Deixem-me em paz. Não quero saber nada.
Hoje não quero saber nada!
Na verdade, eu sou aquele cujo conhecimento é suposto ser zero
Porque o conhecimento ou a busca dele
Deram cabo de mim.Raiva de quem me tenta injetar com uma seringa,
Uma dose de saber...
No meu sangue entra só o que eu quiser!
E, saber, ah, o saber, todo o saber, destruo-o!Não quero saber se o Sol nasce ou se é a Terra que gira,
Não quero saber se há extraterrestres ou extramarcianos,
Não quero saber se me odeio ou se me amo
E muito menos se sou revoltado, paranóico ou insano!Ah, tirem de cima de mim todos esses livros grossos e empoeirados!
Ah, tirem-me da vista (ou destruam) esse Padrão dos Descobrimentos!
Egocêntricos! Ninguém descobriu nada, os punhados de terra é que os descobriram a eles,
E se pudessem mexer-se, horrorizados,
Correriam deles!Não quero saber se o céu tem estrelas ou se é um painel preto com candeeiros lá em cima que alguém inventou para nos enganar...
Não quero saber se a Terra é tudo o que existe nem se é plana ou redonda para alguém chutar...Raios parta à ciência, raios parta ao cérebro e raios parta a quem o usa!
Na verdade, quero que o meu expluda,
Porque não me para de encurralar
Na minha própria condição
Onde estou condenado a ficar!Não quero saber de ti nem de ti,
Porquê vocês são tudo o que eu sou,
E metem-me nojo por me relembrarem disso!
Não quero lembrar-me de onde estou,
Porque este não é o meu lugar
E não consigo extrair de uma noite por todas este sentimento misto!Tudo o que quero ver é sangue,
E quanto mais escorrer sangue,
Uma gota ao balde da ignorância se acrescenta...
E da ignorância... vem a inocência...
E da inocência... vem a felicidade...Está na hora de vir a minha.
Agora vinde trazer-ma e servir-ma num prato requintado.
E se tudo o que ele trouxer for um guardanapo
Com a pergunta " o que é a vida?"
Eu vou come-lo aos bocados e no fim,
Pagar com um bilhete escrito
"Não sei, não quero saber
E tenho raiva de quem sabe"!Lázaro Andrade