer momento por causa da rapidez dos batimentos. Devido a isso, e por ter ficado mais de 24 horas sem dormir, a morena começou uma terapia acompanhada por um psiquiatra.

Tinha consultas duas vezes na semana, e precisou de um remédio para ansiedade, o qual a ajudava a dormir, organizava os pensamentos, diminuindo os ataques de pânico. Já havia um mês que tinha finalizado as consultas, e um pouco mais de tempo que tinha parado com o remédio, não achou que isso voltaria, mas voltou devido ao álcool e ninguém, nem mesmo ela, achou que o episódio do aniversário aconteceria. Era como estar vivendo tudo de novo, achava que com o tempo tudo ia ficar melhor, agora já não tinha tanta certeza.