Capítulo 8

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Se eu escrever algo novo durante a semana sexta vai ter capítulo. Senão só na segunda-feira. Ainda não voltei a escrever, apesar da história estar toda na minha cabeça, e não faço nada forçado. Quando a vontade de escrever voltar eu escrevo. ;)

Capítulo 8

Eu nunca me imaginei em cima de um palco. Mas também nunca me imaginei sozinha em uma cidade quase desconhecida tentando recomeçar.

Apenas... havia coisas que eu precisava fazer. Não que eu precisasse cantar, mas precisava provar para mim mesma que era capaz.

Acho que o fato de saber que o Samuel estava nas minhas costas, na bateria, me deu um pouco de força também. A presença dele me deixava irritada, e eu me sentia quase tão puta da cara por ele estar perto como quando eu entrei no mar. E se eu era capaz de mergulhar pela primeira vez em uma praia vazia em plena noite, cantar não devia ser tão difícil.

Antes de começar a cantar, já no palco, falei ao microfone:

- Essa música é dedicada ao babaca do meu ex. E... – resolvi acrescentar de última hora – a todos os homens babacas do mundo.

É, era uma indireta para o Samuel, ou talvez nem tão indireta assim. Mas eu liguei "o foda-se", além do "não tô nem ai". Claro, porque usar a palavra "foda-se" era quase tão bom quanto usar merda.

Por isso, cantei. Fazendo uso pleno dos meus pulmões. Eu cantei, em algumas partes gritei, pulei e.... eu estava elétrica, acho, e acabei contagiando o público.

Não que eu fosse uma cantora excepcional, o que estava ciente de que não era, mas porque foi um show cheio de adrenalina. Muitos dançaram e cantaram comigo. E a Iris em um momento desistiu de me acompanhar com a voz, mas não me deixou sozinha no palco, e continuou dançando e pulando ao meu lado. Ela me ajudou a agitar, foi divertido. E bastante libertador também.

No final, nós duas dávamos gargalhadas. Foi muito legal. Serviu para extravasar a minha raiva de modo mais bem eficiente do que socar algum cara. Como eu queria fazer antes.

Eu não costumava ser assim antes, era bastante tímida. Não que eu estivesse sendo um ser muito sociável agora... Quero dizer, eu ainda interagia pouco com as pessoas, exceto pelos clientes da pizzaria e pela Iris, mas eu estava querendo mudar. E a antiga Ane nunca teria feito o que eu fiz nessa noite.

E isso inclui também o fato de eu ter tocado no Samuel... Não que eu quisesse pensar no babaca número dois agora.

- Foi ótimo! – A Iris comentou ao descermos do palco. Algumas das pessoas sorriam para nós e nos cumprimentavam com acenos de cabeça.

- Foi! – respondi animada.

- Precisamos fazer isso de novo.

- Sim – concordei – mas da próxima vez você canta comigo.

- Claro! – ela sorriu, virando a cabeça na minha direção enquanto andava na frente e guiava o caminho entre o público presente. E tinha bastante gente. – É só você escolher uma música que eu saiba a letra. E, de preferência, em português. Porque eu pareço a Sara cantando em inglês. Só que a diferença é que fica bonitinho quando ela canta, porque ela tem cinco anos.

Eu achei graça.

- Mas você – A Iris continuou falando, enquanto parávamos no bar e ela se debruçava no balcão para pedir uma Coca-Cola – mandou super bem, Ane. Você arrasou!

Eu sorri. Estava me sentindo feliz.

- Quero uma Coca também. – falei para o cara que atendia a minha amiga. Quem ela, para variar, conhecia e com quem estava de papo agora. O que não me surpreendia, a Iris era incapaz de não puxar papo com alguém. Ela era bastante extrovertida, ao contrário de mim.

Sabor de liberdade (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora