Novata? Eu? Talvez

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Seattle

O que a gente não faz por dinheiro, não é? Saí de Austin - Texas, aonde cresci junto de meu irmão Noan e meus pais. Me formar em Medicina era meu grande sonho, mas tive que me mudar pra cá, um dos melhores lugares para progredir na área de saúde.
Um grande amigo de papai me arrumou esse emprego como plantonista, então não tenho muito o que reclamar.

20:00 - Hora do plantão

-Olá, boa noite!- falei para a recepcionista.
-Boa noite- ela fala bem séria- Você deve ser a nova cardiologista daqui, correto?
Engoli em seco e respondi que sim, enquanto ela parecia não dar a mínima pra mim.
-Bem... Você chegou no final da hora do jantar. Restam 15 minutos! Corra. - ela continua sem me olhar.
Em uma das placas do Hospital dizia que o refeitório fica no piso 2, então é pra lá que eu vou!

No refeitório...
Não conheço ninguém, a maioria está separada em grupos de médicos, residentes : não dá pra sentar com eles, por enquanto.
Peguei apenas um café expresso e me sentei na mesa mais distante da entrada do refeitório.
Sentar sozinha não é a melhor coisa a se fazer quando se é falante como eu, mas só por hoje.
De repente, um homem de terno, alto e razoavelmente moreno vem entrando no local.
Abaixo a cabeça e continuo a beber o café, mas quando menos espero, ele senta na minha mesa :
-Você é a novata do Texas?- ele sorri de um jeito sarcástico, porém com uma ponta de sensualidade.
-Novata? Eu? Talvez - só pude falar isso após aquele sorriso.
-Seu sotaque denuncia, senhorita...?
Ele me dá a mão para que eu possa apertá-la.
-Savinon! Hillary Savinon!- meu nervosismo novamente não ajuda muito.
-Encantado. Meu nome é Giovanni Straight, gerente de manutenção do Seattle Hospital Center. Caso precise, eu fico no andar n° 5.
Ele se levanta, beija minha mão e se retira.
Ainda não acredito que o gerente está com uma quedinha por mim...
Talvez seja só um truque, um jeito de se divertir sabendo que sou um alvo de piadas aqui, apenas por ser do Texas! Mas as tentações são maiores do que o medo de ser o brinquedo novo dentro do SHC.

Madrugada...

-Como sabe que sou do Texas? - entrei na sala do Giovanni sem ao menos bater na porta.
-Tenho meus meios para descobrir, seu sotaque não nega - ele ri - E seu jeito bruto de entrar na minha sala também não.
Fiquei envergonhada, mas tentei manter a pose. Ele levanta da cadeira e vem até mim, fechando a porta vagarosamente.
-Escuta, você chamou bastante a minha atenção, mais do que qualquer médica gostosa que já tenha passado por aqui. - ele passa os dedos nos meu cabelos- Então, o que ocorrer vai depender de você.
Engulo em seco, meu corpo arrepia. QUAL É A PORRA DO PODER QUE ESSE HOMEM TEM SOBRE MIM?!
-Eu... eu entendo, Senhor Straight.
-Shh...- ele põe o dedo indicador nos meus lábios - Giovanni, me chame de Giovanni. Pode me chamar de filho da puta também, mas só na cama - ele ri.
-Não preciso de uma cama pra saber que você está sendo um filho da puta agora! - tento manter a firmeza das palavras.
Ele se aproxima mais e mais e mais...
Até que nossos lábios se encontram. Minha mente rejeita aquele tipo de relacionamento, mas meu corpo se entrega. E eu que estava parada, encostada na porta, agora já passo a mão na nuca dele, intercalando entre apertar seus ombros, arranhar suas costas e puxar seu cabelo castanho. O beijo dele é bom, uma língua predominantemente gostosa de se provar, de se sentir.
Ele desce a boca para o meu pescoço, sem querer solto um gemido.
-Senhor... Straight, eu.... - mal consigo falar, a boca dele domina meu corpo - eu sou novata!
Empurro Giovanni pra longe e ele ri.
-Uma novata que beija muito bem e parece saber o que quer, gostei disso em você.
Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas, não é legal quando isso acontece. Mas não posso negar que o beijo desse ridículo me tirou o fôlego.
-Eu vou indo agora. Não devia nem ter entrado aqui!- me viro pra tentar abrir a porta, mas ele trancou.
-Procurando alguma coisa? - ele roda a chave no dedo.
Já percebi que Giovanni não é lá uma pessoa das melhores. Pelo menos ele vem até mim e destranca a porta, mas antes que eu abra, ele passa a mão no meu bumbum.
-Você vai precisar de muito autocontrole, Senhorita Savinon - ele se aproxima do meu pescoço e sussurra - Vamos ver quanto tempo você aguenta sem me levar pra cama.
Saio enfurecida da sala, como ele pôde fazer isso com uma novata?! Talvez faça com todas...
Não tenho o direito de me achar diferente das outras. Mas ele é tão... tão quente...

Ao amanhecer o dia...

Essa noite foi sórdida, talvez tudo tenha passado rápido pelo simples fato de ter sido assediada (e infelizmente ter gostado). Mas isso precisa parar! Eu vim de tão longe pra finalmente conseguir um emprego bom e quando consigo : um gerente lindo e metido me beija... e beija gostoso. ARGH ! Aonde foi parar a minha honra?!
Hillary, foco! Você precisa de foco!
Espero que amanhã ele possa compreender que somos apenas companheiros de trabalho. Mas algo me diz que ele não vai desistir tão fácil assim.
A minha sorte é ter em mente que o Noan precisa de mim e do meu dinheiro, é por causa dele que estou aqui, à tantos quilômetros de casa...

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