Capítulo 03: Páginas Esquecidas

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Ao abrir a porta do porão Mikhail estava desmaiado, o estranho o segurou pelos braços e o arrastou para fora da casa trancando a porta logo em seguida. Mikhail sangrava muito e de vez em quando acordava, mas logo em seguida desmaiava de novo por falta de sangue. Mikhail acorda assustado numa cama velha, ele olha ao redor e tudo que vê é um quarto escuro com móveis velhos - aliás tudo nessa cidade parece velho - e muita poeira. Logo em seguida o estranho entra no quarto Mikhail se assusta e se agita caçando algo perto que servisse de arma.

(Estranho) - Calma garoto, acha mesmo que se eu fosse te matar teria tirado você de lá?

Mikhail tenta levantar mas com tanta dor na barriga não consegue. Ele olha para si e vê que está com curativos no abdômen e na mão onde ficava seus dedos. Ainda desconfiado ele vê em cima da criado mudo, ao lado da cama, as coisas que usaram para fazer o curativo, entre eles uma tesoura. Mikhail a pega se coloca sentado e aponta para o homem.

(Mikhail) - Vai me desculpar, mas pelo que passei você vai entender o porquê de estar fazendo isso. Vai, me diz, quem é essa gente e que droga de lugar é esse?

(Estranho) - Claro. Mas pra começar meu nome é Stenish. Essa cidade já foi um bom lugar. Mas depois que uma empresa mineradora veio estudar a montanha, próximo ao lago, tudo mudou. Não sei se tiveram algo haver com isso, mas aconteceu na mesma época. As pessoas agem de forma violenta e descontrolada, vêem todos como ameaça. Eles matam todos que chegam. São sempre hostis, mas tudo piora a noite... Não importa, eu te ajudei e você vai me ajudar.

(Mikhail) - O que quer?

(Stenish) - Sair desse lugar.

(Mikhail) - E por quê simplesmente não sai?

(Stenish) - Essas coisas não deixam ninguém que não seja como eles saírem, não vivos.

(Mikhail) - Porque você não é como eles?

(Stenish) - Começou com as pessoas que trabalhavam na mina. De algum jeito se espalhou para o resto, eu nunca cheguei perto deles ou da mina.

(Mikhail) - Não Posso ir, preciso descobrir se minha irmã está aqui, não posso deixar ela nessa droga de lugar.

(Stenish) - Ela está aqui, eu mandei a foto dela.

(Mikhail) - O que você fez com ela!? -disse com uma tom de raiva.

(Stenish) - Nada seu imbecil, assim que ela chegou com um grupo de outras crianças as pegaram. Ela deixou a mochila dentro do ônibus e eu fui pegar, atrás de suprimentos. Achei os documentos dela.

(Mikhail) - Por que demorou para me enviar?

(Stenish) - Se não percebeu os correios daqui não anda funcionando como deveria. Agora cortando o papo furado para sair daqui preciso que você pegue algumas dinamites na loja de ferramentas e as coloque no sino, da igreja no centro. Assim poderemos causar uma distração.

(Mikhail) - ... Tá, onde fica essa loja?

(Stenish) - Na parte sul da cidade, próximo ao hospital. Leve esse rádio com você, entrarei em contato.

O dia amanhecia, Mikhail tomou algumas drogas para diminuir a dor. Stenish lhe deu um mapa da cidade, alguns remédios para a dor, uma lanterna, um relógio e um canivete. Sem outra escolha Mikhail sai da casa, a casa ficava na parte leste da cidade. Olhando agora com mais calma ele podia ver a cidade. Parecia uma mistura de algo rústico e moderno, mas por ser uma cidade de montanha parecia uma grande favela, só que com mais classe. As ruas estavam vazias, isso iria ajudar a chegar ao seu destino. Passando por becos e vielas sempre atento ele se escondia atrás de caixas e carroças. No meio do caminho ele vê alguns dos moradores na rua a sua frente limpando a rua com vassouras, arrumando suas casas, pareciam pessoas normais, mas dois dedos a menos o lembravam que não eram. Então logo percebe que outro grupo vinha por trás. Ele sem saber o que fazer entra numa casa que a sua esquerda e fecha a porta, ele da uma boa olhada, na sala havia dois corpos abraçados no sofá - provavelmente morreram no começo de tudo - talvez várias casas estivessem na mesma situação. Ao olhar pelo local atrás de algo que poderia ajudar ele encontra uma carta.

(13 Janeiro

Mais um dia se passou e eles não sabem que estamos aqui, talvez eu consiga sobreviver a esse pesadelo, ou será que estou sonhando de mais? Bom, agora só o que import... *mancha de sangue *

16 de Janeiro

Droga, eles estão vindo, vão pegar as crianças. O que vamos fazer? Não podemos deixar leva-los. Que Deus nos ajude.)

Mikhail coloca a carta em cima da mesa onde achou e vai até a cozinha. Insetos estavam em cima da louça suja aproveitando o resto da comida. Armários vazios, geladeira cheia de comida estragada. Então ele vai até os quartos. Parecia quartos infantis, abandonados a muito tempo. E havia mais uma folha, rasgada de algum lugar.

(Não sei se vou sobreviver, mas se alguém achar essa carta saiba apenas que eu fiz tudo que podia pra ficar viva. Eu só queria ver meu irmão de novo. Me sinto tão sozinha... *lágrimas borraram a carta* espero te ver de novo. Meu irmãozão... Mikhail)

Mikhail sentia uma mistura de felicidade e angústia, ele sabia que ela estava lá, mas infelizmente, ela estava lá... Naquele lugar. Aproveitando a arquitetura da cidade que se assemelha a uma favela, ele sai pela janela e anda por cima dos telhados. A dor o atrapalhava as vezes. Quando ele pula em um telhado o telhado quebra e ele cai dentro de uma casa, cheia deles, aqueles moradores filhos da puta. Não disseram nada, apenas puxaram facas e foram em sua direção. Sem saída ele pega o canivete e aponta contra eles.

(Mikhail) - Merda, me ferrei de novo...

*música tema do capítulo*

A Morte Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora