Capítulo 5

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Segunda sempre vai ter capítulos, mas nas sextas vai ter quando der. E hoje deu. ;) 

Capítulo 5

Já passava da meia-noite quando eu finalmente consegui falar com a Bru. Ela me ligou ao sair do cinema, e eu já estava no bar. Ele era um bar do tipo rústico, feito de cimento e tijolos mesclados à madeira, com partes sem pintura, e o teto simulava uma espécie de palha. Claro que não devia ser de palha, já que seria perigosamente inflamável, algo que até eu que não me ligava nada em decoração sabia. Mas era um local bonito, e o mais legal é que ele ficava perto da praia.

Eu tinha vista para o mar da mesa onde eu estava sentada, e isso tornava a noite bastante agradável. Olhar para o mar era algo que me relaxava, mesmo com um cara fumando perto de mim e com a fumaça teimando em chegar ao meu nariz por mais que eu me mexesse ou trocasse de posição. E fumaça de cigarro era algo que eu odiava.

A noite ainda estava começando, mas ela prometia. Pelo menos, prometia um monte de gente bêbada cantando mais tarde naquele palco que era meio rústico também. Por enquanto, o Matias, dono do bar e amigo do Samuel-policial, conforme a Iris fez questão de me esclarecer, cantava sozinho uma música mais relaxante ao som de um violão. Mas logo eu imaginava que o som não ficaria tão calmo assim. Tipo... A Iris tinha se inscrito para cantar, mesmo já me dizendo que não era muito boa, mas que não ligava para isso. Que era divertido e que até eu que não estava bebendo nada além de uma Coca-cola iria curtir.

A Iris queria que eu me inscrevesse para cantar, só que eu não quis. Ela estava bebendo e se enchendo de álcool e de coragem liquida, conforme ela me explicou, mas isso era algo que eu nunca faria. Cantar no meio de um monte de gente e beber também.

Eu não gostava de beber. Na verdade, nunca tinha experimentado nenhuma bebida alcoólica. Um pouco porque ela não me atraia, eu não gostava do cheiro, e muito porque eu não gostava do efeito do álcool em algumas pessoas. Tipo no meu pai. Ou no Jonatas, porque quando ele passava da conta ficava meio sem noção. Pelo menos, nenhum dos dois era agressivo. Mas limpar o vômito do meu pai era muito desagradável e me esquivar dos beijos do Jonatas também era um saco. Quando o meu ex bebia, ele ficava querendo transar comigo em qualquer lugar, até em público, mas exibicionismo não era algo que combinava comigo.

Por isso eu não bebia, não gostava do cheiro e gostava de estar em pleno domínio de mim mesma. Mas era muito chato lidar com pessoas insistentes. Que falam coisas do tipo "experimenta, você vai gostar." Ou "você nunca provou, bebe só um gole." Só que não, obrigada. Eu podia não ter muitas escolhas, mas me obrigar a beber ninguém nunca conseguiu.

Também era chato responder a perguntar do tipo "como você se diverte saindo, se você não bebe?" E eu respondia coisas idiotas do tipo, tentando não soar muito irônica: "comendo hambúrguer". Porque eu realmente me divertia comendo hambúrguer. Porque né... é muito bom. E em geral eu e o Jonatas não comíamos carboidrato à noite. Por determinação dele, que queria que tivéssemos o corpo perfeito. E, como sempre, eu acatava.

Então... era realmente divertido comer hambúrguer. Embora eu não estivesse fazendo isso nessa noite. Eu tinha me enchido tanto de pizza, após a gente terminar o turno na pizzaria, que não conseguia nem pensar em comer. Em geral, a gente comia os pedaços que sobravam ou os que não ficavam tão perfeitos, tipo uma pizza inteira que queimou nas bordas nessa noite e o cliente, um completo mal-educado, devolveu.

Mas eu tinha paciência com eles, com os clientes desagradáveis. Eu era simpática, apesar de tudo. Do mesmo jeito como eu costumava acatar algumas decisões do Jonatas, mesmo não concordando com elas, eu matinha com os clientes mal-educados um sorriso forçado que parecia verdadeiro. Por isso a tia da Iris estava gostando muito de mim. Da minha paciência e da minha capacidade de contornar as situações.

Sabor de liberdade (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora