Capítulo Dois.

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O vento das ruas de Veneza bate em rosto e faz com que os meus cabelos voem para a minha face fechando o meu campo de visão, enquanto caminho à passos lentos para lanchonete de Enzo.

Ao entrar na mesma, encontrando apenas o Enzo encostado no balcão de atendimento à contar o dinheiro das nossas vendas.

— Bom dia, Enzo .

— Bom dia. – ele foi curto e áspero.

Me dirigi ao centro da lanchonete encontrando as mesas arrumadas em um canto inferior do lugar, antes de começar o meu trabalho; fiz um coque em meu cabelo. Arrumei com todo o cuidado e boa disposição do mundo, as mesas e limpando-as em seguida.

Limpei cerca de três vezes cada mesa, pois Enzo é um chefe bem exigente e mesquinho que adora descontar meu salário por qualquer deslize meu. Mesmo que a culpa não seja minha, ainda assim eu sou a culpada. Para o meu patrão, o cliente tem sempre a razão. Sempre mesmo! Até que olhando pelo lado do meu patrão, acho que ele possa ter razão.

Porque quem está aqui para trabalhar sou eu. Quem necessita de dinheiro sou eu. Quem está aqui para agradar, sou eu. Então porquê a razão ficaria ao meu lado?

Eu já havia colocado o meu avental, juntamente com a minha toca; quando verificava os refrescos gelados e quentes, as bebidas alcoólicas e a máquina de café sob o olhar vigilante de Enzo. Ele me fazia sentir-me uma ladra, com a tamanha desconfiança que ele sempre demonstrara.

— Algum... problema ? – perguntei meio receosa. Eram poucas as vezes que eu me comunicava com o meu chefe, isto é, quando nos falamos é para que eu receba alguma repreensão da parte dele.

— Não.

Assenti. E voltei a fazer a revisão aos produtos presentes e ausentes na lanchonete. Eu precisava fazer um revisão para quando faltasse algum ítem eu dissesse ao Enzo daí ele mesmo compraría; Caso eu não fizesse a revisão, provavelmente receberia um desconto por saber de uma informação valiosa e ficar calada.

Mais tudo isso é pela minha mãe. Pensando assim tudo fazia sentido, tudo tinha graça. Antonella Rissioli já fez tanto por mim, acho que já passou da hora de retribuir.
Lembro de uma vez em que ela deixou de comprar roupa para ela sendo chamada assim de esfarrapada para comprar uma bicicleta para mim, que todas as minhas coleguinhas de classe tinham e menos eu .

Eu nunca me importei com coisas materiais, só o simples facto de ter uma casa, uma mãe e comida já me alegrava muito. Na época, eu tinha volta de sete anos e fiquei bem entristecida porque as minhas colegas haviam proposto uma corrida de ciclismo em um parque e na qual eu fui convidada . Queria tanto ir mais não tinha como, minha mãe não tinha dinheiro para tal.

Nunca gostei de sobrecarregar minha mãe, então não lhe contei nada. Ela já tinha muitas contas por pagar e tal... fiquei meio magoada por não poder participar. Fiquei em meu quarto, nesse dia eu não quis nem sair para brincar com Mia (também, ela havia sido convidada e tinha um triciclo em casa) Não sei como minha mãe soube, mas ela pareceu no meu quarto e conversou comigo.

Me falou que nem tudo que nós queremos podemos ter... me falou sobre Deus e os seus propósitos. Aí ela me mandou sair de casa, meio confusa saí de casa e encontrei um lindo triciclo rosa e branco. Saltei emocionada , agradeci a Deus , a minha mãe (com milhares de abraços e beijinhos ) fui toda gingona ao passeio.

O som que sino emitia quando a porta foi aberta, anunciando a entrada de um cliente me acordou de minhas lembranças e chamando a minha atenção. Me dirigi a mesa em que estava a cliente neste caso.

— Bom dia, como está? – saudei sorridente à cliente, devido às minhas recordações.

— Bom dia minha bela jovem, eu estou bem graças a Deus e tu?

— Também...  Já sabe o que vais querer?

—O que me sugeres?

— Hmmm... um pãezimho de queijo e café expresso com leite.

—  Além do café?

— Temos o chá preto.

—Irei ficar com o pãezinho de queijo e o chá preto.

Assenti. E anotei em meu caderno. Olhei confusa para o Enzo que se encontrara no balcão. Afinal ele não tinha de estar na cozinha?

— Enzo, aqui estão os pedidos.

— Quais pedidos?

Os daquela cliente.

Faça-os tu! Tu é que estás na cozinha, é teu dia.

Senti-me indignada, se ele sabia que eu tinha de ficar na cozinha. Porquê então deixou-me atender a cliente? Bufei de raiva e fui para cozinha realizar os pedidos.

Depois de terminar, coloquei-os por cima do balcão chamando por Enzo.

                            (...)

Depois de terminar os trabalhos na lanchonete, incluindo a limpeza e arrumação dos produtos, fechei a mesma com a ansiedade de ver minha mãe e saber do estado dela. Se ela está bem. Se não teve nenhuma de suas crises. Ou mesmo saber se ela tinha se medicado.

Como a noite estava agradável, decidi voltar para casa à pé. Não necessário voltar de ónibus ou táxi, enquanto eu possuía duas pernas e sabia andar. Um pensamento bom e agradável invade minha mente enquanto ando rapidamente pelas ruas calmas de Veneza;

Na verdade era um sonho em que descobriamos que a doença da mãe nunca passou de um alarme falso, eu retomava os estudos através de uma bolsa de estudos patrocinada pela faculdade de direitos humanos. Sempre foi meu sonho, seguir o caminho das leis e regulamentos humanos.

Nesse tal sonho eu e minha mãe éramos totalmente felizes e nada nos faltava.

Quem me dera que meus devaneios passassem de sonhos e viessem a concretização de todos eles. Quem me dera! Ao chegar em casa encontrei minha adormecida em seu quarto, dei-lhe um beijo e fui me trocar.

Jantei e depois assisti a televisão onde passava um filme o qual não sei bem o nome, mas sei que se tratava de mulheres assassinas. Era um filme de origem inglesa. Reconheci através da actuação de Angelina Jolie, Anne Hathaway, Lucy Hale e entre outros actores.

Estava tão distraída com o filme de terror em minha televisão, que nem percebi que já eram uma da madrugada. Arregalei os meus olhos que estavam com a atenção presa no relógio, ficando assim assustada com o horário. Já eram uma hora e vinte e dois minutos, comigo ainda acordada.

Sendo que o meu trabalho começava mais cedo, hoje, porque já é de madrugada. Desliguei a televisão, apaguei todas as luzes e fui dormir.

                             (...)

Mia está presente em meu quarto ao tentar acordar-me, digo isso porque os braços dela estão em volta dos meus ombros. Sacundindo-me .

— Mia... –  Murmuro com a voz sonolenta. — só mais uns minutos por favor. —  Tateio a cama em busca de qualquer lençol, mas não encontro absolutamente nada.

— Já está na hora de ir trabalhar.  –  e
Ela pontua séria e levanto-me em um pulo só.

— Oh... é verdade. – Digo correndo com uma toalha e roupas em direcção à porta da casa de banho.

Mia ri:

— Lembras que hoje é domingo, Ella?

Coloco a mão na testa lembrando me de que realmente é domingo e que também não trabalho.

— Então? Porque me acordaste?

Para irmos divertir-nos.

—O QUÊ? Não tenho tempo.

___ Ella , por favor, tu prometeste-me .

___ Mia tenho uma mãe doente e não posso deixá-la sozinha.

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