Eu não sabia o quanto disso contar à Hayna. Conhecendo-a eu podia jurar que ela iria ter um surto psicótico.
Estava quase chegando na esquina de casa, quando um caminhão parou ao meu lado. Continuei andando sem olhar para trás, até passos ecoarem na calçada.
— Você se esconde muito mal, sabia? — Adrian falou.
— Não estou me escondendo. Mas você está me seguindo — comentei com raiva. — Por quê?
— Sou o líder do clã de Moscou. Linhagem pura e tudo mais. E estou disposto a oferecer ajuda a você e sua família ou o que quer que tenha — ele falou.
Dei um passo para trás, preparada para correr.
— Agradeço, mas sabemos nos virar — falei. — Além disso, não sei bem se você faria bem em ajudar bruxas vampiras.
Ele abriu a boca para responder, mas não houve tempo. Alguma coisa estava vindo rápido na minha direção, e eu só tive tempo para abaixar.
— Droga, o que foi isso?
A exclamação de Adrian foi baixa, mas de alguma maneira meus sentidos estavam mais aguçados do que parecia possível.
Vindo do meu lado da rua, um homem caminhava torto, mancando e se contorcendo estranhamente.
— Lisa!
Hayna apareceu ao meu lado, saindo sabe-se lá de que lugar. Adrian apontou a arma para ela, mas a abaixou quando me interpus entre ambos.
— Isso não é hora, temos outros problemas para resolver.
— Ela é sua amiga?
— Lisa é minha rainha, e sobrinha — Hayna respondeu com raiva.
— Adrian. Prazer.
Ignorei os dois.
— Adoro a amabilidade de vocês, mas temos problemas maiores — apontei para o ser que se aproximava.
Hayna arquejou.
— Um Senegont, não é possível.
— Um o quê?
— Senegont são seres que estão mortos vivos, trazidos por magia negra — Adrian explicou em voz baixa.
— Quem estaria fazendo isso? — Hayna sussurrou.
— Ninguém sabe, mas estamos correndo atrás de pistas — Adrian respondeu.
Me distraí com a conversa deles o suficiente. Apenas senti a mordida infame do ser em meu pescoço, o sangue esguichando para fora, e ele se debatendo loucamente.
Um cheiro de fritura velha encheu o ar, o Senegont caiu para um lado, se torcendo até virar um carvão seco. E eu cai para outro, tentando segurar a parte sangrando.
— Lisa! — Hayna gritou, caindo de joelhos ao meu lado.
— Ele arrancou uma parte da artéria dela — Adrian falou. — Não podemos fazer muito, a não ser...
— Não — sussurrei, a dor excruciante invadindo meu corpo. — Prefiro morrer, a me tornar uma vampira.
— Lisa, você não pode me deixar... Por favor.
— Eu posso fazer isso, mas não sem o consentimento dela — Adrian olhou Hayna.
Minha visão estava falhando, os rostos deles entravam e saíam de foco, enquanto meu coração ficava cada vez mais fraco.
— Lisa! Aceite! Por favor!
— Não quero... Não posso...
— Pode sim, Lisa. Por favor.
Um grito ecoou de algum lugar, e Adrian sumiu de vista. Um grito demoníaco encheu meus ouvidos, pessoas correndo sem parar, esmagamento e silêncio.
— Tem mais deles aqui, é melhor darmos o fora.
— Decida agora, Elisabeth ou eu decidirei por você.
A ameaça soou forte na voz de Hayna, tentei mover minha boca, mas tudo saía e entrava em foco como se eu estivesse bêbada demais.
Alguém ergueu minha cabeça nos segundos que apaguei. Abri os olhos, e Adrian estava sobre mim, dentes afiados e pontudos a mostra. Senti um pânico, até não sentir mais nada.
Acho que morri.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alma Vingada - O retorno
RomansaA vida seguiu en frente para muitos personagens de Alma Sombria. Porém, um segredo excruciante poderá mudar a vida de todos eles, mesmo os que não havia saído de seus lugares... "Mate-me. Mate-me e tenha a sua vingança, meu amor..." "Fechei meus olh...