1ºCapítulo

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A chuva bate no telhado fazendo barulho por todo o sótão, desde que a minha mãe me deixou que passo o meu tempo todo aqui,isto tornou-se o meu quarto, a relação com o meu pai tem vindo a aumentar cada vez mais desde o acidente. Tenho me afastado do mundo desde que a minha mãe partiu e não tenho feito muitos amigos e os únicos que tinha deixaram de me falar, apenas uma ainda me apoia e me ajuda nos momentos em que me vou abaixo, a Brenda, a minha melhor amiga. Temos as nossas discussões, mas quando ela quer consegue ser uma boa amiga e apoiar-me. Tem muitos defeitos, tal como todos os outros seres humanos e não a posso culpar por isso.

Antes da minha mãe morrer eu já tinha planeado que ia para a faculdade quando fizesse dezoito anos que é daqui a uns meses mas ela morreu e toda a minha vida mudou. Todo este sofrimento apodera-se do meu corpo todos os dias, não sei como é que estou viva, mas estou.

"Sam, vem jantar!" a voz do meu pai chama da cozinha.

Não tenho fome nenhuma e sinceramente não me apetece sair daqui.

"Já vou!" resisto.

Desço as escadas e entro na cozinha, o meu pai está sentado à mesa já a comer e eu junto-me a ele, o jantar foi silencioso, como sempre. Acabo de comer e levanto-me, pego no meu prato e ponho-o no lava loiça.

"Já acabaste?" pergunto

"Sim." diz levantando-se e dando-me o seu prato, junto-o ao meu e lavo a loiça. O meu pai dá-me um beijo na bochecha e vai para a sala. Acabo de lavar a loiça e dirigo-me à sala.

"Boa noite pai." digo

"Boa noite filha."

Subo as escadas e volto para o sótão, pego no meu diário e começo a escrever. Todos os dias escrevo uma carta à minha mãe, eu sei que ela nunca as vai receber, mas escrevê-las faz me sentir bem e ficar mais próxima dela.

27 de Fevereiro de 2005

Querida mãe,

'Mais um dia sem ti, não sei o que fiz para Deus te levar, apenas levou. Porque não me levou contigo? De certeza que seria mais feliz contigo aí em cima do que aqui em baixo a sofrer todos os dias com imensas saudades. Mas tenho que pensar no pai, ele precisa de mim aqui com ele neste momento difícil, sei que é egoísta da minha parte querer ir ter contigo e deixá-lo aqui sozinho, mas eu não consigo viver sem ti, preciso dos teus abraços, dos teus beijos, dos teus carinhos, de tudo, tenho saudades do teu perfume, dos dias em que íamos buscar o pai ao trabalho e íamos jantar fora, mas depois aquele terrível acidente aconteceu e tu partiste sem te despedires, quando o pai me contou eu nem queria acreditar pensava que ele estava a brincar, mas depois vi o teu corpo parado e frio naquela cama de hospital e foi aí que eu percebi que me tinhas deixado. Quero tanto voltar a ver-te poder tocar-te e poder dar-te beijinhos de bom dia. A saudade e a dor aumentam a cada dia que passa e eu não sei como aguento. Tenho tantas saudades tuas mãe, por favor volta.'

Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto perfurando o mesmo, tento limpá-las mas caiem com mais intensidade. Guardo o diário e deito-me na cama a olhar para o teto e a pensar na minha mãe e nos momentos que passámos juntas.

**

"Sam, tenho que falar contigo." diz o meu pai com uma voz de choro, o meu pai esteve a chorar? porque?

"Sim....pai estás-me a preocupar."

"Foi a tua mãe, e-ela teve um acidente e está em coma, lamento." ele diz e o meu mundo desaba.

"Nao! Mae por favor não!" grito chorando sem parar e abraçando o meu pai.

"E-eu quero ir vê-la." disse dirigindo-me para a porta.

O meu pai segue-me e dirigimo-nos para o hospital. Entro no quarto, o som das máquinas é irritante e eu começo a chorar outra vez ao ver que as mesmas estão ligadas a um corpo, um corpo imóvel e cheio de ligaduras, aquela não pode ser a minha mãe. Aproximo-me dela e abraço-a, é mesmo ela. Não! A minha mãe não por favor! Começo a chorar com mais intensidade continuando a abraçá-la. O meu corpo treme ao ouvir um som

constante vindo de um das máquinas.

"Não!!!Mãe, por favor, não me deixes, eu preciso de ti, mãe!" grito

"Filha." o meu pai diz.

Corro até ele para o abraçar, choro sem parar no seu ombro, o médico aparece e desliga as máquinas. Todas as memórias da minha mãe passam na minha cabeça quando ela é deitada e um lençol é posto por cima da sua cara.

"Isto não pode estar a acontecer! A minha mãe não por favor!" digo para dentro.

**

Acabo por adormecer com os meus pensamentos.

(...)

Acordo com o som de coisas a serem remechidas na cozinha, deve ser o meu pai a fazer pequeno almoço, ele hoje vai trabalhar e eu mais uma vez vou ficar sozinha em casa. Decido ligar à Brenda para que isso não aconteça.

"Hey!" ela diz do outro lado do telemóvel

"Olá." digo.

"Ligas-te, precisas de alguma coisa?" ela pergunta

"Hum, era só para falar um bocadinho." minto.

"Ah ok."

Ficámos a falar durante mais algum tempo até ela ter que desligar. Eu sei que lhe liguei para ela vir cá para estarmos juntas mas apetece-me estar sozinha para poder pensar na minha miserável e triste vida. Desci para ir tomar o pequeno almoço, em cima da mesa estava um bilhete do meu pai.

Bom dia filha, já fui para o trabalho, deixei-te preparado umas panquecas e um sumo. Porta-te bem, volto ás 17 beijinhos. Amo-te

Pai

Guardo o bilhete e sento-me a comer, depois de acabar, lavo a loiça e vou para a sala, ligo a televisão para tentar esquecer um pouco as coisas mas não está a dar nada de jeito. Desligo-a e subo, ao fundo do corredor é o quarto dos meus pais, decido entrar. O cheiro da minha mãe é reconhecível logo á entrada do quarto, lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Percorro o quarto vendo várias fotos da minha mãe e choro lembrando-me do dia em que ela as tirou. Abro o seu armário e todas as suas roupas estão no mesmo sítio, o cheiro dela continua a rondar no ar e as minha lágrimas continuam a escorrer sem parar. Este quarto traz-me tantas recordações, boas e más.Os meus pensamentos são interrompidos pelo som da campainha, desço e abro a porta. Um rapaz loiro de olhos azuis encontrava-se parado no outro lado da porta.

"Hum, eu sou o Niall, és a Samantha?" pergunta envergonhado, a minha figura não é das melhores, estou de pijama e o meu cabelo está despentedado.

"S-sim." disse envergonhada.

"O teu pai pediu para te vir entragar isto." ele diz e dá-me uma caixa, uma caixa misteriosa.

"O-obrigada." digo pegando na caixa.

"Bem , eu vou andando, prazer em conhecer-te, já agora és muito bonita."

"O-obrigada, prazer em conhecer-te Niall não é?"

"Sim." sorri, o sorriso dele é tão fofinho e ele é bem giro.

Ele sai e eu fecho a porta, dirigo-me á sala, pouso a caixa e abro-a.

Espero que gostem *-*

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Jessie *-*

Strong |N.H|Onde histórias criam vida. Descubra agora