Sobre idas (...)

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   Eu o olhava encostado à grade de frente para a rua.

- Sabe por que eu nunca vou te perdoar? – Seus olhos procuraram os meus e vi um misto de medo e arrependimento em seu olhar. – Não é porque você decidiu sair da minha vida, afinal ninguém que não quer permanecer é obrigado a ficar. Mas você não se importou comigo e não, não venha me dizer aquela maldita frase clichê que você estava pensando no meu bem, porque você sabe que eu te amava e sim eu suportaria qualquer coisa por você. Só que mesmo assim em um belo domingo que poderia ser nosso você decidiu que não íamos dar certo, você não se importou de olhar nos meus olhos e dizer adeus.

- Eu... Eu. Desculpe-me, eu sabia que se eu te visse não ia conseguir. Nós íamos acabar como sempre na minha cama, você nos meus braços. Eu nunca iria conseguir colocar um fim em nós dois se visse seus olhos me olhando, seu sorriso perguntando o que íamos fazer ao decorrer do dia. Desculpe-me, mas eu te amava demais para conseguir por um fim em tudo te olhando nos olhos.

   Ele me olhava e seus olhos estavam cheios de lagrima, sua mão procurou a minha que estava segurando as grades daquela varanda que só havia nós dois, com delicadeza tirei minha mão debaixo da dele e dei dois passos para trás, se eu permanecesse naquele local por mais alguns minutos sei que lagrimas rolariam de meus olhos, assim como dos dele. Depois de me virar já abrindo a porta de vidro fume olhei para trás e as únicas palavras que consegui pronunciar foram:

- Se você me amava tanto assim, me diz então porque foi embora? Conta-me porque desistiu do nosso amor tão rápido? – Meu olhar que estava direcionado para o chão subiu direto em direção para o seu par de olhos castanho claro. – Porque não se despediu de mim? Você simplesmente foi embora.

   E assim me virei e fui embora. Fiz igual a ele, só fui sem olhar para trás. Peguei minha bolsa que estava no sofá pequeno do lado esquerdo da sala, me despedi de meia dúzia de amigos e sorri, eu estava mais uma vez preparada para outra. Afinal eu havia cortado os últimos laços que me prendiam a ele.

Sobre o amor e seus estragos (...)Onde histórias criam vida. Descubra agora