Capítulo 2

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... oitenta e quatro, oitenta e cinco, oitenta e seis, oitenta e sete, oitenta e oito, oitenta e nove e noventa.

- Voltei mãe.

Minha mãe correu até mim e me abraçou.

- Como foi lá?

- Foi bom.

- Foi só bom?

- Há tenho que me acostumar com o novo ritmo.

- Que bom que foi bem.

Minha mãe estava lavando roupas no fundo da casa. Entro para meu quarto e troco meu vestido por uma saia preta e uma blusa.

- Mãe. Vou a biblioteca. Não demoro.

- Ok. Cuidado filha.

Pego minha bicicleta que estava encostada na varanda e pedalo. Iria a biblioteca não para ler, iria para conversar com a bibliotecária e para ter acesso aos computadores. 

- Oi. - falei a bibliotecária.

Ela quis puxar assunto mas fui direto para a cabine dos computadores. Hoje não estava afim de conversar.

...

Não tinha o que pesquisar, só queria sair de casa um pouco. Digitei: Matérias da faculdade de Letras. Achei aquilo que o professor passou para nós fosse idiotice. Mas realmente é uma matéria.

Conferi as ultimas notícias. Política, educação, saúde, celebridades e fui embora. Pedalei até minha casa e encontrei minha mãe no fundo de casa conversando com a vizinha. Entrei para meu quarto e peguei meu diário. A dias não escrevia nele. Reli as coisas escritas. Falava sobre minhas brigas idiotas, meninos, meus primeiros presentes e outros. Abri em uma pagina vazia.

Querido diário hoje foi meu primeiro dia na faculdade. É bem diferente da escola. E como é diferente! Tive um professor chato e arrogante. Não fiz amizades, não posso fazer. Mudando de assunto. Me sinto sozinha. Bateu aquela tristeza de repente. Talvez se eu tivesse um irmão, um namorado quem sabe?

Bom.

Esse foi o meu dia.

Aquilo era tão patético.

...

Minha primeira e longa semana se passou. Foi difícil. Os professores estavam em treinamento e então estavam trocando turnos, o que resultou em ficarmos com o professor arrogante que não disse seu nome aos seus queridos alunos.

Hoje era o ultimo dia de treinamento. Um longo dia. O professor sem nome terminou sua "aula" e fomos dispensados.

- Você não gosta de mim, não é?

Levo um susto ao ouvir sua voz. Olho ao redor e só tem eu na sala.

- Ta falando comigo?

- Tem alguém aqui além de mim e de você?

- Não. Não gosto.

- Parece ser a única.

- Talvez eu seja a única que esteja interessada em estudar aqui. Talvez eu queira aprender LETRAS. Talvez eu queira que meus pais tenha orgulho de mim. Talvez eu queira aprender algo sobre Letras e não sobre Ensino Fundamental. - explodo.

Saio antes mesmo de ouvir mais uma palavra sair da sua boca. Eu estava extremamente estressada.

Com a criação que meus pais me dera, eu nunca respondi alguém como hoje. Mas isso já estava fora do limite.

...

Sem nem contar meus passos caminho do ponto de ônibus até minha casa. Quando chego não encontro minha mãe. Fiquei preocupada por um breve momento até achar seu bilhete dobre a mesa.

Querida fui ao centro da cidade. Não tenho previsão de que horas voltarei. Se cuida. Beijos.

Querida. Querida. Querida.

Troco minha roupa por uma mais folgada e fico parada pensando no que fazer. Minhas atividades da faculdade estavam concluidas, já que o professor sem nome não passara nada além de texto. Meus livros estavam concluidos. Então fui para o quarto da minha mãe. Fucei em sua roupas. Olhei seu álbum de casamento. Fotos feias. Subo na cama para devolver o álbum em seu lugar. Empurro para o fundo o faz cair uma caixinha no chão. Acho estranho pois nunca tinha visto. Era uma caixinha preta. Não queria abrir mas a curiosidade era muita. Quando abri. Avia um colar banhado a oro acompanhado de um pingente escrito Sami abreviamento de Samira, meu nome.

- Filha?

Dou um pulo. Olho em sentido a voz e vejo minha mãe me olhando com os olhos arregalados.

- Oi.

- O que ta fazendo?

- Estava sem nada para fazer, ai vim ver as fotos, as roupas...

- E o que é na sua mão?

- Isso? É uma caixinha que caiu la de cima.

- Me de isso.

Ela olha e sorri.

- De quem é. Tem meu nome.

- Isso é de quando você nasceu. Sua avó paterna. - sorriu - Aquela velha encrenqueira. Sabia que eramos evangélicos e trouxe de presente um colar. Não deixei você usar. Nos ainda íamos para a igreja. Mas... ele é seu. Faça o que quiser.

Ela me entrega o colar e saio para meu quarto.

Doce Perigo.Onde histórias criam vida. Descubra agora