30 Capítulo

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Parte Jacob

Tudo tem sido extremamente cansativo na empresa, meu convívio com Eliza tem sido bastante difícil também, achei que depois de nossa última conversa antes deu ir atrás de Scarlett, tudo iria se ajeitar, porém não aconteceu. Estou indo para casa, para receber Vidal, o mesmo volta hoje da África.

Espero qualquer tipo de reação vinda dele, depois de o mesmo ter ficado tanto tempo lá. Engels está calado esta noite, e eu não faço a mínima ideia do motivo. Olho para seu rosto pelo retrovisor.

- Tudo bem hoje negão? - Pergunto para Engels.

- Claro senhor - Engels diz, o que me faz revirar os olhos, pelo fato do mesmo não me tratar de forma tão cordial.

- Vai, fale o que aconteceu - Digo olhando-o - Você me torceu fazendo devolver o dinheiro e os imóveis de Calliu, depois de tanto tempo, sabe que tem créditos comigo, agora quero ouvir o que meu querido motorista, segurança, melhor amigo e padrinho do meu filho tem a dizer.

- O que seu motorista e segurança tem a dizer hoje é absolutamente nada, mas, seu melhor amigo e padrinho do seu filho tem a dizer que espero que o mesmo não o odeie para sempre, nem a mim.

- A você, acredite, ele nunca odiará, você é o pai que eu não sou, como ele adora dizer para Eliza a mim e quem mais queira ouvir.

- Está preparado ? - Engels diz estacionando o carro de frente a minha casa.

- Sim - Digo para o mesmo antes de sair do carro.

Caminho em direção a sala de jantar e é nesse momento que o vejo de costas, falando com Eliza e depois com Annie, sua irmã e Micael, seu irmão. Quando me aproximo mais com Engels o mesmo se vira para mim, fico surpreso ao vê uma cicatriz no seu pescoço, não muito grande, seus olhos estão expressivos, o mesmo está com mais músculos, apesar de ter emagrecido um pouco.

- Engels - Vidal diz, com tamanha adoração e saudade que sinto meu peito afundar, ele abraça-o.

Mesmo que já estivesse esperando isso, não consegui fazer com que esse sentimento não ocorresse dentro de mim. O mesmo se afasta de Engels e se vira para mim, seu olhar expressivo me deixando confuso.

- Talvez eu te deva algo - Vidal diz com um tom um pouco amargo, mas não como aquele garoto de antes, seu olhar não fraqueja o mesmo parece não ter medo de mais nada - Você me deu o paraíso e o inferno, depois tirou tudo novamente, obrigada pai.

- Isso é algo bom? - Pergunto.

- Se quase morrer milhares de vezes, se apaixonar por uma africana e depois ter que vê-la morrer bem na minha frente sem conseguir fazer alguma coisa for bom - Vidal dá um sorriso amargo pra mim quando fala - Mas se era isso que o senhor queria, estão aqui estou eu pai, o homem que tanto queria que eu fosse depois que viesse de lá.

- Eu fiz isso para o seu bem - Digo olhando-o.

- Não duvido - Vidal diz, então olha para todos nós - Preciso tomar um banho e tirar uma boa noite de sono, boa noite.

Vidal se vira, porém antes o mesmo pega sua mala e carrega para a escada. Eliza olha para mim e não preciso nem traduzir a raiva que ela tá sentindo de mim, fecho os olhos e me viro indo para o meu quarto com Engels vindo logo atrás.

Não digo absolutamente nada enquanto bebo bastante no meu quarto com Engels. Estou uma pilha de nervos ultimamente, a empresa tem me custado todo o tempo, mas esses problemas dentro de casa, tá foda.

- Falou com Scarlett? - Engels finalmente fala alguma coisa.

- Sim, ela foi ajudar Esmeralda no trabalho - Digo - Depois pretender ir na mãe dela, me chamou para ir junto, porém não sei como vou fazer ainda.

- Você precisa desacelerar um pouco cara, daqui a pouco vai cair duro aí - Engels diz e sorri para mim.

- Eu sei, mas está bem difícil comandar tudo sozinho, ultimamente - Digo.

- Que tal você visitar seu pai e de quebra você pede ajuda a ele em relação aos negócios ? - Engels diz.

- Ele não deve querer... - Começo a dizer, mas o mesmo me interrompe.

- Você não sabe, para de ficar achando tudo - Engels diz levantando-se - Estou indo, qualquer coisa me liga.

- Ta bom - Digo olhando-o - Obrigado seu otário.

- Nada babaca - Ele diz então segue em direção a porta do meu quarto indo embora. Não demora nem dois minutos e Eliza entra.

- Puta que pariu - Digo olhando pro teto do quarto, deitado na cama, respirando fundo.

- Vai falar com Vidal agora - Eliza diz, seu tom é petulante, reviro os olhos antes de olhar seus olhos.

- Ele quer descansar, deixo-o em paz um pouco e me deixa também - Digo, então fecho os olhos.

- O seu mal é ser assim, vazio, frio. Que grande merda eu fiz para minha vida - Eliza diz.

Escuto seus passos indo para a porta, saindo do quarto, a mesma faz questão de bater a porta do quarto com bastante força. Respiro fundo e me levanto, saindo do quarto, indo em direção ao quarto de Vidal, bato na porta duas vezes e abro quando escuto o mesmo falar que posso entrar. Vejo surpresa quando entro no quarto, ele está deitado, sua expressão é de cansado, porém não é como se fosse apenas fisicamente.

- Sim? - Vidal diz.

- Sua mãe tá me enchendo o saco para vir aqui - Digo com sinceridade, olhando seu quarto, repleto de pôsteres de banda, vou até a mesinha de estudos e puxo a cadeira que fica ali em direção a sua cama, sento-me e olho para ele - Vai, me diz o quanto me odeia, o quanto queria que eu estivesse morto, essas coisas de adolescente.

- Pai, não tenho nada para dizer - Vidal diz, me surpreendendo em me chamar de Pai, seu tom é de quem está realmente muito cansado - Eu só quero descansar.

- É notável sua mudança - Digo olhando-o - Não irei toma muito o seu tempo. Sei que talvez você me odeie mesmo, mas eu fiz isso pro seu bem, eu sei que não sou o exemplo de pai, sei também que já errei muito e talvez o que eu fiz tenha sido mais um erro de milhões que cometo a todo instante, mas eu queria que você me compreendesse, nada é tão simples como parece, a vida é confusa e pelo seu olhar consigo vê que aprendeu algo.

- Por incrível que pareça eu te entendo - Vidal diz, então respira fundo, deixando de me encarar, fitando o teto - Eu te amo pai, mas eu realmente não quero conversar nada agora, tudo bem para você?

- Eu também amo você - Digo me levantando e indo até sua cama, como costumava fazer quando o mesmo era criança, me inclino e beijo sua testa, então me viro indo em direção a porta.

- Pai? - Vidal me chama quando estou na porta, me viro e olho para ele.

- Sim - Digo.

- Por que o amor machuca tanto? - Ele pergunta olhando em meus olhos com seriedade.

- Também estou em busca dessa resposta - Digo, ele me da um meio sorriso, retribuo e fecho a porta, indo para o meu quarto.

Antes escuto risadas, vinda da sala, vou até a escada e olho para baixo, vejo Annie, Micael e Eliza vendo TV, onde tá passando um desenho que Annie ama assistir. Me pego sorrindo também, então resolvo descer, quando Micael me vê o mesmo levanta do sofá e vem me da um abraço.

- Pai - Micael diz, olhando para mim - Você veio ve desenho com a gente?

- Sim - Digo sorrindo para ele.

Me abaixo um pouco e dou um beijo na sua testa, o mesmo sorri como se não existisse nada melhor. Annie me observa ao lado de Eliza, quando caminho e me sento no sofá junto com elas. A mesma vem até a mim, puxu-a para meu colo e ela se aconchega para vê o desenho, enquanto Micael fica do meu lado e Eliza do outro. A mesma observa tudo em silêncio, voltando a sua atenção para TV.

Amantes do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora