NEW BEDFORD A CIDADE MACABRA PARTE III

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Jonas se esforçou para falar, mas não pode, pois sua boca estava adormecida e não podia mover a língua. Notando o esforço do rapaz Jack sorriu sinicamente para ele.
“Não se preocupe, estou tomando conta de você. Dorme tranqüilo.” – disse o policial injetando um liquido com uma seringa no soro de Jonas.
Passados mais alguns dias Jonas acordou novamente no quarto do hospital. Olhou em volta e não viu ninguém, estava só. Sentou-se na cama e sentiu que a dor que sentira quando acordara da primeira vez havia melhorado e somente lhe restava um pequeno mal estar e dormência nos nas pernas. Sentia-se confuso, tentou lembrar-se o que tinha acontecido e do acidente, mas por mais que se esforçasse sua ultima lembrança era a de quando estava entrando no carro para a sua viagem à New Bedford.
“Olha quem acordou, pensei que você iria dormir por cem anos.” – disse uma enfermeira entrando no quarto sorrindo para Jonas.
“Pelo visto estou sendo bem cuidado.”
“Não fale e não se esforce muito, vai demorar mais alguns dias a mais para você se recuperar.”
“Há quanto tempo estou nesse hospital?”
“Nove semanas.”
Jonas deu um pulo da cama, suas pernas estremeceram e ele se sentou. Não acreditava que estivera inconsciente por tanto tempo. 
“Eu tenho que sair daqui. Já tiveram alguma noticia da minha irmã?” – questionou o rapaz.
“Ainda não. Agora não se preocupe com isso, você ainda não está curado. Preocupe-se com sua saúde primeiramente. Depois de curado você vai poder voltar a procurar sua irmã.” – disse a enfermeira com pena do rapaz.
“Eu nunca disse a ninguém que estava vindo procurar minha irmã.” – Indagou Jonas com um ar desconfiado.
“Bom, é a única coisa que eu posso imaginar que você veio fazer aqui nesse fim de mundo”. – respondeu a enfermeira meio desconcertada. “Agora chega de conversa, você precisa descansar mais.”
“Qual seu nome?” – perguntou Jonas.
Ela não respondeu, somente apontou para seu cartão de identificação sorrindo. Pegou uma injeção de sua bandeja e injetou o liquido no soro de Jonas. Sem dizer mais nada recolheu o material usado e foi saindo do quarto.
“Muito prazer Melissa” – disse Jonas para a enfermeira.
“O prazer é meu.” – respondeu ela com outro sorriso e fechou a porta.
Sentindo-se cansado Jonas se deitou na cama pensando em sua irmã, seus olhos ficaram pesados e em segundos ele adormeceu.
Quando abriu os olhos novamente não estava no hospital, olhou a sua volta e viu uma bela paisagem. Ele estava em um campo de grama alta e flores vermelhas, céu azul onde não se podia ver uma nuvem sequer e um lago de águas limpas que se destacava entre todas outras coisas. Confuso, Jonas procurava uma explicação, “será que eu morri?”, perguntava-se. Começou a andar em direção ao lago, pois era a única coisa diferente que ele podia avistar.
Aproximando-se do lago sentiu um frio repentino e tudo mudou. A grama e as flores secaram e se transformaram em cinzas, o céu agora estava negro e chovia cinzas. A água do lado se transformou em lava que transbordava em direção a Jonas inundando tudo ao redor. 
Escutou passos atrás de si e virou-se para ver quem era. Seu grito ecoou pelo lugar e a criatura que a este momento estava quase aos seus pés riu mostrando seus dentes podres e pontiagudos. O que Jonas viu era um ser estranho, medonho, daqueles que as pessoas encontram nos piores pesadelos. Tinha mais ou menos um metro de altura e a pele muito clara e cheia de feridas. Rastejava-se pelo chão usando as mãos e pés deformados para se locomover.
“Erros, erros, você só comete erros. Por que não obedeceu nosso aviso e foi embora? Agora seu tempo esta esgotando e você vai se dar mal. Olhe para mim, isso é seu futuro, você será igual a mim. Eles podem fazer de você o que quiserem.” - disse a criatura de voz aguda enquanto rodeava Jonas.
Jonas estava certo que tinha morrido e ido para o inferno seu grito ecoou uma vez mais dando satisfação ao monstro que o torturava a mente. Olhava ao seu redor e viu que não havia saída dali. A criatura parou na frente de Jonas rindo com sua voz metálica e mostrando seus dentes.
“Agora morre.” – disse enquanto empurrava Jonas na lava.
Jonas sentiu seu corpo caindo e o calor da lava aproximando de seu corpo, porém quando atingiu a lava ele se viu mergulhado em água. A água estava escura, mas infelizmente ele podia enxergar e viu dezenas de corpos a sua volta que apesar de serem cadáveres de alguma maneira ele sentia que os corpos o seguravam. Ele estava se sufocando e se debatendo tentando se livrar dos cadáveres que o prendiam dentro da água quando de repente viu o rosto de sua irmã entre os mortos. Observando o corpo pálido de sua irmã ele parou de se debater, havia se entregado ao destino, qualquer fosse aquilo que ele estava experimentando, pois pouca razão havia para sua existência. Sua busca terminara, sua irmã estava morta e assim como ele e pelo que parecia ambos estavam presos no inferno para a tortura eterna.
“Não.” – gritou Cintia fazendo bolhas se espalhar pela água e abrindo seus olhos vazios e brancos.
Ele sentiu uma mão lhe puxando e foi sendo levado para baixo como que tragado por um tornado. Ainda com falta de ar suas vistas foram escurecendo assim como o lugar, seu corpo já não respondia seus comandos, sua mente já não se concentrava e seus olhos fecharam.

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