Capítulo 5

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Susan

Enquanto Marco entra no quartel, fico do lado de fora esperando perto do seu carro. Achei melhor não entrar com ele, apesar de ter insistido bastante, preferi que resolvesse os seus problemas de trabalho sem que eu estivesse por perto.

Lembro-me do que ele falou a respeito de sua ex-namorada e não sei porque ainda me choco com esse tipo de coisa. Sempre soube que existem as marias-chuteiras, que são aquelas mulheres que correm atrás de jogadores de futebol, mas marias-patentes? Sorrio com o nível da falta de escrúpulos dessas criaturas, elas devem se dar mais valor e querer um homem que goste delas, e que gostem de verdade, ao invés de buscar status ou dinheiro. Ficar com alguém só por dinheiro ou status não é para mim, isso com certeza não deve trazer felicidade. É uma pena que o Marco tenha passado por isso, apesar de que deve ser bem comum encontrar tipos assim, levando a vida de farras que leva.

Eu sou simples e gosto de levar a minha vida assim. Venho de uma família simples financeiramente, não somos ricos, mas temos como nos manter tranquilamente. Papai cultiva girassóis e o mel produzido por sua fazenda é um dos melhores da cidade de Mugello. Graças a isso que nos mantemos bem, com as contas pagas e os meus estudos em Paris. Curso gastronomia e me formo no próximo ano, nas horas vagas faço um trabalho extra, num restaurante perto da faculdade, e venho juntando a grana já que pretendo abrir um restaurante aqui em Florença com minha sócia: Marcella Peroni, uma grande amiga e irmã. Nos conhecemos no primeiro dia de aula e desde então nos tornamos grandes amigas. Ela não tinha tanta pretensão de voltar para a Itália, mas depois de muito conversarmos resolveu entrar de cabeça na minha ideia.

Buongiorno, bella ragazza!

Viro-me para ver de quem vem o cumprimento e fico sem palavras para descrever o espécime à minha frente. Moreno alto, cabelos negros e espessos, forte, do tipo atlético. Passaria em todos os testes de qualidade do Inmetro.

Buongiorno!

— O que a bella signorina faz aqui, sozinha? — Um galanteador. O que tem de errado com esses homens?

— Acho que esta informação não é da sua conta — respondo com um sorriso nos lábios.

— Língua afiada, gosto disso.

Oi? Só pode ser maluco.

— Desculpe, mas você deseja algo? — A minha paciência é curta para joguinhos sem sentido.

— Desejo sim, saber o seu nome.

— Eu mereço — bufo.

— Vamos começar de novo — diz, estendendo sua mão em minha direção. — Prazer, sou Carlos. Capitão Carlos.

— Você é insistente, Carlos. Capitão Carlos — zombo ao repetir sua patente.

Ele deve pegar muita mulher só jogando esse charme barato e ostentando sua posição social.

— A signorina também. Não vai mesmo me dizer o seu nome?

— O nome dela não te interessa, Carlos. Mantenha-se longe da minha mulher e deixarei todos os dentes dentro da sua boca! — brada Marco, furioso.

— Sua mulher? Eu não deixaria uma bella donna sozinha por aí, pode ser perigoso.

Cara maluco!

— Tenho certeza de que tem muito trabalho te esperando lá dentro — diz Marco, apontando para o quartel. — Melhor você ir fazer algo de útil ao invés de se meter na vida dos outros.

— Ora, ora, Tenente Marco Spinelli, está muito nervoso. Nem mesmo um cumprimento. Como vai, senhor? — zomba.

— Se manda, Carlos! — ruge Marco.

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