Capítulo 7: Para te comer melhor

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Os laans ou lupinos têm rostos e cauda caninos e mãos e pés com garras. Há seis estirpes conhecidas em Atlântis: Xólotl (cão gigante), Fenrir (lobo),  Anúbis (chacal), Huehue (coiote), Aguará (lobo-guará) e Kitsune (raposa), além de outras menos conhecidas em terras distantes. Um Xólotl é duas cabeças maior que um humano,  um Fenrir um pouco maior que o humano, os três seguintes comparáveis a nós e o Kitsune um pouco menor. São provavelmente os soans que mais facilmente aceitam a amizade, a companhia e mesmo a dominação por humanos e melhor compreendem nossa língua, gestos, entonações, expressões e insinuações. Têm um faro quase tão bom quanto telepatia para detectar emoções. Podem ser brancos, cinzentos, castanhos, pretos e às vezes malhados. Fêmeas têm seis tetas pequenas e peludas. Quanto aos pintos, é melhor mostrá-los em ação.

Como vocês devem ter imaginado, minha primeira experiência foi com meu mestre e mentor Anpu. Depois de descobrir meu enrosco com Kernun, ficou inquieto e arisco. Evitava-me e nas reuniões se atrapalhava ao me dirigir a palavra. Nunca transara com uma humana e quanto mais tentava reprimir essa fantasia, mais ela o obcecava. Aquilo não podia continuar assim.

A oportunidade de pôr tudo em pratos limpos veio ao sermos acolhidos por um trio de irmãos panterinos que resolveram passar a noite fora. Anpu sentou-se no chão do quarto de hóspedes de pernas cruzadas e pôs-se a escrevinhar debaixo da luz do lampião para me evitar até eu dormir. Sentei-me na mesma posição, meus joelhos quase encostados nos dele. Ele se sobressaltou, meteu ainda mais as fuças na prancheta e rabiscou caracteres sem sentido.

Mesmo naquela situação cômica, era uma figura majestosa. Um Anúbis alto, forte e elegante, de peito largo e pelo negro e brilhante, ressaltado pelo saiote dourado. Uma pessoa amável, sábia, generosa e valente. Não era justo rir dele por não saber lidar com uma emoção insólita e não merecia ser deixado naquele estado. Sorri e o interrompi.

– Mestre, precisamos conversar. Sobre nós. – Deixei as mãos nos joelhos. Salvo por acidente ou para lhe chamar a atenção, eu raramente o tocava nos últimos dias.

Ele suspirou fundo e ergueu a cabeça, sem largar o cálamo e a prancheta.

– Há coisas sobre as quais é melhor calar.

– Desculpe-me o atrevimento, mas desta vez eu discordo. Você tem uma atração por mim que tira sua paz, perturba seu equilíbrio e atrapalha a nossa missão. Não podemos continuar assim. Ou nos separamos, ou você realiza esse desejo que me agrada. Talvez gostemos, talvez não, mas vamos poder conviver e colaborar sem tantas ansiedades.

– Não é apropriado um mestre e uma discípula... – Começou a responder, desanimado.

– Em geral, é uma boa norma – interrompi –, mas toda regra tem exceções. Nosso caso é diferente. Nenhum de nós está em posição de coagir ou iludir o outro. Sua consciência é um livro aberto para mim. Você sabe como eu sou sincera, devota e livre e nossa querida Chiuknawat vê melhor do que ninguém. Por que não a consulta?

Há um meio pelo qual qualquer sacerdote pleno da nossa deusa pode aconselhar-se com ela. Todos eles levam um colar de conchas. Basta concentrar-se em uma pergunta "sim ou não", abrir o colar, amarfanhá-lo e jogá-lo para o alto. Se caírem todas as conchas com a face côncava para cima, a resposta é "sim". Se caírem todas com a face convexa, é "não". Cada concha, alternadamente, para um lado e outro é "depende", um convite a reformular ou complementar a pergunta. Qualquer outro resultado indica que a deusa acha a questão irrelevante.

Anpu hesitou, incerto sobre incomodar a deusa com uma pergunta tão tola. Por fim, largou a prancheta e o cálamo, afastou-se, tirou o colar do pescoço e cumpriu o ritual. O colar caiu entre nós dois, todas as trinta e duas contas com a face côncava para cima.

– É, você tem razão. – Admitiu ele. Suspirou e descansou da longa luta com si mesmo.

– Que bom, Anpu-xin! – Avancei de joelhos, sentei-me com ele entre minhas pernas e o abracei como se deve com quem se ama. Roçamos rostos e peitos, nos acariciamos e ouvimos o coração um do outro até tirarmos o atraso. Beijei-o, lambi os dentões e o nariz e recebi sua linguona no rosto. Saquei o saiote, me deitei no grande couro peludo onde dormíamos e supliquei para ele me lamber onde quisesse, primeiro de costas, depois de bruços. Passou por toda parte antes de se concentrar na xoxota e então não parou até me fazer uivar como loba.

Tirou então o saiote e me virei para ver melhor. Um pinto grande, todo vermelho e pelado, que começava a pingar e tinha uma bolota na base.

– Posso chupar você? – Propus.

– Não! – Ofegou. – Se você me fizer isso, não vou conseguir meter.

– Tudo bem. Preciso ficar de quatro?

– Se você quiser, podemos tentar de outro jeito. – Ofereceu.

– É melhor, assim vou te ouvir, te ver, te agarrar e te comer melhor! – Lambi os lábios.

Ele se atrapalhou para encontrar o ângulo certo. Pus uma almofada de couro peludo debaixo da bunda e guiei o pinto para ele. Abraçamo-nos, ele me penetrou fundo e por um bom tempo pinoteou em frenesi, os pelos se esfregando no meu grelo e peitos, num ritmo de me tirar o fôlego. Gozei de novo. Então ele parou e fiquei arrepiada. Ao se excitar de verdade, a bolota cresceu a cada pulsação até ficar travada na minha xoxota, parecia que ia explodir. Deve ter ficado do tamanho de um punho. Anpu gemia e me lambia o rosto sem parar e senti-me preenchida no limite do possível. Eu tive contrações não por minha vontade, mas pela da minha buceta e do pinto-coração batendo dentro dela. Superexcitada, toquei meu grelo e bastou uma leve carícia com a ponta do dedo para ter orgasmos seguidos e um leve desmaio.

Afastamo-nos um pouco a olhar a cara embasbacada um do outro. Da base do seu caralho saía uma base flexível como um cordão umbilical de mais de um palmo de comprimento que nos dava certa liberdade para variar de posição, mas o principal continuava metido e travado em mim como se nossos órgãos tivessem se fundido sem remédio. A pulsação continuava excitante e deliciosa e a cada pequeno intervalo um espasmo mais forte produzia um jatinho quente, um gemido ou uivo de cada um de nós e um ou mais gozos compartilhados.

– Quanto tempo pode durar? – Perguntei, deitada de lado e arquejante, não para reclamar.

– E se fosse para sempre? – Balbuciou, língua de fora, cabeça apoiada no braço.

–Olha... gostei da ideia. Mas imagine a cara das pessoas ao nos verem sair à rua, comer, conversar com elas... Uh, lá vamos nós de novo! – Mordi o travesseiro em consideração ao sono dos vizinhos e espirrei porrinha no tapete de pele dos nossos anfitriões.

Ficamos muito, mas muito tempo assim, falando besteira e submissos aos caprichos insanos da criatura formada por nossos genitais entrelaçados que a cada tantas pulsações nos anulava qualquer pretensão a sermos animais racionais. Até eu sentir o inchaço começar a diminuir, os surtos ficarem menos fortes e ele tirar o pau de mim. Eu estava exausta, mas ele se ajoelhou para lamber a mistura de secreções a me escorrer da buceta, produto de sei lá quantos orgasmos meus e dele. Tive mais um e caí no sono. Na manhã seguinte, precisamos limpar a sujeira, mas valeu a pena. Daí em diante, relacionamo-nos bem melhor. Circularam piadas sobre o lobo mau e a menina de saiotinho vermelho, mas pouco nos importou.

Quanto às fêmeas, é bem mais simples. Para um homem penetrá-las, precisa de um pouco de habilidade devido à forma peculiar da vagina. Com ela de quatro, o melhor é entrar por trás, em ângulo quase vertical, para depois endireitar. O grelo fica dentro, numa posição fácil de alcançar com o pinto ou o dedo, mas difícil para uma língua humana. Ela não vai exigir uma trepada tão longa quanto um lupino lhe poderia proporcionar, mas se não estiver disposto a lamber-lhe a buceta antes e depois até ela gozar, é melhor nem tentar.

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