Capitulo 10

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"Cecília, Cecília!" chamo a tapada mais duas vezes. Desde que acabei de contar a história toda ela me encara pasmada.

"Larabelle, ainda não posso acreditar no que meus ouvidos ouviram. Até a parte de você ajudar a levá-lo para casa depois do assalto consigo compreender, mas você quase dar para um estranho na manhã seguinte é o que me diz que você não está sendo você"

"Eu sei... eu sei! Nem eu consigo compreender, mas foi incrível!"
Começo a pensar em seus lábios colado nos meus, na forma como ele me dominou durante os beijos.

"Larabelle, Larabelle! " Ele me diz em tom de advertência

"Quem é você pra falar alguma coisa hein??! Toda agarrada com o Tatuado."

"É, parece que esses incidentes nas últimas 24horas tem acontecido para aparecer deuses gregos, tatuados no nosso caminho. Que homens! Valeu destino!"

Ela fala pensativa com as mãos juntas agradecendo e eu não consigo segurar o sorriso.

*******
"Sinais, me mostraram o caminho até você,
Vaga-lumes guiam-me sem perceber
E no fim da estrada uma luz parece ser você" Sinais- Luan Santana

A água do banho corria pelo meu corpo enquanto escutava essa música. Minha mente foi invadida com imagens do Marco Antônio, cada gesto seu. Aquele sorriso torto que acentuava seu furinho no queixo, cabelo bagunçado, aquela voz dura quando me repreendeu, seus olhos me fulminando irados, aquelas mãos que agarraram meu corpo com maestria.
Talvez esteja obcecada, porque faz muito tempo desde que fui tocada. E mesmo naquela única vez, não senti nada perto do que senti com o seu toque.
Nem sei se vou vê-lo mais. Um cartão escrito não quer dizer nada. Foda-se! Chega de mimimi peoa, você tem mais o que fazer!

Horas mais tarde estou se arrumando no meu quarto e lembro que com todos esses acontecimentos esqueci completamente de ligar para meus pais. O problema maior agora é achar a benção do meu celular, vivo perdendo .
Encontro em cima do tapete do quarto.

"Achei você!" Pego meu celular, que a Cecília faz questão de o chamar de tijolão. Ele não é tão moderno, mas é útil.

Ligo e no primeiro chamado ouço a voz familiar que me faz sentir saudades.

"E aí mana! Esqueceu de nois aqui é?"
Diz o um dos meus peões mais lindos.

"Gabs que saudades! Hey não esqueci, a vida que está muito corrida."

"Gabs o caralho Larabelle! É Gabriel porra! E mesmo você sendo essa irmã do mal, também com saudades! Nem vou dizer que a mãe tá louca contigo"

"Calminha nervosinho! Cadê a mãe? E porque eu ainda estou falando com você?! Chama a mãe, Gabs" provoco meu irmão mais velho.

"Foda-se Lara! A mãe não tá aqui não, está com o Luiz no curral para auxilia-lo no parto da Jussara."

"Pobre vaquinha, deve estar sofrendo. E o papai?" Estou louca para falar com o meu homem favorito no mundo.

"Está lá também. Mas vou falar para ela te ligar mais tarde mana. Aliás acho melhor você não demorar muito pra vir pra cá, a mamãe já falou de matar o Nhoque, só você para impedi-la."  Gabriel falou isso naturalmente, como se não fosse nada.

"O que? Nem pensar! O Nhoque é meu porco e ninguém toca nele! Pode falar pra mamãe que se algo acontecer com ele, não vou perdoa-la"  estou com raiva. Coitadinho do meu bichinho.

A Cecília entra no quarto e fica me pressionando batendo o dedo no relógio. Saco!

"O pai está segurando as pontas por enquanto, dizendo que o Nhoque está muito novo e tudo mais. Mas você tem que vir aqui na festa da colheita."

Lembro da festa da colheita e me animo, mas não sei se vou ter dinheiro suficiente para ir.

"Não sei não maninho. Estou sem grana por agora, só mesmo o suficiente para me manter aqui."  Minha voz evidência meu desapontamento.

"Ah menina você vai vir, nem que eu vá e te traga arrastada. Você sabe que pode contar comigo quando precisar. Não precisa fazer tudo sozinha" ele sempre me oferece apoio.

"Eu sei, mas não quero. Tenho que ir Gabs. Te amo. Manda um beijo pra todos."

"Pequena provocadora também te amo. Se cuida."  Nós desligamos o telefone.

Quantas saudades de casa! Vou dar um jeito de ir vê-los, isso garanto!

E com esse pensamento vou
para a faculdade com a Cecília.

***
O professor Pablo está explicando em sua aula de Genética,
cada vez que ele vira para escrever no quadro branco a minha amiga Julianna suspira, ao ver bunda avantajada.

"Dá pra você parar Ju?!" Sussurro para ela. A cadela tem a cara de pau de me olhar feio.

"Não dá não santinha. Essa bunda tem toda a minha atenção" reviro os olhos, mesmo sabendo que o professor tem uma bela bunda.

"Queridos, após a aula irei entregar um panfleto com os horários da palestra de amanhã. O palestrante é um Doutor muito experiente e renomado, que já atuou em vários lugares no mundo. Isso vai ser de grande aprendizado para todos vocês."

22:40. Vou saindo da sala com a louca da Ju.

"Larabelle, poderia dar uma palavra com você, por favor?" O professor Pablo me pergunta com um sorriso.

"Claro, professor" me despeço da Ju que faz um "sortuda" com os lábios.

Ele puxa uma cadeira para mim se sentar na frente de sua mesa em seguida senta na sua cadeira.

"Vou direto ao assunto Larabelle. Estou fazendo uma pesquisa para publicar um artigo, e de todos os alunos que venho observando, você é a que mais se destacou. Suas notas são as melhores e seus trabalhos sempre me surpreendem. Você tem muito potencial. Ficaria imensamente feliz se você fizesse esta pesquisa comigo, é uma grande oportunidade para seu currículo e garanto que vai te trazer muito conhecimento." Ele termina e eu fico sem reação. Isso é uma oportunidade do caralho! Quase ninguém recebe uma chance dessas.

"E então Larabelle ? Você estaria interessada? É claro que envolve muito trabalho e muitas horas de estudo, mas garanto que você vai dar conta."
Ele olha pra mim com olhos doces e um largo sorriso.
Demoro para responder e ele fica preocupado.

"Com toda certeza professor. Eu nem sei como agradecer essa oportunidade. Prometo dar o meu melhor, meu sangue se for preciso. Não vou decepcionar o senhor." Ainda não estou acreditando.

"Você será a melhor tenho certeza. E nada de senhor" Ele fala e sorri.

"Como quiser professor."

"Começamos na semana que vem. Mandarei um e-mail com algumas instruções"

"Ok. Boa noite professor e muito obrigado" pego em sua mão para agradecê-lo.

"Boa noite, Larabelle" ele diz com ternura.

Vou saindo da sala e olhando o panfleto que recebi da palestra, então paro de andar chocada e alguém acaba trombando em mim. Caio no chão, com meus materiais.
Tento me levantar e uma mão que cé familiar me auxilia. Olho para trás e lá está o Doutorzinho-encharcador-de-calcinhas.

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