Capítulo Um.

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Papéis... malditos papéis.

Quer dizer eles não tem culpa de serem usados para esses fins.

Contas.

Dívidas.

São tantas contas por pagar, ora é conta da água, conta da luz, comida, aluguer e sem me esquecer dos medicamentos excessivamente caros da mãe.

Tantas contas fazem minha cabeças doer, meu coração se cortar em pedacinhos de tanta dor que sinto. Daqui a pouco já é final do mês e eu ainda não quitei nenhumas das minhas dívidas.

Mas como irei pagar tudo de mais se o meu salário ao menos chega para comprar uma massa instantânea? Talvez se for achatar o meu tempo, quem sabe assim assim eu consiga pagar tudo. Pois, quem sabe ?

Talvez eu consiga arranjar um terceiro emprego e talvez essa fosse a solução.

Com os milhares de jornais que eu, Mia e outros vizinhos ajudaram-me a recolher, procuro um trabalho que esteja a minha altura; Para ser mais explícita, procuro por um trabalho que não necessite a minha inteira disposição. Não como os outros dois fazem... eles sugam toda a minha energia e o meu valioso tempo. Ao fim de quase trinta minutos, não encontro nenhum emprego digno para a minha formação acadêmica.

Solto um suspiro em sinal de frustração, lembrando-me o porquê desta situação. Formação académica. Eu sequer tive tempo para concluir a oitava classe. Porquê? Minha mãe adoeceu muito cedo e eu simplesmente não tive mais tempo dar continuidade aos estudos. Com a descoberta da doença da minha mãe, ela permaneceu muito fraca durante os primeiros dias e isso implicou que parasse de trabalhar deixando tudo nas minhas mãos.

Mesmo tendo insistido ela que não me preocupasse com ela e sim focasse a atenção nos estudos, mas foi impossível. Me digas quem em sã consciência, deixaria sua mãe em casa gemendo de dor e também suando por preocupação por não ter nem o que comer e muito menos dinheiro para ir a consulta; quem é que seria o louco que deixaria tudo nas mãos do destino? Pois eu pensei. Melhor dizendo... eu não pensei.

Agi por impulsão e fui irracional ao fugir das aulas para poder fazer mini serviços no mercado e ganhar alguns trocados. Claro que minha mãe brigava comigo e aí eu sempre procurava mil e uma maneiras de escapar falando sobre a nossa estabilidade e miséria.

— Ainda estás a procurar um terceiro emprego?

— Mãe, sabe muito bem que um novo emprego...

Um novo emprego te cansaria mais, irias ficar sem tempo nenhum para te divertires.

Não. –  Sorrio nervosa a procura das palavras certas. — Um emprego novo, melhoraria as nossas condições, pagaria todas as nossas dívidas, daria para pagar um bom especialista que curasse a tua doença. Ou mesmo que nos falasse que tudo isso não passa de um erro.

Minha mãe não falou nada e voltou a fazer o nosso almoço. E poucos minutos depois tudo ficou pronto e bem delicioso.

— A mãe não deveria estar deitada? –  apergunto ao notar que ela está em pé pronta para iniciar a limpeza, ela está até com um pano e detergente na mão.

— Eu já descansei o suficiente, sinto-me como nova.

— Mas mãe... já ajudaste demais com o almoço, não precisa preocupares-te com a limpeza... – Contestei .

— Mas nada Fiorella! Eu não sou mais criança. Sou adulta, tanto que até consegui criar uma filha de trinta e um anos. __ Rebateu em um tom calmo e dócil.

Calei-me, pois sabia que seria inútil discutir com Antonella Rissioli seria uma causa perdida pois ela é a pessoa mais teimosa do mundo. Ela é mais teimosa que um touro.

A Substituta - DEGUSTAÇÃO! Onde histórias criam vida. Descubra agora