Me Atraso para a Morte

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Como eu tinha acabado dormindo naquele banco? Eu nunca tinha perdido hora, e com certeza eu nunca quis ter essa experiência.

Levantei-me do banco. Faltavam exatos 5 minutos para começar a primeira aula que, por mais que eu não queria ir, era de história e já que a matéria do mês era "Mitologia", esperava que houvesse algo legal para ver hoje.

Fui para casa que não estava muito longe, peguei meu material, deu um tchauzinho para minha mãe - que agora estava acordada - e sai correndo através das esquinas para, pelo menos, poder pegar uma autorização dizendo que estava no médico- Ok, isso não daria certo- ou coisa assim.

Cheguei na escola que, graças a Deus, não era muito longe. Estava 12 minutos atrasada. Fui para a secretaria e tentei fazer com que a secretária me deixasse entrar.

-Bom dia-disse me aproximando do balcão- você poderia me dar uma autorização para poder entrar na sala?

-Isso é sério? Se passaram somente 13 minutos do horário de entrada. Como você...?

Não entendi por que ela parou de falar, só sei que ela começou a olhar para mim, atordoada, como se tivesse acabado de levar um tapa na cara.

-Huum....- delirei- está tudo bem?

-O que você desejar... O que deseja?- falou a secretária com um ar sonolento.

-Só queria uma autorização para pod...

Fui interrompida com uma folha diretamente em minhas mãos. Aquela folha dada pela secretária, que agora sorria para mim, era um atestado. Como ela havia preparado-o tão rápido e como ela tinha do nada mudado de ideia sobre ele?

Só acenei para a moça, que acenou de volta, e fui para a aula.

Cheguei na minha sala, respirei fundo e abri a porta. Não olhei para a professora de princípio, só lhe entreguei minha autorização e esperei ela falar algo sobre meu atraso.

-Bom, senhorita Louge, não é de meu costume deixar  um aluno atrasado participar da minha aula, mas são as normas desta escola, não é? Então vá e sente-se em seu lugar.

-Obrigado senhora...- olhei para a face da mulher e tive uma bela surpresa. Aquela não era a minha professora de história, era outra mulher. Ela era bonita e tinha olhos verdes mas o estranho é que eu conhecia aquela mulher, só não sabia da onde.

-Demétria-completou a bela moça- pode me chamar de Sra. Demétria.

Não disculti aquele nome que nunca tinha ouvido falar e fui me sentar na última carteira da sala. Peguei um caderno e uma caneta e comecei a fazer anotações.

- Bom meus queridos,- começou a Sra. Demétria  se levantando de sua mesa- hoje vamos falar sobre os deuses gregos mais antigos. Todos devem saber que o universo começou com Caos, uma densa escuridão. Dela surgiu Gaia, a Mãe-Terra, Tártaro, personificação do Mundo Inferior, Érebo, a escuridão e Nix, a noite. Entre os mais famosos netos de Caos, estão Tifão, os Gigantes, Nêmesis e Hipnos.

No momento em que ela disse o último nome, ela me olhou com um olhar mortal, como se dissesse Disso você já sabia.

A primeira aula passou rapidamente. Foi  quase como se eu tivesse piscado e a aula havia acabado.

Sai da sala para ir no banheiro quando a Sra. Demétria me puxou de lado.

- Aí! Me solta- resmunguei

- Você acha que me engana, garota, mas saiba que não sou uma deusa fraca, EU sou filha de Cronos, EU controlo seu alimento e EU que vou governar o Olimpo ao lado de meu marido!

Escutei direito? Deusa, Olimpo, Cronos. Será que ela tinha caído e batido a cabeça?

-Desculpe, mas não sei do que você está falando.

- Ah, não sabe? Bom, vou te dar uma dica para clarear sua mente. Meu "nome", Demétria, significa  consagrada à Deméter, mas sou mais do que isso, minha flor. Sou a própria Deméter, deusa da Agricultura e da Natureza!

Queria acreditar que ela estava louca, mas sabia que não estava. Eu tinha visto aquela mulher em meu sonhos sabia que aquilo era verdade.

-Okay, mas o que uma  deusa como você está fazendo aqui?

-Vim capiturá-la, é claro! Você deve se juntar com sua irmã mais velha.

-Mas não tenho nenhuma irmã...- de  novo, fui interrompida, mas desta vez não fiz isso por vontade própria total. A mulher ganhou um brilho negro em seus olhos, como em meu sonho e começaram a sair raízes de plantas do chão. Elas começaram a me rodear e me agarrar, tentando me sufocar.

Eu provavelmente iria sair daquela escola e ir para o hospício, claro, se eu sobrevivesse. Mas, do nada, tive a brilhante ideia de utilizar um broche de nuvem escrito Dreams da minha blusa para cortar as raízes, o que não teria dado certo, a não ser pelo fato de que a parte pontuda dele cresceu até virar um cajado com uma nuvem no topo. Como não tinha percebido que aquilo era um objeto de luta antes?

Bom, sem demora, peguei a parte mais pontuda e cortei aquelas pernas de plantas. Sai ilesa exceto por alguns arranhões. Para minha surpresa, era boa em manobrar aquela coisa de um metro de altura e consegui derrubar a deusa pelos seus pés.

-Argh- rugiu a senhora- Seu pai e seus truques. Por que ele pode deixar eu ter uma luta com minha refém em paz? 

Ela me atacou diretamente. Eu teria morrido imediatamente, mas o fim de minha vida foi cortado por um grande e grosso turbilhão de água, que atingiu Deméter de lado, fazendo-a se afastar e desaparecer.

Quando aquela água toda parou de jorrar, apareceu um garoto que deveria ter uns 17 anos de idade. Ele tinha lindos olhos verde-mar e cabelos pretos. Ele parecia um daqueles garotos que vive só para arrumar encrenca e que é bem poderoso, do seu jeito.

-Sorte sua que cheguei, se não você já teria sido morta por plantas- disse o garoto, me analisando de cima a baixo- Morta por plantas... Bom, vamos às apresentações. Sou Percy Jackson, filho de Poseidon.


A Filha do SonoOnde histórias criam vida. Descubra agora